A crise econômica causada pelo novo coronavírus já afeta o trabalho de 53,5% das famílias brasileiras, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), entre 2 e 13 de maio, e divulgado hoje.
A pesquisa levou em conta 1.300 consumidores, e 53,5% responderam que seus familiares sofreram algum tipo de impacto econômico; quase metade destes 1.300 (43,9%) ficou impedida de trabalhar por causa das medidas de isolamento social e lockdown.
Cerca de 25% tiveram redução salarial proporcional à queda na jornada de trabalho, 14,7% informaram que pelo menos um familiar teve contrato suspenso durante o período, e 12,7% relataram que uma pessoa do núcleo familiar sofreu demissão.
As famílias mais afetadas foram as de menor renda, que ganham até R$ 2.100. Além disso, há uma esperada e evidente queda no consumo, já que 78,3% responderam que só têm comprado produtos e serviços essenciais (em abril, o percentual era de 79,1%).
“Mais da metade dos consumidores entrevistados tiveram impacto na renda de suas famílias. Com a renda comprometida, muitos recorrem à utilização de reservas financeiras para quitar despesas correntes e se endividam, aumentando o nível de “estresse financeiro” das famílias, principalmente as que possuem menor poder aquisitivo, pois essas acabam tendo (quando têm) uma reserva muito menor”, disse Viviane Seda Bittencourt, coordenadora do FGV IBRE.
“A elevada incerteza e preocupação com os próximos meses fazem com que haja uma postergação de consumo, que não deve retornar imediatamente mesmo com a flexibilização das medidas de isolamento, pois a renda reduzida do período levará naturalmente a um aumento no nível de inadimplência dos consumidores”, completou.
Além dos consumidores, 2.528 empresas foram consultadas pelo levantamento. Em todos os setores, com exceção do comércio, a maioria disse que adotou o home office de forma parcial ou integral durante o período de enfrentamento ao coronavírus.
O trabalho remoto foi adotado por 80,4% das indústrias, 68,6% das empresas prestadoras de serviços e 59,6% das empresas de construção; no caso do comércio, setor que encontra mais dificuldade para o teletrabalho, apenas 26,6% das empresas o adotaram.
Fonte: Uol Economia