Uma parceria entre a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e o Fundo de População da Organização das Nações Unidas (UNFPA/ONU) está promovendo uma ação inédita de sororidade feminina e respeito ao meio ambiente no sistema prisional em Manaus. Uma linha de produção foi criada para a confecção de absorventes ecológicos, a serem doados a mulheres custodiadas, egressas, refugiadas e migrantes da Venezuela atendidas pelo Programa de Assistência Humanitária do UNFPA em Roraima e Amazonas.
Com o apoio da empresa terceirizada Reviver Administração Prisional Privada, uma capacitação de Corte e Costura, de carga horária de 96 horas, está sendo ministrada, desde a semana passada, no Centro Feminino de Educação e Capacitação (Cefec), no ramal do Km 08 da BR-174 (Manaus-Boa Vista), a 20 internas do regime fechado com o propósito de ensinar as principais técnicas para a produção de absorventes higiênicos. O curso faz parte do projeto Núcleo de Costura do programa de ressocialização da Seap, Trabalhando a Liberdade.
A expectativa é de que a produção dos 5 mil itens traga autossuficiência para o estabelecimento prisional, profissionalização às detentas e qualidade de vida às mulheres beneficiadas com a ação social.
“Essa é mais uma iniciativa entre o UNFPA e a Seap para a promoção dos direitos das mulheres em cumprimento de pena, e que beneficiará também mulheres refugiadas e migrantes atendidas em Roraima e no Amazonas com a doação de um item essencial à saúde menstrual, que é o absorvente reutilizável”, informa Débora Rodrigues, chefe de escritório do UNFPA em Manaus.
O diferencial desses absorventes íntimos é que eles são feitos 100% de panos e tecidos impermeáveis capazes de absorver todo tipo de líquido e fluido natural. Essa composição é o que os torna laváveis e reutilizáveis. Além disso, possuem um design confortável e seguro, que promete durar em média até 50 lavagens ou um ano.
A instrutora do curso, Eliete Bindá, fez um breve comparativo entre esse modelo e o descartável. “O absorvente descartável agride muito o meio ambiente. Demora mais de 100 anos para dissolver o sangue que fica petrificado dentro daquelas químicas, enquanto o absorvente de tecido não é assim, ele não fica nem com odor. É uma coisa muito prática e ecologicamente boa para as mulheres utilizarem”, destacou.
“Esse tipo de absorvente íntimo é mais seguro, prático e econômico, diferente dos descartáveis que possuem géis químicos nocivos à saúde feminina. O fato de ele ser reutilizável também é ótimo para o meio ambiente, já que diminui o lixo produzido no planeta”, concorda o secretário da Seap, coronel Vinícius Almeida.
Ao todo, a capacitação terá duração de quatro semanas, sendo as aulas teóricas e práticas realizadas às segundas, quartas e sextas-feiras. Os tecidos, aviamentos, parte do maquinário (uma reta industrial e cinco domésticas) e demais materiais necessários para a produção foram doados pelo próprio UNFPA. As máquinas, inclusive, são utilizadas desde a primeira parceria com o Fundo, firmada em julho do ano passado, na confecção de máscaras faciais descartáveis para proteção à Covid-19.
A reeducanda Thayná (nome fictício) menciona outros pontos positivos que a confecção dos itens traz. “O bom é que temos duas coisas que a gente ganha. A gente vai ganhar a remição (de pena) e a experiência que podemos levar lá para fora, para uma porta de emprego ou empreendedorismo próprio nosso”.
Remição pelo trabalho – A cada três dias de trabalho na linha de produção as internas podem diminuir um dia de sua pena, conforme determina a Lei de Execução Penal (LEP), Lei nº 7.210/1984.
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Por Agência Amazonas
FOTOS: Divulgação/Seap