O Teatro Amazonas, um dos principais cartões-postais da cidade de Manaus, é destino certo para turistas do Brasil e do mundo que vem conhecer a Amazônia. Ele também é considerado uma casa para o servidor da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) Raimundo Nonato Pereira, que há 47 anos trabalha no local, a serviço do turismo e da cultura da cidade.
“Estive na restauração do Teatro em 1974 e nunca mais saí. Passei dois anos trabalhando como pedreiro na obra e depois, fui contratado para continuar trabalhando aqui. Esse lugar é como a minha casa, onde me sinto feliz e realizado”, conta orgulhoso Nonato, como gosta de ser chamado.
Ele já executou diferentes funções no Teatro e hoje, auxilia diversas áreas, sempre disposto a contribuir com o bom funcionamento do exuberante prédio histórico. “Iniciei como pedreiro, de pedreiro fui ser vigia, depois eu fui porteiro, fui bilheteiro, fui indicador, o papel de guia mais ou menos, e depois cenotécnico, atuando por trás das cortinas”.
Os colegas de trabalho são unânimes em falar do conhecimento que o servidor possui sobre um dos maiores patrimônios culturais do estado, principalmente em termos de infraestrutura. Este conhecimento acumulado tem contribuído, ao longo do anos, para a execução de atividades e projetos desenvolvidos no Teatro para o enriquecimento da cultura amazonense.
Outra unanimidade é quanto ao tratamento simpático e carinhoso dispensado ao servidor mais antigo do local por parte dos colegas. “O senhor Nonato é uma figura ilustre aqui do Teatro Amazonas, muito querido por todos, uma pessoa que oferece suporte para qualquer tipo de apoio em todas as áreas da casa porque é um dos maiores conhecedores do Teatro, principalmente da área estrutural. É uma figura muito simpática, sempre traz alegria”, destacou Samir Torres, assistente técnico, que atua como guia.
Histórias – Colecionador de histórias, além de fatos marcantes e inusitados, o servidor revela que, dentre as muitas histórias que envolvem o patrimônio histórico e cultural, estão as de fantasmas que aparecem à noite, no Teatro. “Já teve colega de trabalho que pediu pra não trabalhar mais aqui porque tinha medo, sempre tem gente que diz ter visto ou ouvido coisas, eu até já vi algumas coisas, mas sinceramente não tenho medo nenhum e digo com toda sinceridade: se existem fantasmas aqui, até eles são meus amigos”, conta Nonato, em tom de diversão.
O prazer de falar do seu lugar preferido no mundo e apresentá-lo às pessoas faz os olhos de Nonato brilharem. “Nunca me esqueço de uma vez que chegou um ônibus de idosos da Colônia Antônio Aleixo para visitar, mas o espetáculo havia sido cancelado e eles não receberam o aviso a tempo, eu os vi descendo felizes, olhando tudo e não aguentei, falei com a diretora e ela me deixou abrir as portas. Eles entraram e eu fui o guia deles naquele dia, ao final, recebi abraços de uma senhora e palavras que me marcaram. Ela disse: ‘obrigada por ter me apresentado esse paraíso’”, relembrou emocionado.
Por conta da pandemia da Covid-19, o servidor está afastado de suas atividades rotineiras, resguardando sua saúde, mas, segundo ele, não há lugar melhor para estar do que no local que chama de casa. “O trabalho representa pra mim alegria, tranquilidade, responsabilidade. Lá fora, a gente tem muitas preocupações e aqui dentro, eu me sinto em paz”.
Turismo – Em 2019, o número de visitação turística no Teatro Amazonas foi o maior dos últimos 22 anos. Um total de 116.750 pessoas, entre turistas locais, nacionais, internacionais e estudantes visitou o monumento histórico.
No dia Mundial do Turismo, comemorado em 27 de setembro, o servidor faz sua única reclamação quanto a pouca visitação do público morador de Manaus a um dos principais símbolos turístico, cultural e arquitetônico do estado. “Tem turista de outros países que vem do aeroporto direto para o Teatro, só depois vão para o hotel, enquanto isso muitos amazonenses nunca vieram conhecer o Teatro Amazonas. Precisamos dar valor ao que é nosso”, refletiu.
Medidas preventivas – O Teatro Amazonas, administrado por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC), reabriu suas portas para visitação e apresentações no mês de julho, após quase quatro meses fechado, seguindo as orientações do Ministério da Saúde e do Governo do Amazonas para evitar aglomerações.
Todas as recomendações dos órgãos de saúde estão sendo seguidas para visitação. Cada visitante tem a temperatura aferida e é orientado a utilizar o álcool em gel disposto no totem da entrada principal do espaço. A saída, após a visita, é feita pela lateral a fim de que os grupos não se encontrem. O uso da máscara é obrigatório.
Atualmente para visitar, é preciso agendar um horário por meio do Portal da Cultura (cultura.am.gov.br), no site do Teatro Amazonas ou no aplicativo ‘Cultura.AM’.