Profissionais da área da saúde estão sendo capacitados pelo Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) para atuarem junto a pacientes surdos. Eles são servidores do Centro de Reabilitação Colônia Antônio Aleixo (CRCA) e estão estudando na Escola de Educação Profissional Enfermeira Sanitarista Francisca Saavedra. O trabalho ocorre em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).
Em um país onde 5% da população é composta por surdos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), faz-se cada vez mais necessário formar e instruir pessoas para que saibam se comunicar e promover a inclusão de deficientes auditivos na sociedade.
O fisioterapeuta Humberto Luiz de Oliveira Lopes atua no CRCA e, pela primeira vez, está tendo contato com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Precisamos estar preparados quando nos depararmos com um paciente surdo. Por isso é preciso dominar Libras. Assim, evitaremos situações delicadas e conseguiremos prestar um melhor acolhimento e repassar a informação correta”, ressalta.
Segundo Lopes, é importante cada um fazer a sua parte e ajudar a promover uma cidadania mais inclusiva. Ele explica que o conhecimento contribui para superar o preconceito, pois a informação ajuda as pessoas a se verem como iguais e a se tratarem melhor, sem discriminação. “O curso é apenas um ponto de partida para trazer enriquecimento pessoal e profissional para cada um de nós.”
Aprendendo sempre – A enfermeira Gisele Menezes conta que estava em busca de um curso nessa área e não perdeu tempo quando surgiu a oportunidade de aprender Libras. Ela, que também é instrutora de cursos de saúde no Saavedra, diz que já sentiu dificuldade ao precisar atender um paciente surdo e não conseguir se comunicar com ele. “É frustrante demais não poder prestar a ajuda necessária a quem precisa. E isso me motivou a procurar mais informações sobre a língua de sinais”, lembra.
De acordo com Gisele, fazer esse curso é descobrir um mundo totalmente novo, assim como outras formas de se comunicar. “Percebemos que não é muito difícil e também passamos a ver a surdez com outros olhos. Depois que fiz o curso, me deparei com outros pacientes que necessitavam desse atendimento diferenciado e pude prestar os cuidados fundamentais. Isso é gratificante demais!”
Funcionamento – Alanna Silva Coelho é instrutora de Libras instrumental. Ela informa que para essa turma de profissionais da SES-AM foi elaborado um curso que atende especificidades da área. “Serão formados profissionais que passarão a desempenhar suas atividades de modo mais eficiente nas unidades de saúde”, destaca Alanna.
Conforme a instrutora do Cetam, a mudança no dia a dia desses alunos começou a partir do momento que eles disseram sim à oportunidade. “O grupo realmente veio aberto a aprender a Língua Brasileira de Sinais. Está sendo maravilhoso poder ensiná-los e trocar experiências. Isso os auxilia a terem uma nova perspectiva no atendimento clínico”, completa Alanna.
O diretor-presidente do Cetam, Prof. Dr. José Augusto de Melo Neto, explica que o atendimento à diversidade está associado à qualificação profissional no Cetam. “A inclusão pode ocorrer em duas vias: para os alunos surdos e para aqueles que trabalham diretamente com eles”, destaca.