De acordo com Ednea, o estudo aponta que muitos subprodutos gerados pelo uso de frutos amazônicos têm potencial econômico e podem gerar receitas adicionais aos produtores e também auxiliar na saúde e longevidade humana.
Há 12 minutos
Por Agência Amazonas
“Desenvolvimento biotecnológico à base de resíduos do pó do guaraná e da semente do açaí”. Foto: Divulgação/FUnATI e Arquivo/FapeamResíduos do pó do guaraná e da semente do açaí são benéficos à cicatrização e favorecem a desaceleração do envelhecimento da pele, impactando diretamente na incidência e prevalência de feridas difíceis de cicatrizar. A constatação foi feita em pesquisa desenvolvida pela doutora Ednea Ribeiro, a partir de projeto apoiado e aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), intitulado “Desenvolvimento biotecnológico à base de resíduos do pó do guaraná e da semente do açaí”.
“Desenvolvimento biotecnológico à base de resíduos do pó do guaraná e da semente do açaí”. Foto: Divulgação/FUnATI e Arquivo/FapeamEstudos complementares
Conforme explicou Ednea, o efeito do extrato combinado guaraná-açaí foi avaliado em cultura de células da pele humana. Além disso, estudos complementares também foram conduzidos com óleos combinados e processados de copaíba e andiroba, que já são amplamente utilizados em preparações dermatocosméticas e que podem também ser utilizados junto ao extrato de guaraná e do açaí.
“A relevância está na necessidade de desenvolvermos produtos de origem vegetal com base na biodiversidade amazônica que sejam benéficos para a pele. O envelhecimento biológico tem um profundo impacto na pele, que é o maior órgão do nosso corpo. A pele é muito importante, porque, além de nos proteger contra os raios ultravioletas, evita infecções por microrganismos e também regula a nossa temperatura corporal, entre outras funções. O envelhecimento leva a uma desestruturação da pele, e com isto idosos acabam desenvolvendo uma série de disfunções, incluindo maior dificuldade de cicatrização e regeneração”, sintetizou a pesquisadora.
Metodologia
Para a realização da pesquisa foram feitas extrações e análises da composição química e principais características do extrato do guaraná e açaí. Também foram desenvolvidos estudos in vitro no qual as células da pele foram adquiridas comercialmente, cultivadas em laboratório e expostas a agentes aceleradores do envelhecimento. Além do mais, foram feitos testes no qual estas culturas foram rasgadas, mimetizando assim feridas ou lesões associadas a intervenções cirúrgicas, como explicou a pesquisadora.
“O conjunto dos resultados apontou que o extrato combinado dos frutos possui grande efeito cicatrizante, com potencial aplicação no tratamento de feridas crônicas e também da fibrose e cicatrizes patológicas (hipertróficas). Estes resultados são inovadores e abrem a possibilidade para o uso deste material, que hoje não tem valor econômico agregado, e é um problema ambiental no seu descarte pela indústria de cosméticos e dermatológicos”, alertou.
Parceiros
Segundo Ednea Ribeiro, a pesquisa foi desenvolvida em colaboração com pesquisadores do Laboratório de Biogenômica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e dos programas de Pós-Graduação em Cirurgia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), e ciências da saúde da UFSM. A pesquisa está ainda sendo implantada no NOVO laboratório da Fundação Universidade Aberta da terceira idade (FUnATI), denominado Gerontec, com inauguração prevista para novembro de 2021.
“O formulado à base dos resíduos do pó do guaraná e semente do açaí atuam na reversão do envelhecimento de células da pele, aumentando a viabilidade e a proliferação das células, além de modular a expressão de genes relacionados com a função da derme”, acrescentou.
Publicações
Grande parte dos resultados do estudo já foi publicada sob a forma de resumos em eventos científicos, artigos de jornais e revistas, entre eles o “Journal of Cosmetic Dermatology”, disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31343815/.
“No laboratório da FUnATI serão implantados estudos complementares ao projeto, a partir de testes do formulado na pele de adultos e idosos. Assim, em 2022, esperamos conseguir implantar esta segunda fase do nosso estudo, a ser realizada totalmente nas dependências da FUnATI aqui em Manaus”, comemorou Ednea.
O estudo acerca da combinação do efeito do extrato do guaraná e açaí na cicatrização testados em células humanas e em minhocas também está sob avaliação para a publicação na revista “Food Research Internacional”.
Outros resultados parciais foram publicados sob a forma de um capítulo em livro internacional também envolvendo o guaraná, denominado: “Analysis of the Effect of an Andiroba, Copaíba and Guaraná Combination on in Vitro and in Vivo Scar Models”. A Closer Look at Fibroblasts”, publicado em 2020 pela Nova Science Publishers, de Nova York. Resumos relacionados ao artigo foram ainda publicados em congressos nacionais e internacionais.
