Além de oferecer atendimento médico, a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) também presta a assistência espiritual aos pacientes e familiares para o enfrentamento do câncer, com fé e esperança. Esse trabalho é realizado há mais de 25 anos pelo serviço de Capelania, que atende às enfermarias masculinas, femininas, infantil e emergência, além de atendimento domiciliar.
A assistência espiritual é realizada por 13 igrejas credenciadas junto à FCecon, que é referência na região Norte no tratamento de câncer. Ao todo, são 90 voluntários que visitam os enfermos, acompanhantes e profissionais de saúde nos finais de semana e feriados. Somente no primeiro semestre deste ano foram atendidas mais de 700 pessoas.
É o caso de Rosenira Pinheiro Façanha, 59 anos, que é paciente da Fundação há cinco anos. Ela contou que no final de 2014 foi diagnosticada com câncer de mama e, em 2019, com um câncer no útero. Com um sorriso no rosto, ela contou que os laudos não a desanimam.
“Já passei pela cirurgia. Estou melhor! Acredito que serei curada por meio da minha fé. A assistência espiritual dos capelães me ajuda no fortalecimento e enfrentamento da doença. Sou muito grata pela dedicação dos médicos e enfermeiros. As orações recebidas nos dão força para continuar na luta”, disse.
Superação – O exemplo de fé e esperança na luta contra a neoplasia para Rosenira Façanha é dado pela missionária Adalgisa Almeida do Rosário. Diagnosticada e no quarto ano de tratamento contra um câncer de mama, hoje Adalgisa atua no serviço de Capelania pela Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC-AM).
“Minha recuperação foi muito rápida. Além dos procedimentos terapêuticos, acredito que minha fé e segurança em Deus foram importantes na obtenção da alta. É necessário acreditar que será curado. Durante as visitas, falo da minha experiência e exemplo de superação. Digo também que é preciso seguir todas as orientações médicas”, alertou Adalgisa Almeida.
Lei – A Constituição Federal (CF/1988) garante no Artigo 5º, inc. VII, a prestação de assistência religiosa nas entidades civil e militar de internação coletiva. O trabalho do capelão é prestar assistência espiritual voluntária, independente de credo religioso, seja o paciente indígena, espírita, católico, evangélico, entre outros.
Conforto espiritual – Enfermeira e responsável pelo serviço de Capelania, Joicelene Oliveira da Silva acredita que o trabalho de assistência espiritual ajuda na recuperação dos pacientes, além de proporcionar conforto aos em estado terminal.
Voluntária do serviço há 25 anos, Joicelene Oliveira explicou que o tratamento na Fundação é feito de maneira holística, focando nos aspectos físico, emocional, biológico, psicológico e social do paciente. “Quando uma área é afetada, todas são. Por isso, a capelania complementa o tratamento médico. O objetivo é melhorar a qualidade de vida e ajudar no enfrentamento da doença”, salientou.
Abordagem – A abordagem ao paciente com câncer, segundo o psicólogo Sandro Soares, depende da demanda apresentada, por exemplo, nas consultas psicológicas, nas quais é avaliada a presença de fé ou espiritualidade. “Caso positivo, o psicólogo utiliza-se do recurso terapêutico da espiritualidade, além de oferecer o serviço de Capelania, principalmente quando o paciente está fragilizado emocionalmente”, pontuou.
De acordo com o psicólogo, a necessidade de assistência espiritual depende do perfil do paciente, de sua cultura familiar e de sua vivência pessoal. Ele destacou que, para os que apresentam espiritualidade forte, a assistência é fundamental como recurso de enfrentamento de situações que podem ser traumáticas. “O tratamento oncológico causa insegurança e incerteza sobre o futuro”, lembrou.
Início – O serviço de Capelania iniciou com uma parceria entre a FCecon e a Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Amazonas (Ieadam), em 1994. A assistência espiritual foi ampliada em 1997, quando passou a ser oferecida aos pacientes dos Cuidados Paliativos – visita domiciliar.
Voluntariado – As pessoas interessadas em realizar o trabalho voluntário precisam enviar ofício solicitando a inclusão e preencher uma ficha de cadastro, que serão analisados pela capelã. Novas vagas só são abertas quando há desistência.
Treinamento – Antes de iniciar o serviço de capelania, os voluntários passam por treinamento de sete horas. A capacitação aborda as normas e rotinas da Fundação, infecção hospitalar, formas de abordagens de pacientes de matriz africana – umbanda, quimbanda e candomblé –, dentre outros assuntos.