A Bacia do Rio Araguaia é um dos maiores patrimônios ambientais existentes no Brasil e banha quatro estados brasileiros. Tem uma extensão de 2.115 km, com destaque nas áreas ecológica, turística, cultural e socioeconômica. Porém, nos últimos anos esta riqueza natural brasileira tem sofrido com os resultados das mudanças climáticas, desmatamento, assoreamentos, entre outras ações de degradação.
Com a intenção de reverter esse processo, os governos Federal, Estadual e Municipal se uniram para realizar o projeto Juntos pelo Araguaia, que tem como objetivo a recuperação das áreas degradadas por meio da recomposição florestal, conservação do solo e água. As ações contam principalmente com o engajamento das pessoas, em especial, dos produtores rurais e lideranças comunitárias, além dos moradores que também vivem à beira do rio.
“A lógica de um programa de recomposição florestal e revitalização da bacia tem sua centralidade focada no produtor rural. Ele não é apenas o produtor de alimento, mas o produtor de serviços ecossistêmicos”, afirma Luiz Cláudio, presidente do Instituto Espinhaço, que idealizou o projeto.
Inicialmente. o Instituto Espinhaço fez um acordo de cooperação com o Governo de Goiás para elaborar o projeto. Na sequência, o governo de Goiás convocou o governo de Mato Grosso, que também aderiu ao acordo de cooperação, cujo objeto era construir todo arcabouço teórico e metodológico para conceituar esse programa
A ideia é que os produtores sejam parte ativa do processo, ao participarem de encontros para troca de experiências, ao compartilharem informações, fazendo parte de uma rede de cooperação.
Recuperação
Inicialmente, por meio do termo de cooperação assinado no último dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, em evento realizado em Aragarças (GO), serão recuperados 10 mil hectares – sendo 5 mil hectares no lado goiano e mais 5 mil hectares no lado mato-grossense.
“O projeto prevê um espelhamento das áreas a serem revitalizadas, mas o objetivo principal é recuperar áreas de preservação permanente e áreas comprometidas com processo erosivo de voçorocas porque estas áreas têm causado a degradação e o comprometimento da navegabilidade do Rio Araguaia”, explicou a secretária de Meio Ambiente do MT, Maureen Lazaretti.
A secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás, Andréa Vulcanis, completa: “Nós temos um solo muito frágil, um problema grave no rio, de assoreamento, de modo que as intervenções aqui nas cabeceiras do rio são fundamentais para que essa beleza ambiental continue existindo”.
Segundo Luiz Cláudio, este será o maior desafio ambiental que o Brasil irá realizar. “Isso é a maior estrutura produtiva de espécies florestais nativas, a maior estrutura de sementes nativas, a maior estrutura de arranjo territorial para colocar um programa dessa envergadura em pé. E, naturalmente, que a presença do Governo Federal, apoiando isso de uma forma bem próxima é fundamental para que o programa Juntos pelo Araguaia tenha condição efetiva de se viabilizar”.
Para viabilizar a realização do projeto executivo do Juntos pelo Araguaia, os governos de Goiás e de Mato Grosso buscam apoio financeiro de organizações nacionais e internacionais e terão apoio do Ministério do Desenvolvimento Regional. Quando o projeto já estiver em execução, o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro possibilitará a aplicação dos recursos obtidos por meio do pagamento de multas ambientais nas ações do projeto. Serão cerca de 100 milhões de reais, via Ministério do Meio Ambiente, por meio da conversão de multas.