Maio é o mês de discussão sobre o Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Antecipando o calendário municipal, o vereador Elias Emanuel (PSDB) realizou uma tribuna popular para apresentar o Projeto de Fortalecimento das Redes Cristãs para a Proteção e Prevenção dos Menores. O evento contou com a participação da presidente do Conselho Municipal de Assistência Social e da articuladora da Organização Visão Mundial, Jaqueline Ferreira.
A Organização Visão Mundial junto com a Rede Nacional de Assistência Social (Rena), vem desenvolvendo projetos que proporcionem uma igreja segura para as crianças. São 60 templos envolvidos nesse trabalho em cinco capitais brasileiras, a partir de uma soma de esforços.
Segundo o proponente da tribuna, essa discussão não pode ficar de fora da casa do povo. “Quando a gente tem a união dessas mulheres no mês de março se voltando para a problemática da criança e da adolescência, não tem como excluir a Câmara dessa discussão”, disse Elias.
O parlamentar destacou ainda o início da sua caminhada na área da proteção infantil. “Eu sempre digo às pessoas que esse é um gesto que eu faço a partir do aprendizado que tive como secretário de Assistência Social e que me permitiu conhecer muito mais o trabalho que é feito por diversas instituições no acolhimento e amparo as crianças”.
Só no ano passado foram registrados mais de 800 de casos de violência contra crianças e adolescentes. Se comparado com os números de 2017, que teve 617 incidentes, o crescimento é superior a 18%. Os dados são da Secretária de Segurança Pública e de acordo com a pasta as idades mais afetadas estão entre 12 e 17 anos.
Para a presidente do Conselho Municipal de Assistência Social e representante da Rena, Jaqueline Ferreira, a acolhida dessas propostas é essencial para o bom desenvolvimento do trabalho, uma vez que as famílias com crianças correspondem a quase 70% dos dados oficiais.
“Os números são alarmantes e precisamos fazer alguma coisa. Percebemos que a parceria com a Visão Mundial fortalecerá o que hoje acontece de forma tímida pela igreja. Existe um dado que diz que temos mais igrejas evangélicas do que escolas. Por que não aproveitar essa estrutura? São locais que se interessam por vidas e que apenas precisam direcionar suas atividades”, declarou a presidente.
O objetivo das instituições cristãs é cuidar das crianças e adolescentes, a partir de uma soma de esforços que permitam esses jovens viver experiências de valor e assim proporcionar um futuro melhor para a sociedade como um todo.
Segundo Maria Lucinete, da Visão Mundial, a igreja tem, enquanto instituição, a missão de promover ambientes de cuidado e segurança e intervir adequadamente frente às violências contra as crianças e adolescentes, fomentando a implantação de uma política de proteção.
“A nossa organização não é governamental e hoje atua em 98 países. No Brasil estamos desde 1975 vivendo o desafio de trabalhar as áreas mais geograficamente impossíveis, fortalecendo assim o papel das igrejas e organizações de fé para a proteção das crianças e adolescentes”.
Vereadores
O vereador Dante (PSDB), é mais do que importante levantar essa bandeira. “É realmente essencial o que se faz pela criança. É interessante nós pensarmos que temos mais igrejas que escolas, a igreja já tem esse papel de agente transformador e talvez a única necessidade seja realmente essa questão técnica”.
Gilvandro Mota elogiou a escolha do tema e destacou a necessidade de chamar a atenção da população para o assunto. “Enquanto não conseguirmos mudar o perfil das famílias não poderemos mudar a realidade do nosso país. Me coloco a disposição para essa luta, para que as nossas crianças possam de fato ter o seu futuro garantido”.
De acordo o ex-secretário da Educação, Gedeão Amorim, pautas como essa não podem ficar fora da agenda e destacou a iniciativa do proponente. “Primeiro parabéns ao vereador Elias que tem se dedicado muito a essas questões de ordem social. O cenário do país realmente não é positivo. Nós temos nos dedicado a curar as feridas ao invés de cuidarmos da saúde e evitá-las. Ou nós cuidamos da infância ou nós jogamos o futuro fora”, disse o parlamentar.
Elias Emanuel concluiu a tribuna citando dados alarmantes de violência contra a Criança e o Adolescente e pediu motivação da sociedade para discutir o tema e combater. “Tratar desse assunto não é fácil. Nem dentro da igreja católica e nem na evangélica. Isso significa uma queda de paradigma; falar de educação sexual e violência sexual para um pastor, irmãs ou padres é um assunto que vira tabu, mas com coragem a organização tem enfrentado tudo isso”, disse.