Oferecendo um atendimento humanizado e técnico para vítimas e autores de crimes envolvendo crianças e adolescentes, o serviço psicossocial da Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (Deaai), da Polícia Civil do Amazonas, já solucionou 40 casos de violência sexual este ano. O atendimento, que conta com a presença de um psicólogo, uma investigadora e assistente social, abrange também casos de ameaças, injúria, brigas familiares e casos de meninos e meninas que fogem de casa.
Dentre os casos solucionados pela especializada, está o de uma menina de 12 anos que estava grávida. Durante as investigações, os profissionais foram informados que a vítima já tinha se relacionado com, aproximadamente, 10 homens que moravam na mesma comunidade que ela, na rodovia BR-174 (Manaus-Boa Vista), e não sabia quem era o pai da criança que ela esperava. O psicossocial, além de ouvir a vítima e os familiares, também ouviu os suspeitos, indiciando os homens pelo crime de estupro de vulnerável.
Segundo a delegada Elizabeth de Paula, titular da Deaai, o psicossocial nasceu de uma adaptação, uma vez que a escuta especial orienta que a criança seja ouvida por um psicólogo e assistente social.
“A delegacia se adaptou e criou um núcleo psicossocial mais humanizado para ouvir vítimas de estupro. No primeiro momento, o atendimento se concentra na vítima, mas posteriormente foi sentida a necessidade de estender para o autor. Em média, realizamos de dois a três atendimentos por dia, porque na pandemia houve uma diminuição. Até o momento tem 40 casos concluídos e outros em andamento, pois são casos que estão em fase de boletim de ocorrência”, informou.
Ainda de acordo com a delegada, há casos em fase de visita familiar. O serviço psicossocial, no primeiro momento, escuta a vítima, mas depois eles vão à residência, pois se faz necessário no processo de atendimento.
“Normalmente, quando chegamos à casa, a história se mostra bem diferente da que é contada na delegacia. Por conta disso, nós vamos ao local, fazemos fotos, conhecemos muitas vezes onde se deu o crime, ouvimos os familiares. Durante os trabalhos do psicossocial, nós expandimos os atendimentos, porque teve essa necessidade. Acabamos por resolver também os casos de ameaças, as brigas familiares, injúrias, ameaça a mães e casos de garotos que fogem de casa”, relatou Elizabeth de Paula.
Caso solucionado – Outro exemplo de caso atendido pelo psicossocial foi o de uma menina que teve o rosto queimado pela irmã, que é usuária de drogas. A vítima vinha de uma família que era envolvida com o tráfico de drogas, e a irmã acabou pondo fogo no rosto da criança, causando uma tragédia. Foi a especializada que foi responsável por encontrar alguém para tomar conta da criança, permitindo que ela vivesse em um lar seguro.