Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) tiveram 24 horas para pensar em soluções durante a primeira etapa do InterHack, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) e Instituto de Matemática e Estatística (IME). A fase inicial do desafio ocorreu em 24 e 25 de agosto.
A última etapa do InterHack 2019 será realizada entre os dias 9 e 10 de novembro no Centro de Inovação (Inova) da USP, localizado na Cidade Universitária, na capital paulista.
Equipes
A equipe NusContratem, da EACH, uma das finalistas, desenvolveu um QR Code (código de barras que pode ser decodificado em outras informações) para cada banheiro e sala de aula para avisar a administração dos espaços sobre a falta de itens, como papel toalha e giz de lousa.
De acordo com Alexandre Kenji Okamoto, aluno do 2º semestre de Sistemas de Informação (SI), a proposta surgiu dos episódios vividos por ele e os colegas no dia a dia da universidade. “É recorrente o fato de irmos ao banheiro e ter acabado o papel toalha ou de o professor chegar para dar aula e perceber que está sem giz”, afirma ao Jornal da USP.
Os alunos propuseram colocar em cada um desses espaços um código, que seria escaneado pelos usuários e encaminhado ao aplicativo da administração desses locais, com o objetivo de avisar sobre a falta dos itens. “Seria uma extensão ao aplicativo da USP, e-Card, para que as pessoas não precisassem baixar outro aplicativo”, completa o estudante.
Na avaliação de Sarita Bruschi, coordenadora do USPCodeLab no ICMC, grupo de extensão que organiza o evento, o tema escolhido foi pensado justamente para estimular esse conhecimento. “Poder pensar sobre esse universo os ajuda a conhecer o que é a universidade. Para um dos grupos que propunha um projeto sobre controle de patrimônio, falei que eles não faziam ideia da quantidade de equipamentos que existem na USP”, explica ao Jornal da USP.
Software
Outro finalista foi um grupo de estudantes de São Carlos, que elaboraram um projeto que ficou em primeiro lugar na fase inicial: um sistema capaz de identificar fatores que antecipem a ausência dos alunos em sala. Para explicar como seria esse sistema, foi criado um protótipo de aplicativo.
A ideia é que o sistema indique com base em dados, como número de faltas e notas, que determinado aluno pode deixar a graduação, antes que a evasão ocorra. Para Fernando Augusto de Salum e Dizioli, aluno de Engenharia Elétrica com ênfase em automação, a criação do projeto é parte da realidade vivida por estudantes da área.
“Na Engenharia, tem até aquela fama de que ‘entram 50 e saem 5’. Então, tentamos atacar esse problema, que é bem pertinente. Vários amigos nossos desistiram da faculdade ou trocaram de curso”, relata ao Jornal da USP.
A maior dificuldade encontrada pela equipe foi a parte técnica do desafio: a programação. Apesar disso, o que puderam conhecer do ambiente universitário, até agora, bastou para levarem a melhor na disputa. “Nossa vivência na faculdade nos deu bastante ferramentas para trabalhar e ter ideias pra fazer um projeto que impacte realmente”, acrescenta.
Auxílio
No IME, o grupo que levou o primeiro lugar teve como principal preocupação a burocracia. A ideia intitulada “Fundo Saber” busca auxiliar as pessoas que pretendem realizar alguma ação na USP, especialmente doações. Trata-se de um site com uma ajuda diferenciada: uma assistente virtual que auxilia os usuários, a AdaLoveLace.
Pelo site, os usuários entram em contato com a assistente, informam o que procuram e ela os encaminha para a ação. No caso de realizar doações, em vez de ler documentos para entender o processo, a assistente resumiria em uma breve explicação, além de direcionar para o preenchimento de formulários e próximos passos.
Aluno da pós-graduação em Semiótica e Linguística Geral, Túlio Ferreira Leite da Silva, integrante do grupo, destaca que a ideia surgiu da reflexão sobre as disparidades de doações feitas para universidades no Brasil e nos Estados Unidos, muito maiores no segundo. Para o aluno, a burocracia encontrada pode ser um dos obstáculos para realizar doações nas universidades brasileiras.
“Se alguém quiser doar um bem móvel para a USP, por exemplo, precisará ler diversos documentos e resoluções para entender o que fazer. Nossa ideia é automatizar esse processo para torná-lo mais fácil”, salienta o estudante ao Jornal da USP.
O grupo pensou em um projeto que não gerasse mais trabalho à universidade. “Queríamos fazer algo a partir do que a Universidade já tem, resolvendo um problema com uma solução fácil de ser implementada e que não gerasse outras dificuldades”, completa.
Com exceção dele, os outros membros da equipe são alunos da graduação em Ciências da Computação. “Eles viram que eu estava meio perdido no grupo do USPCodeLab e me adotaram. Foi incrível”, conta Túlio Ferreira Leite da Silva. Como na primeira fase, realizar um projeto de fácil implementação e que não gere outros problemas é o foco do grupo para a final.