A Escola do Legislativo Senador José Lindoso promoveu, na terça-feira (5), o webinário de Direitos Humanos “Segurança Alimentar e a influência da má alimentação para o futuro do Brasil”. O evento foi realizado no Auditório Cônego Azevedo e transmitido pelas mídias sociais da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Youtube, Facebook e Instagram.
A coordenadora e mediadora do webinário, Jacy Braga, explicou que a segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, e que este acesso tem sido limitado por alguns motivos, como o aumento da inflação. “É uma questão emergencial que existam políticas públicas que garantam o acesso alimentar mínimo para as famílias que estão na linha da miséria e estamos aqui, hoje, para compartilhar com a sociedade em geral a importância desse tema, porque a segurança alimentar tem tudo a ver com os direitos humanos”.
A doutora em Sociedade e Cultura na Amazônia, e pesquisadora do Conselho de Segurança Alimentar do Amazonas, Cinthya Martins, comentou que falar de fome, quer seja no Brasil ou especificamente no Amazonas, é debater sobre os direitos humanos, inclusive no direito ao acesso à comida de qualidade em sua mesa.
“Essa temática nos leva a discutir, de modo mais amplo, o retorno do nosso país ao mapa da fome. Podemos afirmar que há fome nosso país porque a comida virou mercadoria. Quando falamos em comida de verdade, nós nos referimos ao alimento bom e puro, livre de agrotóxicos, e vendido a um preço justo. Um alimento que não está nas prateleiras dos supermercados, repletos de conservantes e corantes, mas do alimento que vem da terra, das mãos e do suor do homem e da mulher que trabalham na agricultura familiar. A fome não é uma invenção política; ela é real e é desesperadora. Gera conflitos de ordem psíquica, biológica, social e política”.
Para o sociólogo Clodoaldo Pontes, membro do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, a fome no Amazonas existe e está nas comunidades mais descentralizadas. São famílias formadas por pessoas que estão passando pelo desemprego e que iniciam o dia sem ter qualquer alimento em suas casas. “Já estamos coletando e organizando dados para sabermos pontualmente onde estão as famílias que estão em estado de miséria no Amazonas e como poderemos lutar contra a fome, com a ajuda do governo. Precisamos de políticas e estratégias de combate à fome no Estado. Podemos assessorar o governo nesse sentido. Não podemos deixar que os maus hábitos alimentares e a fome comprometam o futuro de uma geração, que crescerá e permanecerá doente”.
Membro do Conselho Estadual de Segurança Alimentar, a professora e assistente social, Arlete Anchieta, lembrou que a alimentação é um direito da população e que a fome não deve ser vista como um fenômeno natural. “A alimentação, necessidade básica de todo ser humano, inserida na Carta dos Direitos Humanos de 1948.A importância de garantirmos o alimento nas mesas, tem a mesma importância de trabalharmos com os bons hábitos alimentares. Enquanto tiver uma pessoa com fome, todos nós temos que nos envergonhar de estarmos fazendo nossas refeições. A fome precisa ser discutida e precisa ser atacada”.
Arlete Anchieta enfatizou que a fome é um problema político e que a população, sociedade civil e Estado devem se comprometer contra essa realidade.