Por muitos anos considerado uma máquina de fazer prêmios no Festival de Teatro da Amazônia, conquistando 43, Douglas compila os textos de suas obras encenadas no Brasil e em Portugal, além de outra inédita.
Para o evento, 100 convidados entre associações culturais, órgãos públicos, artistas, jornalistas e personalidades estarão presentes e, na ocasião, assistirão a performances da Associação Cultural Arte e Fato, com artistas que participaram das obras encenadas por Douglas e, também, um pocket-show da cantora Márcia Siqueira.
“Essa compilação cênica representa a consolidação em livro do trabalho dramatúrgico do Douglas Rodrigues, ao mesmo tempo em que dará perenidade à sua criação, e principalmente estará mais próxima dos leitores”, assinala o diretor-presidente da Manauscult, Alonso Oliveira, sobre a relevância da obra para a prática teatral em Manaus.
A publicação da trilogia “O outro entre nós”, com apresentações de Robério Braga, Sérgio Cardoso e Zeudi Souza, define a relação do artista Douglas Rodrigues na busca incessante da cena contemporânea para suas obras, estimulando construções participativas, colaborativas e artesanais, durante o processo criativo dos próprios espetáculos.
Criação
Os processos criativos de Douglas, utilizando fatos históricos da Amazônia com os fios condutores de uma escrita contemporânea, o levam a esse lugar de escritor para o teatro. “Esse é o momento de dialogar experiências minhas como encenador fazendo com que esse diálogo como diretor, ator e dramaturgo se concretize de forma tênue, como exercício inevitável para o artista pesquisador, amparando histórias e novas dramaturgias, em busca de uma linguagem pessoal, com o experimento estético que difunde as transformações do homem amazônida, entre as décadas de 50 e 70, de acordo com estudos etnológicos e etnográficos, iniciados na Universidade Federal do Amazonas enquanto acadêmico de Filosofia, anos atrás”, informa.
Duas peças dessa trilogia foram várias vezes premiadas, “A estrada” e “Flecha Borboleta”, com temporadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Portugal, respectivamente. A inédita “Casa d’água” tem convite para virar roteiro de cinema, e já está registrada na Biblioteca Nacional.
Escrita em 2014, a obra “A Estrada” é uma tragédia baseada em relatos reais de sobreviventes do massacre na aldeia waimiri-atroari durante a construção da BR–174 (Manaus – Boa Vista) em meio ao regime militar no Brasil. Já o épico da floresta “Flecha Borboleta”, escrita em 2017, é inspirado na ópera “Madame Buterfly”, de Giacomo Puccini, e narra perigosas consequências do amor entre uma índia arqueira e o expedicionário americano, dialogando com o massacre de Haximu, julgado pela justiça brasileira no qual os réus foram condenados por genocídio. Baseado em invasões científicas nas aldeias yanomami, no Norte do Amazonas. Por fim, o drama inédito “Casa d’água” foi escrito para o cinema e conta a história de uma casa, que flutua na enchente histórica do rio Amazonas em 1954, com uma filha, mãe e um homem encurralados pelas paredes frias e molhadas, com relatos e depoimentos de mulheres violentadas, alicerçando a construção do roteiro cinematográfico.
Trilogia
O projeto conta com o apoio da Prefeitura de Manaus, por meio da Manauscult, com o Concurso-prêmio Manaus de Conexões Culturais – Lei Aldir Blanc (Teatro) e da editora Amazônia Et Al. Os interessados em adquirir o livro, podem contactar pelo número de WhatsApp (92) 99331-7090.
Temas como progresso, barbárie, batalhas entre índios e invasores, violência, alteridade, choques culturais, abusos sexuais e identidade étnica são abordados na trilogia, distanciando o folclore ingênuo do olhar romântico europeu.
Texto – Divulgação / Manauscult
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Foto – Divulgação / Manauscult
Prefeitura de Manaus promove o lançamento do livro ‘O outro entre nós’ Prefeitura Municipal de Manaus.