De março a dezembro, foram realizados procedimentos bilaterais e unilaterais de forma gratuita pelo SUS, no Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz
O Governo do Amazonas realizou, neste sábado (23/12), o 28º implante coclear no estado, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).O procedimento foi realizado no Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz, unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), em uma mulher que recebeu um implante unilateral.
A unidade é a primeira da rede pública a ser capacitada para a realização deste tipo de procedimento, que já existe na rede particular desde 2008, por cumprir as exigências da Saúde.
“A alta complexidade sempre foi uma meta nossa, e o governador Wilson Lima, com muita sensibilidade, nos permitiu avançar nesse projeto. E hoje, completamos 28 cirurgias de implante coclear, e nossa equipe está para justamente fazer mudanças e os avanços que vão melhorar a vida dos amazonenses”, afirmou o secretário de saúde, Anoar Samad.
O procedimento foi realizado pelos médicos, otorrinolaringologistas, Luiz Avelino Jr, e o coordenador da cirurgia de implante coclear no Delphina Aziz, Arthur Castilho.
“Essa é uma cirurgia relativamente simples, que demora mais ou menos 40 minutos a uma hora de cirurgia para colocar o eletrodo dentro da cóclea. E depois dessa fase vem a ativação desse implante coclear e depois vem o processo longo de reabilitação”.
O médico ainda destacou a importância do diagnóstico precoce para o tratamento da perda de audição.
“Quanto mais precoce fazemos o diagnóstico da perda de audição, mais rápido conseguimos atuar para reabilitar essa pessoa. A parte da cirurgia, de onde vem a indicação cirúrgica, o implante coclear e a prótese ancorada no osso, são mecanismos que a gente consegue ajudar a pessoa a desenvolver a audição de quem nasceu surda ou de pré-lingual ou de pós-lingual”.
O médico Arthur Castilho, enfatizou sobre o trabalho do Governo do Estado nesse segmento da saúde na vida da população.
“Um estado tão grande como o Amazonas agora tem esse tratamento importante, e isso é uma grande iniciativa da secretaria de saúde, que vai atender muitos pacientes, e muitos mais vão vir ano que vem, e isso impede que os pacientes daqui de nossa cidade tenham que viajar para outros estados”.
Transformação de vida
A paciente, Jéssica Fernanda Morais Avelar, 33, nasceu prematura, descobriu a perda auditiva aos 3 anos e, desde os 5, usa aparelho auditivo. Sua perda foi progredindo e atualmente não apresenta mais ganho com aparelho tradicional.
Há duas semanas, Jéssica se formou em medicina veterinária. Para ela, a cirurgia representou uma nova etapa em sua vida.
“É uma esperança, e era um sonho desde criança. Está sendo uma transformação pra mim, e me sinto nova mulher, pois está sendo tudo novo pra mim”.
A tia de Jéssica, a autônoma Luciana Avelar, 42, expressou gratidão por esse sonho realizado na vida de sua sobrinha.
“Estou feliz em saber que, daqui a algum tempo, ela vai ouvir e vai poder ser ouvida. Agradeço a Deus e a todas as pessoas que contribuíram para que ela pudesse hoje estar realizando um sonho, que é voltar a ouvir”.
Outras duas pacientes também receberam implante coclear, neste sábado, sendo uma mulher de 48 anos, unilateral, e uma adolescente de 17 anos, bilateral.
Histórico
Desde março, quando iniciaram os procedimentos no Hospital Delphina Aziz, 19 pessoas, sendo 12 adultos; 5 crianças e duas adolescentes, receberam implantes até dezembro deste ano, entre procedimentos bilaterais (quando recebem nos dois ouvidos) e unilaterais (em um só ouvido) de forma gratuita pelo SUS.
A cirurgia é considerada de alta complexidade por necessitar de uma rede de diagnósticos e um hospital capacitado com equipamentos especializados na área, e uma equipe grande de acompanhamento para que o paciente receba apoio para o resto da vida, seja para manutenção do aparelho ou para ajustes de reabilitação auditiva e oral.
Procedimento cirúrgico
Os implantes cocleares são indicados para pessoas com perda auditiva neurossensorial severa à profunda. A prioridade para a realização de um implante coclear é para pacientes que nascem com perda total de audição, e que tenham até quatro anos de idade para que seja aproveitada a janela de aquisição de linguagem oral que é desenvolvida neste período da vida.
Nos casos de pacientes com idade adulta, que perderam a audição gradativamente e que já utilizam o método comum, com uso do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), não há uma idade limite para a recomendação do procedimento, desde que sejam avaliados e se encaixem nos padrões previamente analisados por médicos especialistas, e seja identificado que o aparelho tradicional não oferece mais ganho de audição para a pessoa que a utiliza.
A cirurgia consiste em uma incisão atrás da orelha para acessar a cóclea, porção da orelha interna responsável pela audição. Por uma pequena abertura, é implantado um feixe de eletrodos junto ao nervo auditivo e fixado um receptor (antena) no crânio do paciente. Como a cóclea não varia de tamanho ao longo da vida, não será preciso trocar a unidade interna. Com isso, o procedimento é realizado uma única vez, sem a necessidade de ser refeito ao longo da vida.
O paciente recebe alta médica no mesmo dia e precisa retornar para retirada dos pontos e avaliação clínica após sete dias. No primeiro mês o paciente será acompanhado de maneira mais próxima para garantir que a recuperação e cicatrização tenha sucesso.
Além da cirurgia de implante coclear, outro procedimento inédito pela rede pública na área de otorrinolaringologia começou a ser realizado na unidade, em setembro deste ano, a Mastoidectomia Bilateral/ Implante de Prótese Auditiva Ancorada no Osso (PAAO).