Os golpistas conseguem ludibriar os consumidores alterando o URL dos sites, para que fique semelhante ao de empresas notoriamente conhecidas
Com a chegada das festas de fim de ano, muitas pessoas estão em busca de presentes e viagens para aproveitar o período festivo. O comércio eletrônico é o mais procurado devido à facilidade e praticidade em comprar de casa, o que pode ocasionar um crescimento dos crimes cibernéticos ligados a sites fraudulentos, se a vítima não estiver atenta ao que está acessando.
O delegado Antônio Rondon, titular da Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Cibernéticos (Dercc), da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), informa que uma das principais formas de fraudes cibernéticas é a manipulação do Uniform Resource Locator (URL) – endereço eletrônico que permite que o site ou blog seja encontrado na internet –, para que o link fique semelhante ao de empresas notoriamente conhecidas.
“Devido os golpistas criarem um endereço semelhante ao original, o comprador não se atenta a esses detalhes e não percebe que desde o início está em um site fraudulento. Desta forma, as vítimas acabam efetuando as compras sem saber que estão sendo ludibriadas. Por isso, antes de fazer qualquer compra, o consumidor precisa ter certeza de que está navegando no site verdadeiro, verificando se há o cadeado ao lado do link do site e se a URL consiste na empresa a qual você acredita estar navegando”, contou.
Conforme o delegado, outra prática comum é quando os infratores encaminham mensagens para as vítimas, comunicando que foi aprovada uma compra em seu cartão de crédito, junto a um link que o consumidor deve acessar para reconhecer a compra.
“Eles também enviam um número de telefone para que a vítima entre em contato, no entanto quem atende são os próprios criminosos, utilizando-se de uma linguagem técnica para ludibriar o consumidor. Ocorre que se a vítima acessar o link ou entrar em contato com o número, os golpistas conseguem ter acesso ao dispositivo móvel de quem está do outro lado”, falou.
Ainda segundo o titular da Dercc, uma característica muito evidente dos crimes cibernéticos é de que os autores desses delitos não estão localizados no Amazonas. Um monitoramento feito pelos policiais civis da unidade especializada aponta que 98% dos golpistas estão fora do estado.
“Para investigarmos este tipo de prática, contamos com o apoio das Polícias Civis de outros estados, de maneira que os indivíduos possam ser identificados e o crime seja esclarecido”, relatou.
Casos
Conforme pesquisas realizadas em torno dos dados disponibilizados pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), nos últimos três meses o Amazonas teve 985 casos de estelionato na internet.
A acadêmica de fisioterapia Ana Luiza Araújo, 22, relata que estava procurando por um novo smartphone na internet, quando encontrou um site que oferecia um modelo de última geração a um preço abaixo do valor de mercado. Ela efetuou o pagamento pelo produto, porém nunca o recebeu.
“Tentei entrar em contato diversas vezes com a suposta loja, não obtive sucesso. Então descobri que, infelizmente, o site era fraudulento. Perdi uma quantia significativa em dinheiro, mas serve de aprendizado, pois agora eu sei a importância de verificar a autenticidade dos sites antes de efetuar uma compra online”, relatou.
Orientações
Antônio Rondon destaca a importância dos cuidados que a população deve ter ao pesquisar produtos pela internet e efetuar a compra, especialmente neste período de fim de ano, que terá uma grande movimentação de acesso em sites.
“Sempre desconfie de propostas em que o produto está com o preço muito abaixo do valor de mercado, esse é o primeiro sinal que a vítima tem que se preocupar. Se você está negociando com uma empresa, ao fechar sua compra, verifique se esse pagamento está vinculado ao Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Caso o pix ou pagamento esteja sendo direcionado à uma pessoa física, desconfie, pesquise e se informe”, salientou.
O delegado enfatiza, ainda, que a vítima não deve confiar em mensagens de remetentes que ela não conhece, independentemente da plataforma em que ela é encaminhada. E caso o golpe seja consumado, o consumidor precisa procurar a unidade policial mais próxima para registrar a ocorrência.
“Se a vítima tiver tido um prejuízo financeiro, a instituição responsável só consegue dar início no processo de tentativa de restituição do valor, mediante o registro do Boletim de Ocorrência (BO). Posterior a isso, a equipe policial deverá começar as investigações para solucionar o caso”, ressaltou.
Registro de ocorrência
O Boletim de Ocorrência pode ser registrado nas unidades policiais mais próximas da vítima, que também tem a Delegacia Virtual nas palmas de suas mãos por meio do link: https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/.
Caso prefira, o consumidor também pode comparecer à Dercc, instalada nas dependências da Delegacia Geral, na avenida Pedro Teixeira, bairro Dom Pedro, zona centro-oeste.