Um dos marcos históricos da capital amazonense, o Teatro Amazonas vai passar por serviços de adequação e modernização dos sistemas de combate a incêndio, pânico e proteção a descargas atmosféricas. Com a licitação concluída, as obras devem ser iniciadas em janeiro de 2020, totalizando um investimento de R$ 2,1 milhões, viabilizados a partir da parceria entre o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
As obras serão realizadas pela Construtora Biapó Ltda. e visam a aprimorar os sistemas de proteção do prédio, que é Patrimônio Cultural do Brasil, preservando a arquitetura neoclássica e a memória da chamada Belle Époque amazônica. Com prazo de conclusão de quatro meses, os serviços serão executados durante período em que o Teatro não terá agenda de espetáculos. Ajustes nos horários de visitação turística do espaço serão informadas ao público previamente, quando necessários.
Adequando o teatro aos requisitos de renovação do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros do Amazonas, as obras no sistema de incêndio incluem a instalação de alarme e mecanismo de detecção de foto e fumaça via wireless (sem fio). Também será feita adequação da casa de bombas, instalação de exaustão de gases e ventilação forçada, além da instalação do chamado fire ball – dispositivo extintor de incêndios com acionamento automático quando em contato com o fogo. O projeto prevê ainda a implantação de iluminação de emergência e recuperação das demolições ao final.
“A ação tem o objetivo de prevenir o início de incêndio no teatro e, com isso, salvaguardar as pessoas e o próprio patrimônio, incluindo seu interior e seus objetos tombados juntamente com o conjunto arquitetônico”, explica a superintendente do Iphan-AM, Karla Bitar. “Com a modernização, no caso da existência de incêndio, esse o sistema vai poder combater de forma eficaz. Hoje existe um sistema, mas não tem toda a eficiência necessária”.
Nas instalações elétricas do edifício, serão realizadas revisões dos circuitos, com substituição de cabos elétricos, interruptores, tomadas e perfilados. As intervenções preveem a instalação e adequação de quadros de energia, além da mudança dos disjuntores por modelos mais modernos e, ainda, adequação de cabeamento das ligações elétricas. Por fim, as intervenções incluem o melhoramento do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA): instalação de novo para-raios, manutenção do sistema de captação de descarga e adequação do subsistema de aterramento.
“O Teatro Amazonas é ícone cultural do nosso estado, e nos tranquiliza saber que estamos fazendo aquilo que é necessário para preservá-lo. Essa ação é resultado de uma parceria muito feliz com o Iphan e foi possível porque já estávamos com esse projeto de modernização pronto quando solicitado”, destaca o secretário estadual de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz.
O investimento de mais de R$ 2 milhões para a atualização tecnológica do sistema de combate a incêndio do Teatro Amazonas foi anunciado pelo então secretário especial de Cultura, Henrique Medeiros Pires, durante o encontro “Os Teatros de Ópera e a Economia Criativa na América Latina”, no Festival Amazonas de Ópera, em maio deste ano. “Quando o Fundo de Defesa de Direitos Difusos abriu o edital, o projeto feito pela equipe técnica da Secretaria de Cultura do Amazonas já estava pronto, foi submetido via Iphan e contemplado”, afirmou Pires, na ocasião.
Teatro Amazonas – Inaugurado em 1896, o Teatro Amazonas se tornou o maior símbolo do chamado ciclo da borracha, quando a crescente demanda internacional por látex conferiu à região a posição de maior fornecedora mundial do produto, tornando Manaus (AM) e Belém (PA) entrepostos comerciais. Pelos rios, seringueiros extraíam o látex; nas cidades, as elites se inspiravam na cultura francesa do final do século XIX para imprimir importantes mudanças urbanas e culturais: período que ficou conhecido como a Belle Époque amazônica.
“Em virtude de todo esse reconhecimento excepcional do teatro, uma obra relevante do período áureo da borracha, ele foi o primeiro bem tombado pelo Iphan no Estado do Amazonas”, assinala a superintendente do Iphan-AM, Karla Bitar. “O prédio retrata o interesse da sociedade amazonense pelas artes e cultura naquele período. E hoje é palco de eventos importantes, como o Festival Amazonas de Ópera, que é referência mundial. São muitos os motivos que revelam sua importância para o Amazonas. É a casa de espetáculos do amazonense”.
Para receber companhias de espetáculos de outros países e atender à demanda da elite da borracha, o Teatro Amazonas foi concebido a partir do projeto arquitetônico do Gabinete Português de Engenharia e Arquitetura de Lisboa.
Tombado pelo Iphan em 1966, o teatro é hoje um dos bens de maior destaque do Patrimônio Cultural amazonense e mais importante casa de espetáculos do estado. Durante todo o ano, são promovidas programações culturais, quando os espectadores têm oportunidade de se aproximar dos detalhes arquitetônicos e artísticos da edificação, além de ver de perto um dos episódios da História amazônica.
O Teatro Amazonas também está aberto à visita guiada, na qual é possível contemplar os salões e museus que o espaço abriga, com informações históricas. A visitação turística acontece de terça-feira a sábado, das 9h às 17h, e, aos domingos, das 9h às 14h. A entrada custa R$ 20 (inteira). Amazonenses não pagam (necessário apresentar documento com foto que comprove a naturalidade).