O retorno das aulas presenciais nas escolas públicas do Estado dividiu opiniões entre os deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), nesta quarta-feira (26), quando aconteceram debates sobre os efeitos do retorno presencial, neste momento, e a relação com um possível aumento de casos de Covid-19 no Estado.
De iniciativa do deputado estadual Dermilson Chagas (Podemos) aconteceu Cessão de Tempo para o professor Lambert Melo, coordenador geral do Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom/Sindical), esclarecer os motivos sobre o porquê da categoria ser contrária ao retorno presencial das aulas na rede pública.
Segundo Lambert, os professores estão sob uma ameaça gravíssima de contaminação pelo coronavírus. Denunciou que a propaganda de segurança nas escolas não é verdade, pois nenhum protocolo de segurança pode evitar a contaminação, principalmente em relação ao distanciamento social entre as crianças e os jovens, durante as quatro horas nas escolas tradicionais e seis horas nas escolas de tempo integral. Explicou ainda que as janelas das escolas são basculantes travados e não há circulação de ar natural. “O transporte coletivo é outro perigo, pois é utilizado por professores e alunos, com aglomeração total, proliferando o vírus no caminho das escolas. É nesse contexto que querem obrigar os alunos e professores a estarem nas salas de aula”, argumentou.
Ele também lembrou que mesmo vacinados, muitos professores não estão totalmente imunizados, pois tomaram apenas a primeira dose da vacina. “A ciência atesta que a imunização de fato acontece 14 dias depois da segunda dose, que está marcada para agosto apenas. Só depois do dia 30 de agosto é que estaremos realmente imunizados e poderemos discutir as condições de um retorno presencial”, salientou.
Opiniões
Os deputados Delegado Péricles (PSL) e Carlinhos Bessa (PV) se manifestaram a favor do retorno presencial das aulas na rede pública. Bessa argumentou destacando o baixo rendimento escolar dos alunos, quando estão na forma online.
Ao se manifestar contrário ao retorno das aulas presenciais, o deputado estadual Wilker Barreto (Podemos) questionou o tratamento distinto, dispensado pela Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (Seduc), entre a rede de ensino na capital e no interior.
“Quero entender a estratégia da Seduc em retornar as aulas presenciais no interior, enquanto a capital permanece na modalidade on-line. Justamente no interior que não possui leitos de UTI, nem estrutura hospitalar para tratamento de Covid-19, o professor é obrigado a estar presencialmente na sala de aula? A grande maioria das crianças e adolescentes são assintomáticas e levam o vírus para suas casas. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta que um dos gatilhos da segunda onda foi justamente a volta às aulas, por isso vejo com temeridade este retorno presencial”, questionou.
O parlamentar solicitou que a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e a Fundação de Vigilância Sanitária (FVS) sejam convidadas a comparecerem à Assembleia para esclarecer por que as aulas voltaram no interior e não na capital.
Em seu pronunciamento, a deputada Nejmi Aziz (PSD) se posicionou também de forma contrária ao retorno presencial das aulas. “Prezo pela minha vida e acho que devemos prezar pela vida dos outros, por isso concordo com os deputados Wilker e Dermilson que os professores não devem retornar às salas de aula, enquanto não estiverem de fato imunizados”, afirmou.
Diretoria de Comunicação da Aleam