O governador Wilson Lima evitou uma exposição negativa desnecessária nesta quinta-feira (10/06) ao usar o direito de não comparecer à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, instalada no Senado Federal. Amparado legalmente por um habeas corpus preventivo, com pedido de liminar, expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Wilson Lima optou por preservar-se da execração política pela qual outros agentes públicos passaram naquela Casa recentemente.
E a decisão do governador do Amazonas tem fundamento. A CPI da Covid foi criada para investigar as ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento da Covid-19 no Brasil. As supostas falhas do Governo do Estado no trabalho de combate à pandemia já estão sendo investigadas, no âmbito da Operação Sangria, pela Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Aliás, cabe destacar que a Operação Sangria já está na quarta fase e, até agora, nada conseguiu provar contra os agentes públicos investigados. Na verdade, todo o circo midiático organizado em cada fase da operação só serviu para promover um injusto desgaste de imagem aos envolvidos, como foi o caso da jornalista e ex-secretária de Estado de Comunicação, Daniela Assayag, e, mais recentemente, do ex-secretário de Estado de Saúde, Marcellus Campêlo, além do próprio governador Wilson Lima.
A investigação de supostos desvios de conduta de agentes públicos é essencial para aprimorar os mecanismos de controle e fiscalização. Encontrar os responsáveis e puni-los pela malversação do dinheiro público é o que a sociedade mais anseia. Porém, é moralmente condenável o uso desse expediente como subterfúgio para a autopromoção.
Infelizmente, a CPI da Covid torna-se, a cada dia, apenas um palco decadente no qual atores políticos buscam os holofotes com vistas às eleições de 2022. Toda a esperança da população brasileira em ver um trabalho sério de apuração de responsabilidades caiu por terra e transformou-se em um triste sentimento coletivo de decepção.