Vários pacientes do plano de saúde Hapvida que testaram positivo para a Covid -19 denunciam aos vereadores a falta de atendimento adequada que deveria receber do plano particular. Eles relatam que não foram atendidos no Hospital Rio Negro, nem em qualquer outra unidade administrada pela empresa e precisaram ser transferidos para hospitais públicos. Uma parte deles foi atendida no hospital de campanha Gilberto Novaes, da Prefeitura de Manaus.
Há casos de clientes do Hapvida que foram levados ao Hospital 28 de Agosto, Platão Araújo e também ao Hospital Delphina Aziz, todos administrados pelo Governo do Estado. As denúncias comprovam a omissão e o abandono dos pacientes que, mesmo com plano de saúde em dia, são obrigados a procurar ajuda por conta própria para salvar as próprias vidas.
Rosângela de Moura Correa, 52 anos, aposentada por invalidez, foi uma das usuárias que não recebeu atendimento pelo plano.
“Passei muito mal, tive dois desmaios, fui ao Hapvida mais de uma vez, com muitas dores no corpo , não estava aguentando as minhas pernas, pedi para o médico que me passasse remédios para dor, eu tomei e melhorei um pouco. Ao chegar em casa piorei. (Chorando) Quando meu filho me levou à noite fui desmaiada então voltei para casa. Minha filha disse, mãe a senhora não pode ficar aqui, precisa ser medicada, porque esses remédios não estão fazendo efeito. Achei que fossem me internar, mas mandaram eu ir para casa e graças a Deus fui atendida no hospital público e tenho minha saúde de volta. Me senti desamparada pelo plano quando mais precisei. Sou humana, pago o plano em dia, nunca recebi um tratamento digno. As pessoas falam mal do hospital publico, mas aqui foi que eu sobrevivi e sendo muito bem tratada”.
Norinei Sopares Ferreira, mecânico, que também paga o plano Hapvida, foi outra vítima do novo coronavírus.
“Contraí a Covid- 19 no dia sete de maio, procurei o hospital onde meu plano atende, passaram remédios mas sete dias depois vi que não fazia efeito. Voltei na Hapvida dia 14, o médico passou outros remédios. No dia 19 vi que não tinha mais condições de ficar em casa. Chamaram o Samu, pois eu estava muito debilitado, com falta de ar. Me levaram para o Platão Araújo no oxigênio, pois estava sem condições de respirar sozinho e, lá no Platão já fui logo para a sala de isolamento e no mesmo dia fui transferido ao Hospital de Campanha onde fui muito bem atendido e, digo para vocês, lá tem profissionais dedicados no que fazem. Devo minha vida a Deus e ao Hospital de Campanha.”
O vereador Hiram Nicolau denunciou a falta de atendimento da Hapvida durante sessão virtual na Câmara Municipal de Manaus (CMM), desta quarta-feira (10).
“Tivemos conhecimento do vídeo do presidente da Hapvida dizendo que teria dado 300 altas de pacientes com a Covid-19 e, isso, despertou curiosidade. Se a Hapvida em Manaus tem 250 mil vidas, como deram 300 altas. Fomos pesquisar e descobrimos que Hapvida deve ao SUS R$ 300 milhões em atendimentos feitos e não pagos. É dinheiro que deixa de entrar nos cofres públicos e que podiam se tornar investimentos na nossa cidade. Porque os pacientes da Hapvida foram transferidos a hospitais públicos ninguém sabe. Há uma responsabilidade direta da Hapvida na contribuição do colapso da saúde no Estado, porque, se tenho empresa particular e transfiro paciente para o Estado, tiro do mais pobre, do que não tem plano de saúde, a possibilidade de ser atendido em hospital público, e o paciente que paga o seu plano de saúde , esse cidadão, infelizmente, não tem o atendimento na unidade de saúde particular que ele paga para isso”, apontou Hiram afirmando que a prefeitura deve cobrar ISS à empresa.
“A prefeitura de Manaus deve cobrar a receita do ISS porque a Hapvida declara que como é do Estado do Ceará paga lá, mas descobrimos que no Ceará a empresa tem ação pedindo isenção do pagamento de impostos porque pertence à Zona Franca de Manaus, ou seja, não quer pagar aqui porque declara ser de lá e não quer pagar lá porque declara ser daqui . Falta de vergonha de gestores que dizem trabalhar pela vida, não atendem clientes e ainda passam ao poder público obrigações que deveriam ser deles. Ressalto aqui que tudo o que falo está devidamente documentado”, afirmou Hiram.
O vereador Marcelo Serafim também destacou preocupação com a questão, principalmente pelo número elevado de óbidtos no Hospital que atende ao plano do Hapvida.
“Eu já tinha relatado a preocupação sobre o quantitativo de óbitos ocorridos dentro do Hospital Rio Negro que é de propriedade do plano Hapvida. A gente tem recebido relatórios dos cemitérios e temos notado que, de forma disparada, este hospital entre os particulares é o que apresenta maior número de óbitos por Covid-19. Eu vou fazer um levantamento cuidadoso, dia a dia, óbito a óbito de todos os hospitais particulares para trazer os números, mas antecipo que estes números não são nada positivos. Temos um hospital que não é grande com uma taxa de mortalidade altíssima, isso precisa ser investigado e eu vou fazer esse levantamento para encaminhar ao Ministério Público para que tome as providências”, disse o vereador Marcelo Serafim.
“A Hapvida diz que toma conta de 250 mil vidas no Amazonas com um hospital de 80 leitos e conseguiu 300 altas, mas é negligente no números de óbitos. O presidente da Hapvida aparece num vídeo se gabando dos resultados positivos. Como presidente da Comissão de Saúde da CMM, estou protocolando hoje na mesa diretora desta casa, convidando o presidente da Hapvida para que compareça á nossa Comissão de Saúde e dê esclarecimentos devidos á sociedade amazonense, porque o hospital dele não está trabalhando com a devida transparência.
“Não paga imposto nenhum para a nossa capital e dá um jeitinho brasileiro para dar um nó no fisco”, completou o vereador Elias Emanuel.
“Fiquei indignado com o tema que foi muito bem levantado pelo vereador Hiram Nicolau e vejo que a Hapvida quer enganar o povo da nossa cidade. A CMM tem responsabilidade grande diante do caso, precisamos ser firmes! Essa empresa se instala em Manaus, não recolhe impostos devidos, usando e mascarando os incentivos da ZFM com a desculpa que vem se instalar no PIM e executa pessimamente serviços, enquanto hospitais daqui da cidade pagam seus impostos e contribuem para a geração de emprego nessa cidade. Não podemos nos calar”, reforçou o vereador Bessa.
Hiram Nicolau também disse que recebeu outras denúncias de profissionais que atuam na rede Hapvida e destacou as denuncias na sessão desta terça-feira (9).
“Trouxe o assunto ontem a esta casa, são denuncias sérias, calçadas de testemunhas, de cidadãos que usam esse plano de saúde e, que foram simplesmente deixados de lado, em hospitais públicos, foram para o 28 de agosto, Platão Araújo, infelizmente um desrespeito. A quantidade de mortes, é muito maior do que dados oficiais do hospital da Hapvida. Ontem após o meu pronunciamento recebi uma nova denúncia: falta equipamentos proteção e, olha que o plano tem 250 mil usuários e fatura mais de 400 milhões de reais por ano. O sindicato dos trabalhadores da saúde me informou sobre falta de EPI´s para os funcionários e não pagamento dos 40% de insalubridade dos profissionais do Hapvida. Vamos investigar, averiguar com profundidade para trazer com provas mais essa denúncia que chegou a mim”, finalizou o parlamentar.
Texto: Mariana Rocha – Assessoria do vereador Hiram Nicolau
Foto: Robervaldo Rocha – Dircom/CMM
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