Identificar onde estão e quantos são os Mestres e Doutores (docentes ou pesquisadores diretos) que atuam ativamente em pesquisas junto às Instituições de Ensino e Pesquisa na capital e no interior do Amazonas. Esse é o foco do “Mapeamento da Ciência no Amazonas” – um trabalho desenvolvido pela Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), ligada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti). O estudo é divulgado no mês em que se comemora o Dia Nacional da Ciência e das pesquisadoras e pesquisadores científicos (8 de Julho).
O estudo mapeou o quantitativo de Mestres e Doutores por município. Um destaque importante identificado pelo Mapeamento foi a inexistência de pesquisadores (Mestres e/ou Doutores) em 18 cidades que não contam com esse tipo de profissional atuando junto às Instituições consultadas. São elas: Amaturá, Anamã, Apuí, Borba, Caapiranga, Canutama, Guajará, Ipixuna, Itapiranga, Japurá, Juruá, Manaquiri, Novo Aripuanã, Pauiní, Rio Preto da Eva, Silves, Uarini e Urucará. Em contrapartida, os 44 municípios restantes (incluindo a capital, Manaus) possuem pesquisadores baseados nas cidades e com atuação ativa desenvolvendo pesquisas e estudos.
A secretária executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação, Tatiana Schor, considera o estudo realizado de grande importância porque poderá auxiliar na construção de políticas públicas mais focadas nas especificidades de cada cidade, tornando de conhecimento público que a Ciência no Amazonas é comprometida e que não está concentrada apenas na capital, Manaus.
“Nossa intenção com esse trabalho é ressaltar e mostrar a importância do fortalecimento de Ciência, Tecnologia e Inovação no interior do Estado. Queremos, com esse Mapeamento, valorizar a pesquisa e o pesquisador no interior do Amazonas, mostrando ao mundo que temos pesquisa em diversas áreas e que a Ciência está dispersa por todo o território”, salienta Tatiana Schor que também coordena o Programa da Rede Urbana da Calha Solimões-Amazonas pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas das Cidades na Amazônia Brasileira (Nepecab).
Tatiana Schor enfatiza o fato de os pesquisadores estarem morando nesses municípios e desenvolvendo suas pesquisas locais, o que reflete “uma ciência mais comprometida com o desenvolvimento sócio econômico da região”.
“São pesquisadores que moram lá. Eles não fizeram só uma pesquisa e depois foram embora. Eles residem nessas cidades e estão atuando politicamente, ajudando, inclusive, na organização da sociedade. Por isso, precisamos mostrar que temos profissionais comprometidos, que eles estão lá no interior desenvolvendo seus estudos e fazendo ações de apoio às comunidades e populações tradicionais, com compromisso social e colaborando para o desenvolvimento sustentável dos municípios”, ressalta a pesquisadora que também é representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC-AM).
Ensino e Pesquisa
O Mapeamento produzido pela Secti contou com o suporte das Instituições de Ensino e Pesquisa atuantes em todo o Estado e que forneceram seus dados atualizados para a elaboração do trabalho. Entre elas estão: Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (Seduc), Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Amazônia), Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ) e Secretaria Municipal de Educação (Semed – Manaus).
O “Mapeamento da Ciência no Amazonas” foi elaborado pela geógrafa, Milena Maria Costa da Silva do Departamento de Políticas Públicas da Secti. O trabalho deve permanecer em atualização por período anual. A ideia é aprofundar cada vez mais o Mapeamento, incluindo, linhas de pesquisas e laboratórios, além de outras variáveis que possam identificar melhor a realidade vivenciada por esses profissionais no Estado.
“Um fator importante desse mapeamento é que pudemos identificar que esses pesquisadores possuem suas bases de pesquisas consolidadas em seus respectivos municípios. Isso é muito bom do ponto de vista da Ciência porque eles podem compreender muito mais da realidade daquela cidade, o que nos ajuda a saber de que forma essas Instituições (por meio desses pesquisadores) podem colaborar com os nossos projetos em nível de Governo de Estado”, destaca Milena Silva.
Permanência de pesquisadores no interior
Desde que mudou-se da capital para o município de Itacoatiara (distante a 270 quilômetros de Manaus) há 17 anos, o Professor Doutor em Engenharia da Produção do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Hidelbrando Ferreira Rodrigues, afirma que percebeu a transformação pela qual a cidade passou desde que a chegada das Instituições de Ensino e Pesquisa (Ufam, UEA e Ifam) naquela cidade.
“A educação é um mecanismo de transformação social e isso foi muito visível em Itacoatiara há alguns anos com a chegada das Instituições de Ensino Superior (IES). Isso trouxe para o município um ‘ar’ de uma cidade universitária. Dessa forma é necessário que haja políticas públicas que incentivem a permanência do pesquisador no interior, como já acontece com outros Estados do país”, relata o pesquisador.
Hidelbrando também chamou a atenção para a questão socioeconômica da população que mora nos municípios do entorno de Itacoatiara, na região do Médio Amazonas (Itapiranga, Silves, Urucurituba, Boa Vista do Ramos, Maués, Nova Olinda do Norte e Rio Preto da Eva). Para ele, essas pessoas não teriam condições de morar na capital para cursar o ensino superior.
“Se pararmos para avaliar, as pessoas que moram nesses municípios do entorno preferem morar e estudar em um polo mais próximo que morar na capital porque isso requer um custo de vida maior. Elas preferem morar nas cidades mais próximas e com uma característica parecida à realidade delas. Sendo assim, a criação de políticas públicas que incentivem os pesquisadores a permanecerem pelo menos nas cidades polos já ajudaria muito”, opina o pesquisador que atualmente orienta quatro pesquisas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e que conta com recursos via Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesp) da Ufam e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Ranking
De acordo com a Secti, as informações contidas no Mapeamento estão suscetíveis à atualizações, podendo variar conforme o calendário de formação de novos Mestres e Doutores e/ou com a disponibilidade de novos concursos públicos a serem realizados pelas Instituições citadas no trabalho.
O Mapeamento da Ciência no Amazonas identificou o total de 2.980 Mestres e de 1.916 Doutores atuantes em todo o Estado. O estudo definiu o ranking por quantidade de pesquisadores atuantes em cada cidade, da seguinte forma:
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1º – Manaus: 2.079 Mestres e 1.618 Doutores;
2º – Parintins: 177 Mestres e 67 Doutores;
3º – Itacoatiara: 110 Mestres e 73 Doutores;
40 – Humaitá: 84 Mestres e 48 Doutores;
50 –Tabatinga: 79 Mestres e 20 Doutores;
6º – Coari: 71 Mestres e 46 Doutores;
7º – Tefé: 71 Mestres e 29 Doutores;
8º – Benjamin Constant: 38 Mestres e 24 Doutores;
9º – São Gabriel da Cachoeira: 36 Mestres e 6 Doutores;
10º – Manacapuru: 38 Mestres e 1 Doutor;
11º – Maués: 36 Mestres e 5 Doutores;
12º – Presidente Figueiredo: 32 Mestres e 9 Doutores;
13º – Lábrea: 28 Mestres, 7 Doutores;
14º – Eirunepé: 23 Mestres e 2 Doutores;
15º – Nhamundá: 15 Mestres, não há Doutores;
16º – Iranduba: 9 Mestres e 1 Doutor;
17º – São Paulo de Olivença: 5 Mestres, não há Doutores;
18º – Anori: 3 Mestres, não há Doutores;
19º – Autazes: 3 Mestres, não há Doutores;
20º – Barcelos: 3 Mestres, não há Doutores;
21º – Boca do Acre: 3 Mestres, não há Doutores;
22º – Carauari: 3 Mestres, não há Doutores;
23º – Novo Airão: 3 Mestres, não há Doutores;
24º – Santo António do Içá: 3 Mestres, não há Doutores;
25º – São Sebastião do Uatumã: 3 Mestres, não há Doutores;
26º –Nova Olinda do Norte: 2 Mestres e 2 Doutores;
27º – Atalaia do Norte: 2 Mestres, não há Doutores;
28º – Careiro da Várzea: 2 Mestres, não há Doutores;
29º – Codajás: 2 Mestres, não há Doutores;
30º – Envira: 2 Mestres, não há Doutores;
31º – Itamarati: 2 Mestres, não há doutores;
32º– Manicoré: 2 Mestres, não há Doutores;
33º– Tonantins: 1 Mestres e 2 Doutores;
34º – Barreirinha: 1 Mestres, não há Doutores;
35º – Boa Vista do Ramos: não há Mestres, 1 Doutor;
36º – Careiro: 1 Mestre, não há Doutores;
37º – Fonte Boa: 1 Mestre, não há Doutores;
38º – Maraã: 1 Mestre, não há Doutores;
39º – Santa Izabel do Rio Negro: 1 Mestre, não há Doutores;
40º – Alvarães: 1 Mestre, não há Doutores;
41º – Beruri: 1 Mestre, não há Doutores;
42º – Jutaí: 1 Mestre, não há Doutores;
43º – Tapauá: 1 Mestre, não há Doutores;
44º – Urucurituba: 1 Mestre e 1 Doutor.
(Fonte: UEA, Ufam, Seduc, Ifam, Inpa, Embrapa, Fiocruz Amazônia, FHAJ e Semed – Manaus).
*Confira o mapa em anexo
Créditos fotos: divulgação Sedecti e acervo pessoal do Prof. Dr.Hidelbrando Rodrigues
Mais informações: Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti): Vera Lúcia Pinto (2126-1246 e 99984-8168) e Sídia Ambrósio (98152-8252).