Para detectar novos casos de hanseníase em Manaus, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) tem organizado visitas técnicas às Unidades Básicas de Saúde Rural (UBSRs), com ações de treinamento em serviço no atendimento de casos suspeitos, de integração das equipes de saúde e reorganização dos fluxos para o atendimento aos pacientes, assim como palestras voltadas à comunidade.
A ação já foi realizada em quatro UBSRs, na área rural fluvial e terrestre, com a identificação de dois novos casos de hanseníase, sendo os primeiros registrados neste ano pela Semsa na zona rural de Manaus.
De acordo com a chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, enfermeira Ingrid Simone Alves dos Santos, as visitas técnicas são uma das estratégias da Prefeitura de Manaus para reforçar o diagnóstico de novos casos de hanseníase.
“Desde o início da pandemia da Covid-19, com as pessoas procurando menos os serviços de saúde para evitar o risco de contágio pelo novo coronavírus, a Semsa tem registrado uma redução no número de diagnósticos de hanseníase. É uma situação que causa preocupação nos serviços da Saúde por ser indicação de uma provável subnotificação de casos. Sem um diagnóstico precoce, não é possível iniciar o tratamento, quebrar a cadeia de transmissão ou evitar as deformidades causadas pela hanseníase”, afirmou Ingrid Santos.
Casos
No ano de 2019, Manaus registrou 126 novos casos de hanseníase e no ano de 2020 foram 72 novos casos. Já neste ano, foram notificados 26 novos diagnósticos da doença.
“A pandemia da Covid-19 pode ser considerada um dos motivos para a redução de notificação de novos casos da doença, mas a equipe técnica da Semsa tem feito uma avaliação na rede de atendimento para fortalecer os processos de trabalho, qualificando as informações dos profissionais de saúde sobre como identificar um caso suspeito de hanseníase”, destacou Ingrid Santos.
Exame
A identificação de casos de hanseníase é feita pelo exame de pele e de nervos. Na fase inicial da doença, os sintomas são caracterizados por lesões na pele que causam diminuição ou ausência de sensibilidade ou lesões dormentes, não apresentando dor ou coceira. Em estágios mais avançados pode apresentar edema de mãos e pés, febre, dor na articulação, ressecamento dos olhos, nódulos dolorosos, mal-estar geral, dor ou espessamento dos nervos periféricos, principalmente nos olhos, nas mãos e nos pés, e a diminuição ou perda de força nos músculos, inclusive nas pálpebras.
Na atividade realizada nesta quarta-feira, 9/6, na UBSR São Pedro, localizada no Km 25, da rodovia AM–010 (Manaus-Itacoatiara), profissionais do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa realizaram trabalho de educação em saúde e orientaram a equipe de saúde sobre realização da triagem dermatológica, testes de sensibilidade (térmica, dolorosa e tátil), levantamento do histórico de contatos do paciente que estão em tratamento pela doença ou já foram tratados, além do fluxo de atendimento do caso suspeito, incluindo a coleta de material para o exame.
Durante a programação, a médica dermatologista Rosa Batista Corrêa, que integra a equipe do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, destacou que é importante, de forma contínua, reforçar o treinamento das equipes, o que inclui todos os profissionais que atuam na unidade de saúde.
Segundo ela, nas ações realizadas em quatro UBSR, foram identificados dois casos novos de hanseníase, um caso com paciente ainda no estágio inicial da doença e um segundo caso em grau avançado, com lesões na pele, dez nervos afetados, já apresentando dores, alteração de sensibilidade e perda da força muscular nos braços e nas pernas, mas ainda sem ter sequelas permanentes.
Procurando atendimento odontológico na UBSR São Pedro, a dona de casa Ana de Oliveira, 21 anos, moradora da comunidade Santa Fé, acompanhou a palestra sobre hanseníase e declarou que as orientações são importantes para a população.
“Eu não conhecia esse nome da hanseníase, mas entendi que é uma doença grave, então é importante esclarecer para que a gente possa ficar sabendo caso tenha algum sintoma na pele”, afirmou.
Transmissão
Os primeiros sintomas de hanseníase podem surgir entre dois e sete anos após o contágio da doença, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae).
A transmissão ocorre por contato, familiar ou social, íntimo e prolongado, com pessoa doente sem tratamento, que elimina o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros.
O diagnóstico para a hanseníase é clínico, epidemiológico ou laboratorial, e a doença tem cura, com um tratamento que dura de seis até 12 meses. As medicações são distribuídas de forma gratuita e disponibilizadas para o paciente na unidade em que faz acompanhamento.
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Texto – Eurivânia Galúcio / Semsa
Foto – Divulgação / Semsa