O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse hoje (6) que o Brasil tem condições de atravessar com tranquilidade o momento incerto da economia mundial.
Segundo ele, o cenário internacional está atualmente mais conturbado, mas o BC está tranquilo e é preciso olhar para o longo prazo.
“Temos uma posição bastante sólida, condições externas sólidas, volume de reservas bastante grande. Navegamos numa crise sem ter que subir juros. Muitos países tiveram que subir juros. Então acho que o Brasil está bastante sólido neste sentido. Estamos tranquilos para navegar nesse momento mais incerto pela frente”, disse em abertura de evento organizado pelo jornal Correio Braziliense, para debater sobre a redução de juros no país.
Campos Neto disse que a guerra comercial teve várias fases, sendo que na primeira a expectativa era que o aumento de tarifas aumentasse a inflação no mundo. Entretanto, disse ele, isso não aconteceu. Pelo contrário, houve queda nos índices de preços e revisões para as estimativas de crescimento da economia.
“Quando olhamos países da América Latina, todos eles revisaram o crescimento para baixo mais ou menos igual ao que o Brasil revisou. Então essa história de que o Brasil revisou crescimento porque o governo frustrou, porque as reformas não andaram nada… Na verdade teve um componente grande que foi global. É difícil precificar [qual o peso exato do fator externo na revisão do crescimento da economia brasileira]. O Brasil é relativamente fechado, mas a realidade é que grande parte foi global”, disse. Ele acrescentou que há países que continuam a reduzir a previsão para crescimento da economia, enquanto o Brasil já parou.
Ontem, o Ministério do Comércio da China anunciou que empresas do país suspenderam a compra de produtos agrícolas dos Estados Unidos. A medida foi uma resposta ao anúncio do presidente americano, Donald Trump, sobre novas taxas a importações chinesas. O conflito comercial entre os dois países afeta o mercado financeiro no Brasil e no mundo.
Inflação
No evento, Campos Neto disse ainda que eventual frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação. Entretanto, ele enfatizou que as reformas ainda estão em andamento e o BC espera por continuidade “no processo de reformas”.
“A mãe das reformas é a da Previdência, mas esperamos que elas continuem, trabalhamos com este cenário”.
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Edição: Valéria Aguiar