Na última semana, os 3,5 milhões de alunos da rede estadual de ensino voltaram às aulas. Parte desses estudantes depende de um transporte especial para chegar às escolas. É isso que faz o Ligado, serviço prestado pela EMTU/SP que dispõe de veículos totalmente adaptados para transportar com conforto e segurança crianças e adolescentes com deficiência.
Atualmente 534 vans transportam 5.100 passageiros (incluindo acompanhantes) entre as casas dos estudantes e quase mil escolas e instituições credenciadas pela Secretaria de Estado da Educação (SEE) nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas. Para melhorar a gestão e operação desse transporte, a EMTU/SP desenvolveu o aplicativo Ligado Operador. A ferramenta permite o acompanhamento da operação em tempo real, com informações da localização dos veículos, registro de embarque e desembarque das crianças e o horário inicial e final de cada viagem.
Disponível para Android e iOS, também possibilita que o motorista saiba antecipadamente se o aluno vai faltar (caso os pais avisem por meio da central de atendimento ou via e-mail) e assim altere o itinerário para buscar outros estudantes. Com a ferramenta, a EMTU/SP também pode enviar mensagens aos operadores das vans.
Integrado à plataforma tecnológica eSEC, compartilhada entre a EMTU/SP e a Secretaria da Educação desde 2014, o app possui interface simples e objetiva para facilitar o uso durante a operação. Por meio de ícones, o motorista fica sabendo com antecedência se o passageiro é cadeirante, se possui acompanhante e até a data em que comemora aniversário.
Por enquanto, o aplicativo está disponível apenas para operadores do serviço e técnicos da EMTU/SP como ferramenta interna de gerenciamento, mas ajuda a tornar melhor o transporte para quem precisa.
A certeza de que seu filho com deficiência intelectual, Wellington Silva Cavalcante, de 11 anos, está em boas mãos tranquiliza Genilda Santana Silva. Eles moram na Vila Heliópolis, em São Paulo. No período da tarde, o Ligado busca Wellington na escola e o leva ao Centro para Criança e Adolescente (CCA), no mesmo bairro. Genilda trabalha como doméstica e conta que o Ligado é importante para sua família. “O serviço faz toda a diferença no meu dia a dia. O carro leva e trás o meu filho com toda segurança que precisa.”
Para a dona de casa Francisca de Souza Leite, que mora em Santo André, esse transporte também é essencial. Sua filha Mayra Nunes, de 14 anos, é cadeirante e tem deficiência intelectual e Francisca ainda cuida de outro filho de seis anos de idade. “Sem o Serviço Ligado eu não teria como levar a minha filha para a escola. Frequentar as aulas é a oportunidade para ela se socializar”, diz.
Desenvolvimento
O app Ligado Operador ficou entre os dez finalistas do Prêmio Melhores Práticas de Mobilidade 2019, organizado pela Divisão América Latina da União Internacional dos Transportes Públicos (UITP) em junho deste ano em Estocolmo, na Suécia.
O aplicativo foi desenvolvido pela EMTU/SP em quatro meses e 1.200 pessoas, entre operadores e monitores, foram treinadas para utilizar o aplicativo. O app começou a operar em abril do ano passado e desde então vem sendo aprimorado com novas soluções. São registrados atualmente mais de 12 mil acessos diários.
A criação do aplicativo foi proposta durante a 1ª Hackathona Metropolitana EMTU-Metra, realizada em 2017, pelo grupo Computer Society, formado pelos estudantes Carlos Henrique Torres Silva, Gustavo Murayama, Lucas Tornai de Carvalho e Renan Henrique Gomes Damazio Assunção. A ideia foi levada adiante e desenvolvida pela área de Tecnologia da Informação (TI) da EMTU/SP.
Hoje engenheiro de dados, Lucas Carvalho explicou que aquela foi sua primeira experiência em uma hackathona e ficou satisfeito em saber do desenvolvimento do app. “Achei legal porque o trabalho que a gente fez não foi em vão”.
Sobre o Ligado
Para solicitar o atendimento pelo Ligado, é necessário que o responsável pelo aluno contate a escola, a Diretoria Regional de Ensino ou Secretaria de Estado da Educação para efetuar o cadastro.
Em 2018, o Ligado transportou aproximadamente 6.000 passageiros, sendo 4.500 somente em São Paulo.
As vans utilizadas no serviço passam por inspeções rigorosas a cada seis meses. Os operadores devem ser credenciados junto à Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos e passam por curso voltado ao transporte de crianças com deficiência e mobilidade reduzida, aplicado por instituições credenciadas pelos órgãos de trânsito e transporte.