Mosaicos com curvas sinuosas, que lembram o banzeiro, as ondas dos rios, são encontradas no complexo turístico Ponta Negra, zona Oeste, ampliando a beleza das tradicionais pedras portuguesas que compõem o calçadão, uma logomarca do parque. Os desenhos sinuosos feitos de pedras naturais e que deixam o solo permeável, repetem suavemente as ondulações na água quando o rio Negro se movimenta.
A Prefeitura de Manaus, via Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), já fez a manutenção de 3.360 metros quadrados das pedras neste ano, até março, com recomposição do piso, uma média de 45 metros quadrados a 60 metros quadrados por dia.
O trabalho manual e delicado é realizado diariamente. A recomposição é feita de forma manual para restaurar áreas do grande calçadão onde as rochas de calcário e basalto portugueses acabam se deslocando no piso, sendo repostas uma a uma. Por ser mais rústico e com formas orgânicas, o piso traz um sentimento de memória afetiva.
A manutenção tem supervisão da comissão do parque. O espaço ainda passa por serviços de manutenção no prédio administrativo; recuperação e pintura de bancos; reconstrução e pintura de meio-fio; reconstrução de cinco canteiros de árvores; pintura e manutenção nos equipamentos, limpeza geral e retirada de entulhos.
“Os serviços de manutenção, determinados pelo prefeito David Almeida, são necessários e realizados periodicamente no espaço, deixando o parque público ordenado e com os cuidados preventivos e de correção”, explicou o diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente.
Desenhos
Se na Europa o desenho das ondas simboliza o encontro das águas doces do rio Tejo com as águas salgadas do Oceano Atlântico, em Portugal, no Amazonas ele remete ao Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões, que não se misturam.
E o calçadão que se estende por quase 5 quilômetros traz os desenhos em pedras portuguesas em preto e branco, semelhante aos que foram usados pelo paisagista e arquiteto Burle Max em obras pelo Brasil, usando o padrão de ondas de praças em Lisboa.
O desenho sinuoso é o mesmo da praça de São Sebastião, no centro de Manaus, que foi copiado e aplicado no calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde se tornou mundialmente famoso.
As pedras portuguesas apareceram primeiro em calçadas de Manaus, no largo São Sebastião, em frente ao Teatro Amazonas, entre 1901 e 1905. No Rio de Janeiro, onde os mosaicos se tornaram bastante comuns, alguns são herança do período em que a cidade era a sede do Império.
História
A calçada portuguesa teve o seu início em meados do século 19. Com uma tecnologia de construção e uma herança semelhante aos mosaicos romanos, a calçada é o tipo de pavimento mais usado em espaços públicos e principalmente em passeios, não só em Portugal, mas também em países lusófonos (ex-colônias portuguesas, como o Brasil).
A primeira vez que se tem conhecimento da sua aplicação foi em 1842, na cidade de Lisboa. O primeiro desenho a ser reproduzido foi um “zig zag”.
A calçada portuguesa resulta do acumular e conjugar de pedras de pequenas dimensões e formas irregulares, que são calcetadas, incluindo alguns padrões decorativos. Os tipos de pedra mais utilizados são o calcário e o basalto, sendo as cores mais vistas o branco e o preto.
— — —
Texto – Claudia do Valle / Implurb
Fotos – Elton Viana/ Semcom