O deputado estadual Wilker Barreto (sem partido) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) desta quinta-feira (7), para repercutir o anúncio do Governo do Estado em utilizar, pela primeira vez, o pleno funcionamento do Hospital e Pronto Socorro (HPS) Delphina Aziz. Para o parlamentar, a informação do Executivo, durante o lançamento dos programas Examina+, Consulta+ e Opera+ na última terça-feira (5), confirma que a unidade hospitalar não operou em sua totalidade durante a pandemia de Covid-19 no Amazonas e isto custou muitas vidas.
“Isso é um reconhecimento cabal de que o governo brincou com as vidas do povo do Amazonas. Um ano e meio depois da pior crise da saúde e do colapso que passou o Amazonas, o governador anuncia que o Delphina vai funcionar 100% pela primeira vez. E aí, volto para a reflexão dos inúmeros apelos e pronunciamentos de matérias tristes e de caráter nacional que mostraram milhões gastos com hospital de campanha, mortes de amazonenses sem leitos, hospitais superlotados e a crise do oxigênio”, disse Wilker em seu pronunciamento na tribuna da Casa Legislativa.
Barreto aproveitou para reforçar a investigação da CPI da Saúde, instalada na Casa Legislativa em maio de 2020, que constatou que o Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), Organização Social (OS) que gerencia o hospital, recebeu, de abril a dezembro de 2019, aproximadamente R$ 76 milhões para operar com 100% de sua estrutura, mas funcionou apenas com 37% da sua capacidade, o que equivale a uma diferença de R$ 42 milhões. Tais gastos foram denunciados pelo Ministério Público de Contas (MPC-AM) e pelo próprio deputado.
“Só para reavivar a memória, quem atestou que o Delphina não funcionou foi a CPI da Saúde desta Casa. E o dinheiro para trás, como fica? O que eu quero é que o Delphina e a OS devolvam mais de R$ 40 milhões do que recebeu e não prestou. Eu não sou contra o projeto, sou a favor porque o hospital precisa funcionar em sua plenitude, mas a mesma OS que vai operar agora é a mesma que tem que devolver o dinheiro do contribuinte”, finalizou Wilker.
Denúncias
A primeira visita de fiscalização do parlamentar no Delphina, em 30 de agosto de 2019, constatou que apenas 37% da unidade de saúde estava funcionando. O saldo ‘negativo’ naquela época foi 175 leitos inativos, 9 salas cirúrgicas sem funcionar, falta de medicamentos e insumos simples, como fios de suturas, colchonetes, macas, entre outras. Além disso, apenas duas das 11 salas cirúrgicas estavam funcionando, deixando de realizar 1.300 cirurgias por mês.