21/08/19 13h43
UnicampSegundo o Índice Global de Inovação 2019, produzido pela Universidade de Cornell, pela escola de negócios Insead e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), o Brasil, entre 126 países avaliados, está em 66º lugar. A colocação do país no ranking, ao confirmar que os números de inovação do Brasil não são satisfatórios, respalda afirmações bastante comuns como “as empresas brasileiras são avessas à inovação” e “as universidades públicas não buscam parcerias com o mercado”.
Tais falas são muito frequentes e, ainda que sejam parcialmente verdadeiras, refletem uma realidade ultrapassada. Segundo Newton Frateschi, diretor-executivo da Agência de Inovação Inova Unicamp, há bastante tempo as universidades brasileiras buscam interagir com o mercado.
Só em 2018, a Unicamp registrou 71 pedidos de patente, assinou 75 convênios de pesquisa e desenvolvimento com empresas e são ao todo R$ 134 milhões investidos pela indústria em pesquisas desenvolvidas na Universidade, um resultado exemplar. Com um faturamento de mais de R$ 4,8 bilhões e com mais de 30 mil empregos gerados, uma informação relevante é de que 85% das 604 empresas com as quais a Unicamp atua têm como sócio um aluno ou ex-aluno da Universidade.
A Unicamp cumpre a missão estratégica de formar lideranças e talentos para que, no futuro, nasçam novas empresas e indústrias, além de auxiliar o ingresso de integrantes de sua comunidade no empreendedorismo.“O principal mecanismo de transferência de tecnologia é a migração de talentos para as universidades. As universidades formam líderes, que seguem para a indústria” e “Boa parte dos nossos empreendedores são doutores, que seguiram carreira acadêmica e nós ajudamos a fazer a transição para o mercado”, diz Frateschi.
Embora o caso da Unicamp seja um exemplo de inovação com relação público e privado, a realidade empreendedora brasileira, como mostra o Índice Global de Inovação 2019, ainda possui diversos percalços. Por exemplo, o fato de que poucas empresas de pequeno e médio porte procuram a Universidade Estadual de Campinas, a não ser que seus fundadores sejam ex-alunos ou tenham sido pesquisadores acadêmicos, é um indício de que ainda falta, do ponto de vista do mercado, uma cultura empreendedora e de inovação. Sobre tal realidade desfavorável, Newton afirma que “A indústria mantém uma relação estranha entre público e privado. No Brasil as empresas em geral querem que o governo assuma o risco de inovar. Isso precisa ser melhorado”.