Uma junção de ações que pode combinar o saber tradicional das populações locais e implantação de unidades de manejo integral, aliadas a políticas públicas inclusivas capazes de garantir acesso ao mercado e uma coalização global de economia verde, foram algumas das propostas para estruturar as bases de um desenvolvimento sustentável no Estado, apresentadas no 1º Seminário de Bioeconomia do Amazonas, realizado nesta segunda-feira, no primeiro dia da 42ª Exposição Agropecuária (Expoagro).
O evento, em formato totalmente on-line, está sendo transmitido pelo canal da Sedecti no Youtube @sedectiamazonas e, também pelo canal da TV Encontro das Águas, na mesma plataforma.
Organizado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), o Seminário reuniu protagonistas de peso no debate em torno das políticas de desenvolvimento sustentável: o cientista Spartaco Filho da Universidade Federal do Amazonas/Rede Bionorte, o secretário executivo de Meio Ambiente do Amazonas Luís Henrique Piva, o representante do Conselho Nacional das Populações e Comunidades Tradicionais Dione Torquato, e o superintendente geral da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) Virgílio Viana. A mediação ficou por conta da secretária executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação, órgão da Sedecti, Tatiana Schor.
Aos participantes do seminário foi lançado o questionamento: “Como promover um entendimento sobre a bioeconomia em um contexto amazônico”. Para o pesquisador Spartaco Filho é fundamental que haja uma ação forte, antes de tudo, para conter a destruição da floresta. “A Amazônia está em risco, em meio a toda biodiversidade existente na região”, alertou. Ele defendeu a instalação de unidades de manejo integral, a exemplo da existente na reserva de Mamirauá, onde é realizado com sucesso o manejo do pirarucu, incluindo nesse cenário o madeireiro e outros apontados por bioprospecção.
A estruturação de políticas públicas junto às comunidades que garantam infraestrutura, justiça social e equidade de gênero foi uma das propostas apresentadas pelo secretário Luís Henrique Piva. “O saber tradicional, a cultura dessas populações devem ter espaço valorizado nesse debate”, argumentou.
Dione Torquato destacou a socioeconomia e o uso coletivo do território por populações indígenas e tradicionais no Amazonas, e as perspectivas de desenvolvimento nessas regiões. “O extrativismo sustentável, com meios para melhorar a produção de castanha, açaí e pirarucu é que pode contribuir para a manutenção do modo de vida dessas comunidades”, complementou. Os desafios, segundo Torquato, são antigos. “Precisa haver regularização fundiária e políticas públicas transversais”, enfatizou.
Uma estratégia segura para desenvolver a bioeconomia no Estado passa por uma solução holística, afirmou Virgílio Viana, que deve dialogar os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), incluindo a formação de núcleos de conservação e sustentabilidade, programas de educação e empreendedorismo, entre outros fatores. Uma coalização global de economia verde para ampliar as atividades sustentáveis “centrada nas pessoas” é a linha do programa que será lançado pela FAS, lembrou Viana, ainda este ano.
PROGRAMAÇÃO
Amanhã, dia 29, às 10h acontece o Painel 2: Construindo Novas Relações na Bioeconomia Amazônica – O Manejo do Pirarucu e a Avicultura no Amazonas, que terá a participação do pesquisador João paulo Ferreira Rufino, Adevaldo Dias, do Memorial Chico Mendes/Associação dos Produtores Rurais de Carauari, Luis Paulo de Oliveira Silva, coordenador das Rotas de Economia Circular do Ministério de Desenvolvimento Regional e Meib Seixas Idam/Sepror.
Às 15h, é a vez do Painel 3: “Como são definidos os preços dos produtos da sociobiodiversidade amazônica”, com a participação de Luiza Gomes de Moura da Conab-Am, Fabiano Silva da Fundação Vitória Amazônica, Ana Cláudia Torres Gonçalves do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Bruno Simões da Indústria de Polpas de Frutas da Amazônia de Benjamin Constant. Ambos os painéis terão a moderação da secretária executiva de Ciência e Tecnologia Tatiana Schor.
No dia 30, quarta-feira, a programação prossegue com o Painel 4: “Fortalecimento das Cadeias Produtivas da Bioeconomia Amazônica, às 10h, com a participação de Sandra Neves, da Associação Agropecuária de Beruri, Pedro Mariosa, da UFAM, Carina Pimenta, do Instituto Conexus, André Viana, do Idesam, e Artur Coimbra, do Nakau.
Às 15h30 acontece o Painel 5; “Empreendedorismo e a Cultura de Inovação na Bioeconomia Amazônica”, com a participação de Paulo Renato, do Sebrae, Andreia Bavaresco, do Instituto Internacional de Educação do Brasil, Olinda Canhoto, do Centro de Biotecnologia da Amazônia, Macauly Abrel, da Associação Polo Digital, e Antônio Mesquita, da UFAM.
O encerramento do Seminário será no dia 30, às 16h50, com um pronunciamento do governador Wilson Lima.