Um tiro no pé. Esse foi o resultado do pronunciamento do deputado estadual Dermilson Chagas (Podemos), na sessão de ontem (03/02) na Assembleia Legislativa do Amazonas. Em seu discurso sobre a angariação de recursos para o combate à Covid-19, o parlamentar sugeriu o uso de recursos das secretarias Estadual e Municipais de esporte e cultura por entender que, neste momento, são investimentos desnecessários.
O argumento de Dermilson foi questionado de pronto por entidades ligadas ao setor cultural. O movimento Mobiliza Cultura Amazonas divulgou um manifesto contra o deputado explicando que “os setores mais afetados por essa pandemia são ligados ao esporte e à cultura, pois com as restrições a essas atividades, foram logo suspensas e ainda não retornaram em sua plenitude. Estamos em casa, sem trabalho, sem renda!”, manifestaram-se os profissionais da área.
O documento enfatiza que “trabalhadores da cultura, principalmente os artistas, também estão em situação calamitosa, também estão adoecendo de Covid-19, também estão dependendo de campanhas solidárias para comprarem oxigênio, também estão morrendo”.
Ainda no manifesto, os artistas criticam o posicionamento equivocado de Dermilson Chagas e cobram que o deputado realmente exerça o seu papel como parlamentar, fazendo “proposição de ações aos trabalhadores em situação vulnerável, como é o caso dos trabalhadores das áreas de cultura e esportes; e sobretudo fazendo interlocução entre setores organizados da cultura e do esporte com as ações de governo. Mais trabalho e menos discurso, Deputado Dermilson Chagas!”, finalizam.
A Federação de Teatro do Amazonas (FETAM), publicou uma “Carta Aberta” à sociedade também criticando o posicionamento de Dermilson Chagas. “Tal afirmativa expõe a sua total falta de compreensão da importância da cultura, do turismo e do esporte para a economia do Amazonas. Estudiosos afirmam que, após a imunização, a mola propulsora da economia mundial vão ser a cultura e o turismo. Fortaleçam os setores da cultura e do turismo em vez de retirar o ínfimo recurso destinado a eles”, orienta o presidente da entidade, Francis Madson, que assina o documento.
A carta também sugere a Dermilson que, “ao adentrar nos debates sobre a economia da cultura, convide os artistas. Escute-os. Eles estão sensíveis atualmente, estão na luta e na gestão da crise junto às suas famílias, seus amigos e à sociedade Manauara”.
“Caso não haja diálogo, e se você insistir em usar a pandemia como palco de protagonismo como tem feito nos últimos tempos, procure um lugar onde isto faz sentido”, acusa Francis Madson.Após receber tantas críticas dos artistas amazonenses, o deputado Dermilson Chagas deve ter chegado à seguinte conclusão: “Devia ter ficado calado”!