Alunos do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) estão recebendo auxílio psicológico e sendo acompanhados por assistentes sociais na volta às aulas presenciais pós-quarentena. A equipe psicossocial da instituição preparou 34 universitários da área para ajudarem no trabalho de reabilitação comportamental da classe estudantil, na capital.
De segunda a sexta-feira, pela manhã, tarde e noite, os finalistas de Psicologia acompanham as turmas nas três unidades próprias do Cetam e nos Centros Estaduais de Convivência da Família (CECFs) onde são ofertados cursos diversos. Dentre as atividades propostas está a “Caixa das emoções”. Trata-se de um espaço destinado aos alunos para que escrevam seus anseios, angústias e preocupações sem que precisem identificar-se.
“Essa é uma ferramenta que desenvolvemos para que consigam desabafar, pois a ida ao psicólogo ainda é um tabu para muitos”, explica Déborah Pacheco, psicóloga que compõe a equipe psicossocial do Cetam junto ao também psicólogo Renan Ribeiro e à assistente social Tainá Abecassis. “Uma vez por semana abrimos a ‘Caixa das emoções’ e lemos o que está afligindo os alunos. A partir daí organizamos palestras e trabalhamos as questões levantadas por eles. Também fazemos dinâmicas em sala de aula e placas afixadas em locais estratégicos”, conta Déborah.
Segundo a psicóloga, após o retorno às aulas presenciais, em agosto, percebeu-se que havia alunos com crise de ansiedade. “Essas perturbações mentais têm motivos diversos: a cobrança da família para a conclusão do curso, a própria dificuldade de conseguirem inserção no mercado de trabalho, além do fato de alguns terem perdido parentes para a doença. Muitos planos foram interrompidos com a Covid-19. Após a quarentena também veio o desemprego e a falta de perspectiva de futuro”, ressalta.
Musicoterapia
De acordo com o psicólogo Renan Ribeiro, a musicoterapia é outra ferramenta que vem ajudando na volta às aulas após a parada de cinco meses devido à pandemia. Ele conta que os alunos sugerem músicas que lhes transmitem paz, com as quais têm memórias afetivas. Durante a entrada, saída e intervalos das aulas, esse som toma conta do ambiente, tranquilizando e dando prazer. “O objetivo é estimular os hormônios responsáveis pela sensação de felicidade, tirá-los do que lhes causa estresse e levá-los a um ambiente positivo, que traga bem-estar”, frisa Renan.
O cobrador de ônibus Vinícius Ribeiro, aluno do curso técnico em Recursos Humanos, aprovou a iniciativa do Cetam. Para ele, esse reforço emocional neste momento é fundamental, pois “ninguém sabe o dia de amanhã”. “Precisamos desse auxílio porque a pandemia mudou a vida de todos de uma forma ou de outra. Teve aluno que ficou desempregado e outros que perderam familiares, vítimas da Covid. Essas palestras nos ajudam a resolver alguns traumas. É muito bom saber que o Cetam tem essa visão e se preocupa com a gente”, destaca.
Fotos: Cleudilon Passarinho/Cetam