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Por Agência Amazonas
O projeto atende hoje cerca de 350 pacientes LGBTQIA+ com serviços diversos de saúde
FOTOS: Islânia Lima/Policlínica Codajás
Em alusão aos quatro anos do Ambulatório de Diversidade Sexual e Gênero da Policlínica Codajás, foi realizado nesta quinta-feira (14/10), o evento “Saúde LGBTQIA+ e processo transexualizador no Amazonas – passado, presente e os desafios do futuro”.
O Ambulatório de Diversidade Sexual e Gênero da Policlínica Codajás é um serviço da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), do Governo do Amazonas, realizado em parceria com Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com consultas que acontecem dentro das instalações da Policlínica Codajás.
A Secretária Executiva de Assistência da Capital na SES-AM, Monica Melo enfatizou que o evento proporciona visibilidade aos projetos e processos de trabalhos organizados pelo Governo do Estado, Secretaria de Saúde e Policlínica Codajás. “Isso também dá a eles e elas a garantia do acesso. Por meio dessa ação mostramos para a sociedade que aqui existe um trabalho e que ele ou ela pode procurar a qualquer hora que precisar, além de claro, reconhecer o trabalho que esta equipe está designada para trabalhar a questão de sexualidade”, disse.
Obedecendo todos os protocolos contra a Covid-19, o evento com vagas limitadas, ocorreu no auditório Raimunda de Souza Mendes, da unidade de saúde e contou com palestras de ministrantes do ambulatório e convidados, além da apresentação de um breve histórico sobre o ambulatório, depoimento de pacientes e apresentações culturais.
O paciente trans Ruan Gomes, de 24 anos conta que o ambulatório mudou a vida dele há exatos um ano, quando foi indicado por outro especialista a conhecer a unidade de saúde especializada no processo transxesualizador. “Aqui tenho um local especial, um atendimento humano e que realmente mudou toda a minha vida. Estou muito feliz sendo atendido com esta equipe multi de profissionais e tendo a certeza que consigo ser quem sou, com todo respeito. Por isso, fiz questão de vir contar minha história para inspirar outras pessoas”, declarou.
Dentro da programação a coordenadora do ambulatório, médica ginecologista Dra. Dária Neves, fez uma apresentação “Passado 25” com os principais marcos da história do Ambulatório através de registros fotográficos. No segundo bloco, o tema “PRESENTE – #Eufaçopartedestahistória” – trouxe narrativas dos usuários com antes e depois do serviço, impacto na vida deles e expectativas.
No terceiro bloco aconteceu a palestra “A Importância do Acolhimento no Sistema Único de Saúde (SUS), promoção de direitos e fluxo do serviço, a importância do uso do nome social e como isto a afeta a procura pela atenção e cuidado das pessoas LGBTQIA+ e a LGBTfobia no serviço de saúde, com os convidados.
No quarto bloco, o evento recebeu a coordenadora da Saúde LGBTQIA+ do Estado do Amazonas, Vivian Marangoni para falar sobre habilitação do Ambulatório, distribuição de hormônios, cirurgias no processo Transexualizador no Amazonas.
O diretor geral da Policlínica Codajás, o fisioterapeuta Ráiner Figueiredo destacou a importância do ambulatório e do trabalho que é exercido por todos. “São quatro anos de luta por uma causa tão nobre, no qual faço parte também, bem como o governo, SES, UEA, as médicas co- fundadoras, Dária e Jenniffer com uma linda história de luta em prol de um bem maior. Isso nos proporciona a certeza de que dias melhores podem acontecer para todos, com um Sus humanizado e que tem esse olhar especial para a categoria LGBTQia+. Parabéns a todos envolvidos”, destacou.
No último bloco do evento, aconteceu a palestra sobre o fortalecimento do ambulatório como Centro de pesquisas e estudo sobre gênero. Referência para capacitação a outros profissionais de saúde, com a participação da médica Dária Neves e advogado do ambulatório, Denison Melo de Aguiar.
Ao final, foi realizada a doação de roupas, adereços para os convidados, além dos parabéns com todos os presentes, entrega de brindes com direito a um lanche especial.
Sobre o ambulatório
Criado em setembro de 2017 com 24 pacientes, o projeto “Processo Transsexualizador” hoje atende 350 pacientes fixos, que recebem atendimento e acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, formada por enfermeiras, assistentes sociais, psicólogos, ginecologistas, fonoaudiólogos, endócrinos e entre outras especialidades.
Em 2018, o atendimento se expandiu para 59 pessoas. Já em 2019 foram 79 pacientes. Em 2020 mesmo com as dificuldades da pandemia da Covid-19 e seguindo todos os protocolos de segurança, o número saltou para 116 atendimentos.
Acolhimento
Entre os atendimentos prestados, na equipe de enfermagem o paciente recebe toda orientação para tramitação do nome social, descrito no cartão do Sistema Único de Saúde (SUS). Na psicologia, o paciente tem consultas individuais e personalizadas. Já no setor de ginecologia, endocrinologia e fonoaudiólogo, o paciente recebe consulta para realizar o manejo hormonal e acompanhamento da mudança de voz.
O paciente tem o acompanhamento da harmonização, que dura em média dois anos, com exames clínicos e consultas, contribuindo assim, com a melhoria da saúde mental dessas pessoas.