Idealizado para proporcionar a inclusão de alunos neurodivergentes por meio da arte, o projeto “Fazendo Arte na Escola”, desenvolvido na Escola Estadual de Tempo Integral (EETI) Marquês de Santa Cruz, no bairro do São Raimundo, zona oeste de Manaus, alcança a mais de 25 alunos de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. No Dia do Artista Pintor, comemorado nesta sexta-feira (05/05), a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar destaca esta prática pedagógica da unidade de ensino.
O “Fazendo Arte na Escola”, que funciona de segunda a sexta na unidade de ensino, promove o aprendizado de técnicas de desenho por meio da matemática, com formas geométricas. O professor e idealizador do projeto, Marlan Vanderlei, que também ministra a disciplina de Matemática, explica que pensou na iniciativa após notar o aumento do número de alunos neurodivergentes nas salas de aula.
“Depois da pandemia, observei um aumento significativo de alunos depressivos, ansiosos ou com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em minhas turmas. Na maioria das vezes, eles possuem dificuldades de relacionamento. Por isso busquei, por meio da matemática, integrar esses estudantes de maneira mais prazerosa”.
O professor destaca que a multidisciplinaridade da iniciativa é baseada no método de mediação da aprendizagem.
“O projeto também é fruto das minhas pesquisas de mestrado, onde trabalho com teorias do Socioconstrutivismo, de Vygotsky, e a Teoria da Aprendizagem Significativa, de Ausubel. Dessa maneira, proporcionamos um processo mais inclusivo”, finalizou Marlan Vanderlei.
Artes, sonhos e expressão
Para o estudante Pedro Guilherme, de 12 anos, que cursa o 7º ano do Ensino Fundamental, o projeto o auxiliou a expressar melhor seus sentimentos junto aos colegas.
“Para aqueles que têm ansiedade, depressão, a arte está sempre para ajudar, porque nos expressamos por meio dela. Quando estou no projeto, sinto alegria. A arte me trouxe vontade de viver mais, de aprender coisas novas. Quero levar comigo para sempre”.
Já para o Júlio Cesar, aluno do 6º ano e diagnosticado com TDAH, o projeto fez com que a pintura fosse um dos momentos mais alegres dele na escola. O estudante também compartilhou que o seu sonho agora é se tornar desenhista profissional.
“Eu não sabia desenhar, brincava com meus amigos de desenhar, mas não sabia. Hoje, uma das coisas que mais gosto de fazer é isso, minhas pinturas, brincar com arte. O meu favorito até agora foi um que fizemos com triângulos, o professor Marlan estava nos mostrando formas geométricas. Tenho vontade, agora, de ser desenhista profissional, ser pintor.”
Museu Artístico
De acordo com o gestor da unidade, Crisanto Damião, o futuro do projeto é a criação de um museu artístico na unidade de ensino. Com a exposição das artes dos alunos por toda a EETI Marquês de Santa Cruz. O objetivo é deixar um legado para as próximas gerações do colégio.
“Já mapeamos a estrutura da escola e iremos expor, em pontos estratégicos, a arte dos nossos alunos, tanto do projeto, como do nosso tradicional Festival Folclórico Marquesiano, que já vai para a 49ª edição. Queremos que seja aberto a toda comunidade escolar, com visitações pelas obras”, explicou o gestor.
A EETI Marquês de Santa Cruz atende a mais de 350 alunos da rede estadual, do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental.
FOTOS: Euzivaldo Queiroz/ Secretaria de Estado de Educação e Desporto