Núcleos indígenas em comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Tupé e áreas adjacentes no Baixo Rio Negro receberam nesta quarta-feira, 20/5, cestas de alimentos doadas pela Prefeitura de Manaus como estratégia de enfrentamento à pandemia provocada pelo avanço da Covid-19 com foco na população vulnerável indígena residente em comunidades da zona rural.
O trabalho foi realizado de forma integrada entre as secretarias municipais da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) e de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), gestora da reserva. A distribuição busca amenizar os efeitos da pandemia, que paralisou a movimentação turística na reserva, principal fonte de renda para os indígenas aldeados da área.
A determinação do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, é de que todas as famílias indígenas em vulnerabilidade social e no perfil das condicionalidades sejam incluídas nos programas socioassistenciais disponíveis, além de contarem com o acompanhamento do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif) do município.
“No que compete a mim, enquanto prefeito da capital da Amazônia, que esses povos habitam e protegem há milênios, estou garantindo a sobrevivência física, histórica e cultural dessa gente, que temos o dever de proteger, sobretudo em meio a essa pandemia, que tornam esses cidadãos alvos fáceis. Agora, enquanto amazônida, tenho feito o que me cabe de alertar ao país e ao mundo sobre o risco de genocídio, que correm as várias etnias do nosso Amazonas”, advertiu o prefeito Arthur.
Foram entregues, inicialmente, 25 cestas com produtos alimentícios para 23 famílias das comunidades Tuyuka, Tatuio, Daikuru e Cipiá, distribuídas entre a RDS do Tupé e a reserva Puranga Conquista, área estadual. O trabalho de referenciamento das famílias foi feito pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro Compensa II, que abrange as comunidades indígenas.
“É de extrema importância levarmos assistência social a comunidades indígenas, que precisam ter seus direitos garantidos. Na situação de pandemia que vivemos, identificar essas famílias e referenciá-las nos serviços e programas da proteção social, é levar cidadania aos lugares mais distantes de Manaus. Essa é uma das determinações do prefeito Arthur, que tem lutado pela proteção dos povos indígenas da Amazônia”, destacou a titular da Semasc, Conceição Sampaio.
A estimativa é de que existam, atualmente, 22 núcleos indígenas instalados na RDS do Tupé e localidades do entorno. “O desafio maior é atender as necessidades alimentares desses grupos que, com a pandemia, tiveram o atendimento turístico, sua principal atividade econômica, prejudicada”, explica o secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Antonio Nelson de Oliveira Júnior. “Sem o serviço para turistas que visitam as tribos, os índios ficaram sem fonte de renda, cabendo à Prefeitura de Manaus e aos diversos parceiros dar o apoio para não deixar que esses indígenas passem por necessidades alimentares”, destacou.
A ideia é intensificar, a partir desta primeira ação, a distribuição de alimentos a todas as localidades com a presença de indígenas. “Além da Semasc, vamos buscar o apoio de mais parceiros, por meio do Fundo Manaus Solidária, presidido pela primeira-dama Elisabeth Valeiko Ribeiro, para angariarmos doações com foco para as populações indígenas”, afirmou Nelson.
Fluxo migratório
Nos últimos 20 anos, Manaus vem recebendo um fluxo migratório significativo de grupos indígenas de etnias diversas. “Com a pandemia, eles estão isolados e mais suscetíveis às doenças”, avalia a presidente do Conselho da APA Tarumã, Angeline Ugarte. Encontram-se instaladas na Região do Baixo Rio Negro indígenas de etnias variadas como Tuyuka, Baré, Tatuya, Dessana, Piratapuia, Tukano, Karapanã, Wanano, Arapaço, Tariana, Kubeo, entre outras.
Os técnicos das duas secretarias, que realizaram a entrega dos alimentos, cumpriram todos os protocolos de segurança, com o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e higienização das mãos com álcool em gel. Os indígenas receberam as cestas com muita alegria e agradeceram à prefeitura pelo apoio nessa e em diversas ações ocorridas nas localidades. O trabalho foi realizado por uma assistente social, um psicólogo e dois assistentes administrativos.
Texto – Júlio Pedrosa / Semmas
Fotos – Divulgação / Semmas
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