Com a paralisação das atividades culturais em função da pandemia de Covid-19, o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas adotou uma série de medidas para minimizar os impactos econômicos e sociais para a classe artística amazonense.
Entre as iniciativas, destacam-se os editais de fomento para trabalhadores do setor e o lançamento de um Auxílio Estadual que contempla os profissionais da cultura. Em entrevista à Agência Amazonas, o titular da pasta, Marcos Apolo Muniz, falou da importância da cultura como instrumento de transformação social e destaca as iniciativas inéditas da atual gestão.
Confira a entrevista completa:
Agência Amazonas: O setor cultural foi muito afetado pela pandemia, não somente pela paralisação das suas atividades, mas também pela perda de grandes ícones da cultura amazonense, como Feliciano Lana, Zezinho Corrêa, Klinger Araújo, Paulinho Faria, entre outros. Como a Secretaria tem agido para dar assistência ao setor?
Marcos Apolo: Desde que começou a pandemia, o Governo do Estado do Amazonas vem implementando uma série de medidas para amenizar os impactos do coronavírus no setor cultural. E, certamente, os editais são uma das formas que vêm demonstrando isso.
No início da pandemia, nós lançamos um edital de conteúdo digital chamado “Fica na Rede Maninho”. Durante o ano, também prestamos uma série de auxílios para o setor cultural e, no final do ano, nós conseguimos operacionalizar a lei Aldir Blanc, com editais e auxílio emergencial.
Nós fomos o terceiro estado com melhor eficiência na execução do recurso e agora começamos uma nova etapa, como lançamento do auxílio emergencial para cultura, esporte e turismo.
“O edital permite que o artista possa ter acesso a recursos nesse momento tão difícil, mostrando o seu trabalho e fazendo aquilo que ele mais gosta”
AA: O Governo do Amazonas lançou recentemente um pacote de apoio à cultura e economia criativa, além de um auxílio para trabalhadores desse e outros setores. Essas ações reiteram o compromisso da atual gestão para minimizar os impactos da pandemia nessa cadeia produtiva?
MA: Sem dúvida nenhuma. O Auxílio Estadual mostra, acima de tudo, o nosso compromisso, mesmo com a não realização dos grandes eventos e com a impossibilidade de abrir os nossos espaços culturais, em assistir esse setor tão importante da sociedade, apoiando o cidadão que tem na cultura a sua profissão.
Isso reitera a forma como a gente vem dialogando com os movimentos culturais, o que tem permitido, inclusive, que a gente possa encontrar nesse coletivo o melhor caminho para dar esse auxílio com o devido apoio do Governo do Estado do Amazonas.
AA: Essas ações de assistência se somam às implementadas pela Lei Aldir Blanc, não é mesmo? Quantas pessoas foram contempladas aqui no Amazonas?
MA: Só no primeiro projeto que nós fizemos, que foi o “Fica na Rede Maninho”, nós contemplamos, duzentos e noventa projetos. Na Lei Aldir Blanc, já foram mais de oitocentos projetos. E a gente está falando aí de algo em torno de dezesseis mil pessoas beneficiadas diretamente, uma vez que um projeto, poucos deles, são feitos de forma solo.
Agora, com essa prorrogação para a realização dos eventos até o final de dezembro, que foi uma luta da nossa secretaria juntamente com o fórum nacional dos secretários, nós vamos poder ter esse recurso sendo executado no decorrer do ano.
AA: Como tem sido o diálogo com os municípios para fortalecer as ações culturais no interior? Quais avanços já podemos observar?
MA: Nós fizemos um edital chamado “Encontro das Artes”, onde 100% do recurso foi direcionado para o interior do estado, foram R$ 9 milhões destinados para o interior. Este ano, o Governo está lançando mais uma iniciativa, na ordem de R$ 3 milhões, onde os 61 municípios poderão conveniar com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e, assim, ter acesso aos recursos.
O Governador Wilson Lima nos orientou a fazer visitas a esses municípios para que possamos discutir a implementação de políticas públicas acima de tudo. Já fizemos visitas a alguns municípios, como Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Urucurituba, Silves e Itapiranga. Logo estaremos indo para a direção de Manacapuru, Anori e Novo Airão.
Estamos lançando o fórum permanente de secretários municipais de cultura, para que dessa forma possamos manter esse diálogo direto com todos para que, realmente, possamos permitir que todos os municípios se sintam assistidos pela nossa secretaria.
As ferramentas que nós utilizamos são não só os meios, como o WhatsApp, mas também o próprio centro de mídias da Seduc, que tem nos permitido realizar reuniões remotas, nos auxiliando assim a vencer esse grande desafio, que é o desafio da comunicação via internet no nosso Estado.
O próprio governador também nos orientou a democratizar e concretizar o Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro. Nós estamos gravando as aulas do Liceu para que possamos, em breve, disponibilizar aulas on-line para todo o estado do Amazonas.
AA: Secretário, o senhor possui especialização na Gestão e Produção de Eventos e uma ampla experiência coordenando grandes espetáculos da SEC, como o Festival de Ópera e Concerto de Natal, qual momento o senhor considera o mais marcante nesses quase 17 anos de envolvimento com a pasta?
MA: Eu acredito que eu posso trazer à memória um uma data bem recente, onde em uma dessas visitas aos municípios, nós ouvimos algumas vezes as pessoas dizendo que pela primeira vez viram ali um gestor dessa pasta chegar aquele município, falar sobre políticas públicas, tendo a possibilidade de ter acesso às informações e ter um diálogo mais direto conosco. Acredito que, para gente, em momentos como esse de pandemia, é o mais marcante.
AA: Para finalizar, agora sobre a missão pessoal do Marcos Apolo Muniz artista. Qual o sentido da cultura para você?
MA: Sem dúvida, a cultura é necessária em todos os aspectos, ela está na nossa rotina, está no nosso dia a dia, ela faz parte da nossa vida como um todo. Mesmo durante a pandemia, as pessoas ficaram sem poder ir ao shopping, ficaram sem poder viajar, sem poder ir à praia, mas não ficaram sem cultura.
“A cultura foi importante até para manter as pessoas em casa, através de um bom livro, através de um bom filme, através de uma boa música”
Eu considero a cultura algo importante, não só para divulgação do estado do Amazonas, mas, acima de tudo, para que a gente possa manter esse sentimento de pertencimento pelo nosso estado, pela nossa cultura e nos sentirmos cada vez mais amazonenses e donos de tudo isso que nos pertence, essa natureza exuberante.
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Por Agência Amazonas
Foto: Lucas Silva | Herick Pereira | Diego Peres | Divulgação | Michael Dantas