A Prefeitura de Manaus enfatiza seu compromisso com a prevenção ao suicídio e valorização da vida, divulgando os serviços que compõem a Rede de Atenção Psicossocial do município neste Setembro Amarelo, mês dedicado ao tema. Além das unidades que fazem parte da rede de Atenção Primária em Saúde (APS), como as unidades básicas, há também oferta de assistência especializada em saúde mental, por meio de policlínicas e dos quatro Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
Esses pontos de atenção contam com equipes multidisciplinares formadas por psicólogos, médicos, enfermeiros, assistentes sociais, profissionais de educação física, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos, nutricionistas e outros, que realizam atividades em grupo e individualizadas, com o objetivo de acolher, ofertar tratamento e orientar os usuários que mostram sinais de sofrimento psíquico.
Em Manaus, a Atenção Primária de Saúde, gerenciada pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), registrou 8.522 atendimentos relacionados à ansiedade, depressão e alterações do sono no ano de 2020. São números que representam 171% de incremento nos atendimentos relacionados ao ano de 2019. De janeiro a junho deste ano, o órgão de saúde registrou 7.111 atendimentos de usuários com sinais de depressão e alterações do sono.
A titular da Semsa, Shádia Fraxe, analisa que a crise sanitária mundial causada pela disseminação do novo coronavírus afetou a saúde mental das pessoas. Segundo ela, o distanciamento social, uma das recomendações para evitar a propagação da Covid-19, somado à instabilidade econômica, perda de parentes e amigos, aumentaram os sentimentos de incerteza, medo e insegurança.
“Por isso, a rede pública de saúde de Manaus tem um olhar muito sensível a quem apresenta sinais de depressão e mudanças bruscas de comportamento. As pessoas estão vivendo momentos muito desafiadores e estão se sentindo mais frágeis, o que pode contribuir para o aparecimento de depressão ou outras formas de sofrimento, que podem resultar em ideação suicida. Nosso compromisso é discutir o tema, para sensibilizar sobre a importância do tratamento”, acentua.
A psicóloga Hillene Freitas, da Gerência da Rede de Atenção Psicossocial da Semsa, reforça que o sofrimento emocional resulta dos vários aspectos, que atravessam o contexto pandêmico, como as inúmeras perdas e instabilidade vivenciadas pela população, o que favorece o desenvolvimento de quadros de estresse, ansiedade e depressão, que se manifestaram, inclusive, nos profissionais da linha de frente no enfrentamento à pandemia da Covid-19, como os trabalhadores da saúde e da segurança, que ficaram expostos ao desenvolvimento de agravos psicossociais.
“No entanto, apesar de percebermos um aumento significativo de procura por atenção em saúde mental nos últimos meses nos serviços da rede municipal de saúde, as estatísticas sobre suicídio nos anos de 2020 e 2021 se mantêm estáveis. Mesmo assim, devemos observar mudanças em outros indicadores sociodemográficos e de saúde impactados pelo adoecimento psíquico, como os aumentos no consumo de medicamentos, afastamentos do trabalho por motivos de doença, separações, divórcios, violência familiar, evasão escolar e dependência química”, acentua.
Serviços de apoio
A procura por ajuda especializada pode ser viabilizada pelos serviços que compõem a rede municipal de saúde. Além disso, a rede de apoio social, formada pela comunidade, por amigos e familiares, é um potente fator de proteção à saúde mental e prevenção ao suicídio, sendo altamente recomendado que as pessoas estejam conectadas e disponíveis umas às outras, mantendo vínculos sociais e cuidando da saúde mental.
“Sentimentos como pessimismo, perdas e incertezas, quando evoluem para uma depressão, podem desencadear uma ideação suicida. Daí a necessidade de uma intervenção rápida. A rede de atenção primária disponibiliza atendimento por meio dos Caps, para que o tratamento seja iniciado. Mas parentes e amigos podem contribuir dando apoio, acompanhando o usuário nas consultas e reforçando que há tratamento para essa condição”, acentua.
Sinais
A depressão é uma condição psiquiátrica, caracterizada por um conjunto de sintomas, e costuma não apresentar causa aparente. O maior problema está em não reconhecer os sintomas e sinais da depressão, o que leva o paciente a demorar na busca pelo tratamento adequado, gerando agravos importantes ao quadro.
“Ao mesmo tempo, é preciso levar em consideração que se a pessoa apresenta um estado de desânimo causado por um evento significativo recente, como o término de um relacionamento ou a morte de um parente, é provável que esteja sofrendo de uma tristeza passageira, e não uma depressão”, esclarece a psicóloga.
Hillene Freitas, orienta que, para que uma pessoa com depressão não seja confundida com alguém que esteja manifestando uma tristeza profunda, algumas alterações em seu comportamento podem servir de alerta como alterações no sono (ficar sem dormir por horas seguidas à noite ou dormir demais durante o dia), sensação de desesperança, solidão e desamparo, irritação e mau humor sem razões aparentes, dificuldade de concentração numa atividade profissional ou de lazer, como assistir a um filme ou ler um livro, confusão mental, ter somente pensamentos negativos, achar que não vale a pena viver por não encontrar sentido nas coisas e se e sentir incapaz de realizar, raciocinar e agir, são indícios importantes.
Mas o diagnóstico só pode ser dado por um profissional de saúde. Portanto, ao suspeitar de depressão, a conduta correta é procurar o quanto antes o auxílio de um profissional. “Quanto mais cedo você diagnosticar, mais fácil e eficaz será o tratamento”, reforça.
Serviços
Em casos de tentativa de suicídio, o paciente deve ser encaminhado a um serviço de urgência (SPA ou hospital), a fim de receber atendimento imediato. Uma vez estabilizado o quadro clínico, o usuário deverá dirigir-se a um dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), conforme faixa etária. Nessas unidades, a pessoa passa por acolhimento com um profissional (Terapeuta de Referência) para definir o tipo de atendimento mais adequado para cada caso.
A partir daí, é construído juntamente com o paciente ou familiar o Projeto Terapêutico Singular (PTS), no qual constará a frequência e as atividades terapêuticas realizadas por uma equipe multidisciplinar, composta por: médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, farmacêuticos, profissional da educação física, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, dentre outros.
O atendimento poderá ser individual ou em grupo. Independentemente da complexidade do problema, os serviços dos Caps preveem um plano de ação personalizado, que tem como objetivo o acolhimento imediato a fim de auxiliar na melhora dos sintomas.
Procura espontânea
O atendimento nos Caps poderá ocorrer a partir da procura espontânea do próprio paciente ou familiar, não havendo necessidade de agendamento para o primeiro atendimento. Ou seja, a demanda é livre. Há também a possibilidade de encaminhamento por parte de profissionais dos serviços de urgência e cada caso deve ser avaliado pela equipe que o atenderá.
Nessas unidades o tratamento é aberto, não há internação, ou qualquer outro procedimento contra a vontade do usuário. Trata-se de um serviço de portas abertas, tanto para a entrada quanto para a permanência, definida a partir da contratualidade no momento do acolhimento. As unidades funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, para usuários que procuram o serviço pela primeira vez.
Unidades de atendimento psicossocial do município
(Adultos com transtornos mentais graves e persistentes)
Caps III Benjamim Matias Fernandes
Telefone – 98842-7414
Avenida Maneca Marques, nº 1.916 – Parque 10 de Novembro
Acolhimento (Primeiro atendimento) – segunda a sexta 8h às 18h
(Adultos com problemas decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas)
Caps AD III Dr. Afrânio Soares
Telefone – 98842-6663
Avenida Ephigênio Salles, nº 5, conjunto Jardim Espanha – Aleixo
Acolhimento (Primeiro atendimento) – segunda a sexta 8h às 18h
Avenida Adolfo Ducke, nº 1.221, conjunto Acariquara – Coroado
Capsi Leste (Crianças e adolescentes com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas e/ou com transtornos mentais e/ou autismo)
Funcionamento – segunda a sexta 7h às 17h
Telefone – 98842-4272
Capsi Sul (Crianças e adolescentes com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas e/ou com transtornos mentais e/ou autismo)
Telefone – 98842-5899
Rua Santa Catarina, nº 3 – Parque das Laranjeiras
A Prefeitura de Manaus dispõe também de unidades com atendimento psicológico, que funcionam com agendamento prévio
Policlínica Dr. José Antônio da Silva
Rua Aroeira, nº 55 – Monte das Oliveiras
Avenida Grande Circular, nº 1.665 – Monte Sião
Policlínica Ana Barreto
Policlínica Castelo Branco
Rua do Comércio, nº 42 – Parque 10 de Novembro
Rua J, Etapa B, s/nº – São José II
Policlínica Comandante Telles
Policlínica Djalma Batista
Rua 23 de Dezembro, s/nº – Compensa II
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Fotos – Camila Batista / Semsa
Texto – Tânia Brandão / Semsa
Prefeitura de Manaus disponibiliza rede de apoio a pessoas em sofrimento psíquico Prefeitura Municipal de Manaus.