Um dos destaques desse crescimento é o distrito de Santo Antônio do Matupi, no município de Manicoré, sul do Amazonas. Lá, o rebanho saltou de 134 mil para 165 mil bovídeos de um semestre para outro. “Com certeza um dos fatores que contribuíram para isso foi a conquista do status sanitário, que trouxe uma nova visão para os produtores da região e despertou o interesse também de gente de outros estados”, observa o gerente da Unidade Local de Sanidade Animal e Vegetal (Ulsav) de Santo Antônio do Matupi, André Paranhos.12:27 – 04/02/2021
FOTOS: Divulgação/Adaf
O Amazonas registrou um aumento de 9,5% no rebanho cadastrado junto à Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Adaf) no fim de 2020, em comparação com o primeiro semestre do ano passado, chegando a um total de 1.721.303 animais. O incremento é reflexo do reconhecimento nacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação, status alcançado em agosto por 13 municípios amazonenses que compõem o Bloco 1 do plano estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (Pnefa).
Um dos produtores da área é o paranaense José Carlos da Silva, que mora há 40 anos no Matupi. Dono de duas propriedades, cria aproximadamente 3 mil cabeças de gado. A produção é voltada para o corte e escoada para vários municípios, como Humaitá, Manicoré e, principalmente, Manaus. “Tenho visto muita diferença no último ano, com a retirada da vacinação para febre aftosa. Aumentou muito o número de compradores de gado que estão vindo de outros estados. Isso é muito bom pra gente”, afirma.
Ele destaca que o escritório local atende, atualmente, 847 propriedades rurais, sendo 753 na região do Matupi e 94 no município de Novo Aripuanã. “Temos aqui uma predominância de animais de corte. Cerca de 20% da produção são referentes a rebanho leiteiro”, explica.
“O aumento do rebanho bovídeo do Amazonas representa uma maior possibilidade de oferta de proteína animal à população, bem como o estímulo de uma pecuária sustentável, fazendo com que os nossos pecuaristas possam investir em tecnologia e, nas mesmas áreas, possam criar um número maior de animais, garantindo o aumento da produtividade do nosso rebanho”, observa.
O diretor-presidente da Adaf, Alexandre Araújo, destaca que a conquista do status sanitário de zona livre de febre aftosa sem vacinação por 13 municípios amazonenses, que detêm mais de 1 milhão de cabeças de bovídeos, é fruto do trabalho persistente dos produtores rurais e também de investimentos do Governo do Estado na estruturação do serviço de defesa agropecuária.
No Amazonas, o Bloco I detém mais de 65% do rebanho do estado e é composto pelos municípios de Apuí, Boca do Acre, Canutama, Humaitá, Lábrea, Manicoré, Novo Aripuanã, Pauini, Guajará, Envira, Eirunepé, Ipixuna, Itamarati e parte de Tapauá.
Reconhecimento – Reconhecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio de instrução normativa publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 14 de agosto de 2020, o status sanitário de zona livre de febre aftosa sem vacinação potencializou a ampliação de mercado para pecuaristas de 13 municípios amazonenses e parte de Tapauá ao torná-los aptos a comercializar bovinos e bubalinos para todos os estados do Brasil, exceto Santa Catarina, que exige o reconhecimento internacional.
Nesses locais, a Adaf realizou, nos últimos anos, ações para a obtenção do status sanitário, como estudos de rota de trânsito de animais, para que fossem criados os pontos de implantação das barreiras sanitárias, de forma a identificar por onde poderiam ingressar animais vacinados dentro do bloco. Também foram realizados projetos para aquisição de estrutura e reuniões com os produtores para falar sobre o processo.