O dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Ao longo de todo este mês, campanhas buscam chamar a atenção para o problema e mostrar a importância da prevenção. Uma pessoa se mata a cada 40 segundos no mundo. Mas 90% dos casos de suicídio poderiam ser prevenidos, estima a Organização Mundial da Saúde (OMS). Como buscar apoio e dar a volta por cima? E como ajudar alguém em risco de suicídio? Esse é o tema da série de reportagens especiais “Nada é para sempre: a vida de quem tentou suicídio”, elaborada pela Rádio Senado.
Na reportagem de Leila Herédia, senadores, entidades como o Centro de Valorização da Vida (CVV), psicólogos, psiquiatras, representantes do governo, pessoas que sobreviveram ao suicídio e que perderam alguém próximo ajudam a compreender melhor esse fenômeno tão complexo. No Brasil, 32 pessoas se matam diariamente, de acordo com dados oficiais. Sabe-se, no entanto, que o número deve ser maior, pois há subnotificação. O estigma torna o assunto pouco debatido. Assim surgiu o movimento Setembro Amarelo.
— Nossa crença é que, com a campanha, a gente consiga diminuir. O sonho é acabar com esse tipo de preconceito. Ele é muito grande. E ele afasta as pessoas do tratamento — afirma o médico Antônio Geraldo, da Associação Brasileira de Psiquiatria.
Desde 2014, o Congresso Nacional faz parte da campanha. Autor do pedido para iluminar de amarelo os prédios do Senado e da Câmara dos Deputados neste ano, o senador Weverton (PDT-MA) defende que o tema seja tratado de forma natural, como ocorre com outros tipos de doença.
— Não é todo mundo que admite que está doente ou que está com problema, e a primeira coisa que você faz para ajudar a resolver é admitir que tem esse problema. É um ato de coragem.
Incidência
Segundo o último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, as mulheres são as que mais tentam suicídio, representando 69% do total, mas são os homens que mais se matam. Das 12.495 mortes por suicídio em 2017, 9.826 foram de homens. No que se refere à faixa etária, a taxa é maior entre idosos com mais de 70 anos, chegando a 8,9 mortes por 100 mil habitantes, contra 5,5 na média nacional. Mas os índices entre adolescentes são considerados preocupantes e têm aumentado ano a ano.
Os especialistas explicam que ouvir atentamente, com calma e de forma empática, entender e respeitar os sentimentos da pessoa e mostrar preocupação genuína, com cuidado e afeição, são essenciais. Da mesma forma, devem ser evitados conselhos, mostrar estar chocado ou emocionado ou ainda minimizar a dor do outro, com frases como “Você tem tudo” ou “Isso logo passa”.
Isolamento, alterações no apetite e no sono, cansaço e falta de energia, dificuldade para se concentrar e pensamentos frequentes de morte são alguns sinais de alerta.
CVV
Organização não governamental que atua na prevenção do suicídio, o CVV oferece serviço de escuta e acolhimento há quase 60 anos. Por meio do telefone 188 ou pelo site cvv.org.br, é possível conversar com um voluntário de forma anônima e sigilosa nas 24 horas do dia.
— Esse acolhimento que nós fazemos abre as portas para que a pessoa que está no momento de dor aguda possa falar e superar um momento crítico, em que o sofrimento parece ser intransponível — diz Carlos Correa, voluntário do CVV.
Ouça a série de reportagens, dividida em cinco partes:
Nada é para sempre: a vida de quem tentou suicídio – Parte 1
Nada é para sempre: a vida de quem tentou suicídio – Parte 2
Nada é para sempre: a vida de quem tentou suicídio – Parte 3
Nada é para sempre: a vida de quem tentou suicídio – Parte 4
Nada é para sempre: a vida de quem tentou suicídio – Parte 5
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)