Frente ao risco e à complexidade dessas ações, atuar nestas demandas exige uma série de treinamentos rigorosos para capacitar o bombeiro. Antes de operar em campo, o guerreiro deve ser habilitado em diversos cursos, entre os quais de Atendimento Pré-Hospitalar Básico (APH-B), Resposta a Emergências com Produtos Perigosos (REPP), Sistema de Comando de Incidente (SCI) e Análise de Risco Estrutural.
Ocorrências que envolvam desabamento de prédios, deslizamento de terras, pessoas soterradas ou desaparecidas em bueiros, são alguns exemplos dos chamados atendidos por profissionais de Busca e Resgate de Estruturas Colapsadas (Brec), do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM). A equipe especializada e reconhecida já atuou em casos de grande repercussão nacional.
O tenente Luiz Ricardo de Oliveira Albuquerque é um dos especialistas nesse tipo de trabalho e explica sobre os recursos que o militar deve ter para obter aprovação após a conclusão do treinamento.
O curso de especialização de Brec tem duração aproximada de 180 horas e é um requisito nestas ações que possuem particularidades como trabalho em ambientes confinados, com pouca ou nenhuma iluminação natural.
Instrumental
Atualmente, cerca de 50 bombeiros militares são especializados para agir em Buscas e Resgates de Estruturas Colapsadas. Os utensílios empregados nas ocorrências são chamados de Ferramenta de Equipamento e Acessório (FEA).
“O candidato deve fazer uma bateria de exames. A reprovação maior acontece durante o processo de seleção, pois o candidato é obrigado a estar em plena condição de saúde física e mental e não ter restrições alimentares”, narra o tenente.
Um dos materiais de grande porte explorados nesses resgates é a picareta, usada para realizar escavações nos casos de desabamentos. A torre de iluminação é empregada em atendimentos sem visualização adequada para permitir o trabalho dos bombeiros.
A lista de todos os acessórios aplicados durante as ações desse tipo conta com mais de duas dezenas de itens. Entre as ferramentas destacadas estão luva de couro, capacete, máscara, lanterna de cabeça, apito, óculos de proteção, pranchas e enxadas.
O deslizamento de terra que atingiu uma favela localizada no morro causou a morte de 267 pessoas. Dos 46 corpos encontrados, 21 foram recuperados através da equipe da Força Nacional, da qual os militares do Amazonas faziam parte.
Ocorrências fora do Amazonas
Bombeiros especializados do CBMAM já atuaram em ocorrências de repercussão nacional e em diversos estados e regiões do Brasil. Uma delas foi no desabamento do Morro do Bumba, em 2010, na cidade de Niterói (RJ). Para esta ação, quatro bombeiros do estado foram deslocados.
De acordo com o tenente Ricardo, na capital amazonense a demanda dessas ocorrências não é frequente devido a fatores geográficos. Mas ele reforça que, em caso de necessidade, o Amazonas conta com profissionais preparados.
Seis especialistas de Brec do Amazonas também participaram, em 2011, do grupo de profissionais que atuaram nas ações de salvamento após deslizamento de terra na cidade de Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. Os bombeiros ainda apoiaram a equipe da Força Nacional no resgate de vítimas no rompimento da barragem de Mundaú, no estado de Alagoas.
“No nosso estado a incidência não é grande, tendo em vista a geologia. Mas vale lembrar que já tivemos ocorrências de terremotos sobre nossa cidade, o que é preocupante, pois os prédios não são construídos com tecnologia contra terremotos”.
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Por Matheus Gil