“A implementação da rede 5G irá abrir novas possibilidades, dando espaço para o pequeno produtor local, fazendo com que ele consiga comprar uma pequena faixa de espectro e instalar internet na sua pequena lan house, com uma mini estação de rádio com base em 5G”. Essa foi uma das alternativas para se levar internet para o interior do Estado do Amazonas, dada pelo palestrante Luciano Leonel Mendes, do Instituto Nacional de Telecomunicação (Inatel) durante o webnário da Semana de Ciência e Tecnologia do Amazonas (SCT) 2020.
A solução apontada por Luciano Leonel, ocorreu durante o último painel do webinário que trouxe como tema “Conectividade Digital: Inovações tecnológicas como alternativas para potencializar o alcance da internet em regiões remotas do Amazonas”. O evento online aconteceu na última quinta-feira (26), em transmissão ao vivo pelo canal da Secretária de Estado de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti) no Youtube (Sedecti Amazonas) e simultaneamente pelas páginas da Sedecti_AM e da TV Encontro das Águas no Facebook .
Para Leonel, que explanou sobre a implantação da tecnologia 5G – que utiliza de um conglomerado de várias outras tecnologias em uma só -, a alternativa pode virar uma espécie de espiral, a exemplo do que aconteceu no interior do Nordeste, onde uma empresa passou a fibra óptica no meio do sertão.
Além de Luciano, os outros dois painelistas abordaram os principais desafios para se interiorizar a telecomunicação no Amazonas.
Para José Reginaldo Hughes Carvalho, do Instituto de Computação (IComp) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que abordou o tema “Aplicação de aeróstatos (balões) na redistribuição de internet para o interior do Amazonas”; o maior desafio para se levar internet para as áreas remotas do Estado está na questão do modelo de negócio e do preparo da população para a chegada da internet.
“O maior desafio não é levar tecnologia para o interior do Amazonas. O maior desafio é o modelo de negócio. É fazer com que a internet se pague e que permita que ela tenha a sua continuidade, o seu processo normal de substituição de uma tecnologia commodity para uma tecnologia de maior valor agregado. A gente tem que pensar em desenvolver o Amazonas como fonte de riqueza e não só como fonte de consumo. Tem que preparar a base, tem que preparar as comunidades para receber essa tecnologia”, opinou Hughes.
O terceiro painelista, Adriano Vieira, da Ozônio Telecomunicação, que explanou sobre o tema “O potencial de satélites de Órbita Média (MEO – Medium Earth Orbit) como alternativa de acesso à internet no Amazonas”; apontou a falta de planejamento e de infraestrutura como os maiores desafios para levar a telecomunicação para o interior do Estado.
“Penso que o que vai levar a tecnologia de forma mais rápida é a demanda. Hoje, dificilmente se tem algum tipo de serviço no celular que não demande uma infraestrutura confiável com tecnologia de ponta. O modelo de negócio é importante, mas as operadoras que vencem os leiloes têm as suas obrigações. Por outro lado, se fala muito em inclusão digital, mas tem muita fibra óptica por aí que não funciona por falta de planejamento e falta uma junção de tecnologias, com fibra óptica e com backbone de rádio frequência. Além das prefeituras municipais e órgãos da administração pública terem, cada uma, um contrato de uma tecnologia diferente e ultrapassada”, alegou Adriano.
Semana de Ciência e Tecnologia do Amazonas 2020
A SCT do Amazonas 2020 faz parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia que, este ano, tem como tema “Inteligência Artificial: A nova fronteira da ciência brasileira”. No Amazonas o evento foi promovido pela Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) da Sedecti. O primeiro painel ocorreu no último dia 19 e teve como tema “Bioeconomia Digital: O papel da tecnologia no desenvolvimento de uma economia sustentável para o Amazonas”. Já o segundo painel ocorreu no último dia 24, e tratou o tema “Monitoramento Ambiental: Tecnologias inovadoras aplicadas à conservação da Amazônia”.
Sobre o último painel do webinário, a secretária executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Tatiana Schor, disse que o evento foi realizado pensando em discutir alternativas para melhorar o serviço de internet no interior do Amazonas.
“Nós da Sedecti estamos buscando as diversas alternativas de distribuição do sinal da internet no Estado e, para discutir o tema, trouxemos novas vozes e novas experiências para que possamos ampliar nossos conhecimentos no sentido de possibilitar o acesso à internet aos moradores do interior do Amazonas”, concluiu.
O último painel foi moderado por Leonardo Silva que é chefe do Departamento de Extensão Tecnológica e Inovação da Secti/Sedecti.
“Esse painel sobre conectividade digital teve como objetivo divulgar as inovações tecnológicas como alternativas para potencializar o alcance da internet em regiões remotas”, explicou.