Antes mesmo de a pandemia de coronavírus chegar ao Brasil, os organizadores da Campus Party, um dos principais eventos tecnológicos realizados no país, sabiam que a edição deste ano seria diferente.
“Nosso quartel general está na periferia de Milão, que foi o segundo lugar onde a pandemia chegou e tivemos lockdown. Em fevereiro já sabíamos que teríamos problemas para fazer uma Campus Party presencial”, afirma Francesco Farruggia, presidente do Instituto Campus Party. Em 2020, o evento já trocou de data, saindo do início do ano, época em que ocorria tradicionalmente, para julho.
A solução escolhida para driblar a pandemia foi justamente a digital, tão próxima aos campuseiros, nome dado os participantes do evento.
Essa escolhe permitiu que o evento de 2020 seja gratuito e e simultâneo em 31 países. Tudo pode ser acompanhado pelo YouTube e pelo site do evento, que vão transmitir as palestras. No Brasil, a Campus Party será a partir de três lugares: Brasília, Amazônia e Goiás.
Em cada um deles haverá “palcos” temáticos — tudo on-line — com assuntos e palestrantes relevantes para a região. É possível assistir às palestras que acontecem nos outros países, mas elas serão transmitidas em língua local. As palestras principais serão em inglês.
Segundo Farruggia, a organização do evento fez um investimento recorde em uma plataforma on-line, capaz de abrigar a estrutura de acesso digital. Eles também fecharam um acordo com o YouTube para garantir a transmissão.
De acordo com Farrugia houve grande apoio dos patrocinadores do evento e de governos parceiros quando a solução proposta foi migrar o evento para o digital por conta da pandemia.
A resposta dos campuseiros também foi positiva e o grupo que organiza o evento optou por tornar a edição gratuita.
O evento fechou uma parceria com Médicos Sem Fronteiras (MSF) e os participantes serão convidados a fazer doações para a organização. MSF está na linha de frente contra a COVID-19 em quatro estados do Brasil e em mais de 70 países.
Embora seja um evento de tecnologia — conhecido pelas maratonas de hacking e pelo entusiasmo dos participantes, que levam computadores e montam verdadeiras estruturas — a Campus Party tem um traço de interação social bastante distinto. É comum que os campuseiros façam contatos profissionais e pessoais e até conversem com palestrantes pelos corredores do evento.
Em uma edição digital, essa interação fica limitada. Farruggia explica que a solução foi a adoção de um chat na plataforma de transmissão escolhida.
“É um ônus comparado com o relacionamento físico, mas o chat vai permitir fazer perguntas, pedir informação, participar”, afirma. Ele explica ainda que a oportunidade de conhecer pessoas e fazer contatos se expande na edição on-line: os organizadores esperam que 10 milhões participem do evento em todo o mundo.
“Não tem a mágica da Campus Party, que é uma energia concentrada muito grande. Por outro lado, no Brasil temos pedidos de fazer outra edição global antes do final do ano”, disse.
A edição global da Campus Party vai contar com 5 mil palestras em 3 dias, entre 9 e 11 de julho. No Brasil, serão três eventos digitais: em Brasília, Goiânia e na Amazônia, que recebem “palcos” temáticos e palestrantes de interesse.
A Campus Party terá também um palco global, uma seção de palestras em que grandes nomes da internet e do setor de tecnologia vão debater assuntos como automação, análise de dados e o futuro da rede. Todas essas palestras são em inglês.
Veja os principais nomes do evento global, com data e hora :
- 09/07, às 11h: Don Tapscott, presidente executivo do Instituto de Pesquisa em Blockchain discute a segunda era da internet
- 10/07, às 10h: a engenheira Monique Morrow fala sobre o conceito de “realidade extendida”, e como realidades aumentadas e virtuais irão expandir o conhecimento coletivo;
- 10/07, às 12h: Tim Berners Lee, um dos inventores da World Wide Web, Al Gore, político americano responsável por leis de expansão da internet nos EUA, e Vinton Cerf, co-desenvolvedor do protocolo TCP/IP discutem o futuro da internet
- 10/07, às 14h: Sharron McPherson, co-fundadora do Centro para Tecnologias Disruptivas, debate o futuro do aprendizado na África
- 11/07, às 11h: Edward Snowden discute o tema desta edição: “Como reiniciar o mundo”;
- 11/07, às 12h: Jon ‘maddog’ hall, presidente do conselho do Instituto Profissional Linux, discute o uso de open culture em novas empresas;
- 11/07, às 13h: Alishba Imran, Isabella Grandic e Nina Khera, três adolescentes envolvidas com empreendedorismo e pesquisa científica, discutem seus projetos e trabalhos e como ajudar a impulsionar a humanidade para o futuro;
- 11/07, às 14h: Phil Campbell, que já trabalhou como diretor de criação em franquias de filmes como O Poderoso Chefão e James Bond, fala sobre o processo de design durante uma pandemia;
- 11/07 às 15h30: Ricardo Cappra, renomado cientista de dados, debate como observar fatos e usar os dados para tomar decisões melhores.
Fonte: Portal G1