A produção de bicho-da-seda é considerada uma importante atividade econômica para pequenos e médios produtores rurais paulistas, mas ainda é pouco praticada. Na condição de atividade agroindustrial, atende a dois setores da economia: fiação de seda e produção das lagartas que tecem o casulo. De acordo com levantamento da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, divulgado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), Tupã, no interior de São Paulo, produziu 130 mil quilos de casulos com Valor da Produção Agropecuária (VPA) de R$ 1,6 milhão, em 2018.
Tupã ocupa o primeiro lugar no ranking dos principais municípios produtores de casulos de seda, seguido por Presidente Prudente, com 58 hectares de amoreiras plantadas (usadas para alimentação dos bichos-da-seda), área onde foram produzidos 23 mil quilos de casulos, o que gerou um VPA de R$ 449 mil. Em Tupã, existem 594 hectares da árvore, mais da metade da área cultivada em todo o Estado.
Na regional de Tupã, os municípios de Bastos, Tupã, Iacri, Parapuã e Lucélia se dedicam a sericicultura, que representa 84% da produção paulista. No total, 41 municípios paulistas produzem casulos, atividade é praticada por 204 agricultores, que produzem fios de seda de primeira qualidade.
Atualmente, existe apenas uma indústria de seda no Brasil, a Fiação de Seda Bratac, que tem duas filiais, uma em Bastos (SP), que emprega cerca de 600 colaboradores, e outra em Londrina (PR). No município paulista, são processados todos os casulos nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e norte do Paraná.
A produção brasileira de fios de seda é voltada para a exportação, assim como a da China – a principal exportadora de fio de seda do mundo. Normalmente, esse produto tem como destino países da Ásia e da Europa, sendo o Japão e a Itália os principais importadores de fio de seda, para a confecção de tecidos leves utilizados por grifes e trajes formais.
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De acordo com Mário Kokubu, pesquisador do Instituto Biológico (IB), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, o casulo é produzido a partir de glândulas localizadas na “boca” do bicho-da-seda. “O bicho tem glândulas capazes de produzir fios durante toda a fase larval. No entanto, o fio só é utilizado para a formação do casulo no final da última fase larval, quando o inseto passa se enrolar nele. Assim, passará para a próxima etapa de desenvolvimento, que é a fase de pupa”, explicou o pesquisador.
A pupa, também chamada de crisálida, é a fase em que o inseto se prepara para passar por metamorfose completa. Esse é o estágio intermediário, que transforma a larva em adulto.
O pequeno e frágil bicho-da-seda tem o ciclo de vida curioso: da eclosão do ovo até a fase adulta, ele passa por cinco fases larvais. Tudo isso em apenas dois meses de vida. São quatro semanas na fase larval, duas semanas na fase de pupa e mais duas semanas como adulto.
Atualmente, o inseto está extinto na natureza por causas naturais e por conta de cruzamentos genéticos entre a população domesticada e a selvagem. “O que sobrou da espécie é usado apenas para produção do tecido de seda, não sendo possível a reintrodução do bicho-da-seda no ambiente natural, por conta da fragilidade e susceptibilidade da população doméstica a intempéries do ambiente” completou o pesquisador.
A sericicultura
O diretor da regional da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) em Tupã, Rodrigo Lemes, esclarece que a sericicultura é a criação comercial do bicho-da-seda para a produção de casulos. “É a criação da espécie de inseto Bombyx mori, nas fases larvais até a de encasulamento (formação do casulo). O casulo contém o fio de seda que é o principal produto de interesse industrial.”
A produção de casulos no País é única, pois existe uma ligação entre a indústria e o produtor muito forte. A Bratac, processadora de casulos, cria o inseto na sua fase adulta – enquanto mariposas-, controla os acasalamentos, cuida da incubação dos ovos e cria as larvas de 1ª e 2ª fases (ínstar). Entre a 2ª e 3ª fase, as larvas são entregues ao produtor, que é responsável por cuidar, alimentar e guardar os casulos.
Conheça o bicho-da-seda
É possível conhecer o bicho-da-seda de perto e entender como é feita a produção do fio da seda pelas lagartas no Planeta Inseto, que funciona de terça a domingo, das 9h às 16h, no Museu do Instituto Biológico, na capital paulista. A entrada é gratuita e é possível agendar visitas de grupos e escolas no telefone (11) 2613-9500 / 2613-9400 ou pelo e-mail [email protected].