FOTOS: Divulgação/SeapAs atividades proporcionadas pelo programa de ressocialização Trabalhando a Liberdade, da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), continuam dando bons frutos dentro do sistema prisional. Por meio da chance promovida pelo programa, do qual participa há um ano, o reeducando José (nome fictício) pôde encontrar na arte a chance para o seu recomeço, sendo hoje um dos principais responsáveis pela pintura de quadros e confecção de peças que compõem a ornamentação natalina do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj).
Há 16 minutos
Por Agência Amazonas
Há 12 anos no sistema prisional, apenado participante do programa de ressocialização encontrou na arte a chance de recomeçar
“Essa é uma das oportunidades que estou tendo para sair daqui como uma pessoa melhor. Eu gosto de pintar e gosto de desenhar, então o diretor ficou sabendo e foi aí que ele me disponibilizou essa chance para estar desenvolvendo a pintura desses quadros”, conta.
Natural do município de Carauari, interior do Amazonas, e cumprindo pena há 12 anos no Compaj, José pôde se reinventar dentro do sistema prisional ao encontrar um novo sentido para a sua vida por meio da pintura. A partir da atividade, ele desenvolveu uma nova profissão e um novo caminho rumo a sua ressocialização. Atualmente, José está à frente da equipe de artistas que já realizaram a pintura de 17 quadros natalinos dispostos pelos corredores e salas da unidade prisional.
“Comecei a pintar para valer agora neste ano, e tudo o que eu sei sobre a área eu aprendi aqui dentro. Quando entrei no programa eu tive a oportunidade de desenvolver ainda mais as técnicas que já conhecia e pude colocar em prática tudo o que aprendi no decorrer dos anos”, declara.
Antes de entrar para o sistema, o reeducando trabalhava como pescador, profissão que adquiriu de família. As técnicas e o gosto pela arte vieram no cumprimento da pena.
Propagando o conhecimento – Na equipe de José, estão outros seis reeducandos do Compaj, também participantes do Trabalhando a Liberdade. Eles trabalham diariamente na pintura dos quadros e recebem aulas do companheiro, com quem aprendem novas técnicas e obtêm conhecimento. Um deles, Luiz (nome fictício) falou sobre a importância da atividade.
O objetivo de José agora é levar a nova profissão para além dos muros. “Quando sair daqui pretendo continuar na área da pintura e espero ter apoio suficiente para isso, pois para mim, pintar esses quadros agora significam tudo, porque a arte nesse momento é tudo o que eu tenho e tudo o que mais gosto de fazer”, afirma.
Benefícios – O diretor do Compaj, Felipe Abreu, destacou os benefícios do trabalho.
“Estar aqui é muito bom, porque o meu colega tem a paciência de nos ensinar muito bem. Eu já sabia desenhar lá fora, mas nunca tinha feito um quadro, e agora estou aqui desenvolvendo minha primeira arte. Eu desenhei e pintei, mas as técnicas quem me ensinou foi ele; as sombras, os contornos, todos esses detalhes foram com ele”, afirma.
Remição de pena – Os detentos que integram o Trabalhando a Liberdade podem diminuir um dia de suas penas a cada três dias trabalhados, conforme prevê a Lei de Execução Penal (LEP), Lei nº 7.210/1984.
“Hoje temos aqui na unidade um interno que já tem o dom da pintura, realizando o desenvolvimento de quadros de altíssima qualidade, um artista completo. Porém o mais importante foi conseguir multiplicar esse conhecimento, no qual, presos que nunca pintaram nada, estão totalmente motivados por aprenderem algo tão valioso em uma data especial como Natal”, observou.