Comunidade ribeirinha localizada no município de Iranduba, a Ilha do Baixio foi a terceira comunidade contemplada, na última segunda-feira (24/05), pela ação humanitária coordenada pelo Governo do Amazonas, via Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas), em conjunto com a instituição sem fins lucrativos Parceiros Brilhantes. O foco é a segurança alimentar e a prevenção ao contágio da Covid-19
Durante a agenda emergencial de enfrentamento aos efeitos socioeconômicos da cheia histórica, técnicos da Seas e voluntários da ONG atenderam 70 famílias, com a doação de cestas básicas. A garantia da segurança alimentar e nutricional das pessoas em situação de vulnerabilidade é a pauta determinada pelo governador Wilson Lima e envolve todas as secretarias da área social.
Segundo a secretária Alessandra Campêlo, a ação humanitária também distribuiu kits de higiene pessoal – inclusive absorventes para as mulheres ribeirinhas -, água mineral e equipamentos de proteção individual (máscaras, luvas e toucas), para manutenção da prevenção ao contágio da Covid-19, diante do cenário de calamidade pública provocada pela enchente dos rios da região.
O presidente da Associação Comunitária da Ilha do Baixio, Nei Santos, disse que 70% dos moradores foram atingidos pela cheia. O prejuízo é incalculável, uma vez que a comunidade é uma das maiores produtoras de hortaliças de Iranduba, e os agricultores estão sem renda há aproximadamente três meses.
“A gente agradece de coração ao Governo do Estado do Amazonas e aos Parceiros Brilhantes, que estão nos trazendo essa ajuda. Estamos passando um momento muito difícil, pois essa aqui para nós já é a maior cheia da história. A maioria das casas está alagada e os agricultores sem renda alguma”, disse Nei.
Vida sobre uma canoa
A dona de casa Raimunda Varela de Souza, 55, viu sua casa praticamente ser tomada pelas águas do rio Solimões. Ela vive praticamente sobre uma canoa, transporte adaptado para ficar de casa em casa procurando um abrigo. Além de ter perdido a renda e o plantio que ajudava no sustento; a própria vida e a das aves da sua pequena criação estão sob ameaça de cobras. A falta de consciência dos pilotos dos barcos que causam banzeiros é outro problema enfrentado pela comunidade.
“Nós estamos enfrentando uma barra muito difícil, vocês chegaram numa boa hora, porque o pessoal estava, bem dizer, pedindo quase esmola, sabe. De vez em quando a gente mata cobra dentro de casa mesmo, e ninguém não tinha nada aqui, nem para ajudar uns aos outros”, contou dona Raimunda, que não tinha nem café para o dia. As cestas básicas chegaram para minimizar o drama.
Impacto social
Depois de Manacapuru, Iranduba foi o segundo município contemplado pela articulação entre a Seas e os Parceiros Brilhantes – Itacoatiara e Lábrea também deverão ser visitados nos próximos dias. Segundo a representante da ONG, Mayara Brilhante, a instituição trabalha com três causas prioritárias: direitos humanos, meio ambiente e situação de emergência. Em torno de mil famílias devem ser beneficiadas pela campanha #SOSCheiaNoAM, liderada pelos Parceiros Brilhantes.
“Essa parceria com a Seas está sendo muito importante. Nós temos os insumos, mas não tínhamos a logística, então a Seas nos ajudou e está ajudando a direcionar todos esses itens essenciais, neste momento de cheia e pandemia, a quatro municípios que nós definimos. Parcerias como essa são muito importantes para que a gente consiga atender as pessoas de forma mais assertiva; e ajudar quem mais precisa nesse momento”, enfatizou Mayara.
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Por Agência Amazonas
Foto: Miguel Almeida/Seas