O fortalecimento da cobertura vacinal foi debatido no 1º Seminário de Vigilância das Coberturas Vacinais e Qualidade de Dados do Estado do Amazonas, nesta segunda-feira (08/07). O evento está sendo realizado no auditório do Centro Universitário – CEUNI Fametro para 220 profissionais de saúde que atuam nas áreas de Imunização, Vigilância Epidemiológica e de Atenção Básica, dos 62 municípios do Amazonas.
Na abertura, a diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Rosemary Costa Pinto, enfatizou que os surtos de sarampo e H1N1, que ocorreram no Estado no ano passado e no início deste ano, respectivamente, poderiam ter sido evitados se a população prioritária estivesse sido adequadamente vacinada contra essas doenças. “Coberturas baixas de vacinas é o pontapé inicial para doenças reemergentes, que são imunopreveníveis, ou seja, tem vacina disponível na rede pública de saúde para evitar o adoecimento”, pontuou.
O secretário de saúde do Interior, da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Cássio Roberto Espírito Santo, falou da importância da presença do Ministério Saúde no evento local para ouvir os atores municipais e seus relatos em relação às dificuldades e peculiaridades amazônicas. “Os desafios são inúmeros, mas é possível, tendo em vista, o sucesso que foi a campanha nacional de Influenza, no qual o Amazonas se destacou ultrapassando a meta em pouco tempo”, avaliou.
Para a coordenadora municipal de imunização da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus, Izabel Hernandes, a qualidade do registro e a análise do registro são os principais instrumentos para tomada de decisão certa, e assim, mudar a realidade vivenciada no programa de imunização. “As quedas das coberturas vacinais são uma realidade nos últimos anos e um exemplo recente foi a situação do sarampo e H1N1, que, de forma alguma, pode ser associada apenas ao intenso movimento imigratório dos venezuelanos. É importante esclarecer que as doenças não estão erradicadas. A população, de um modo geral, vive em transição, portanto, se as coberturas vacinais não alcançarem a meta preconizada pelo Ministério da Saúde, outras situações epidemiológicas sérias podem surgir”, alertou Hernandes, durante o seminário da FVS.
Para o presidente do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Januário Carneiro da Cunha Neto, a FVS, hoje, é a instituição estadual que mais investe na capacitação técnicas dos profissionais de saúde do interior. “É preciso investir em atenção básica e vigilância em saúde municipal para melhorar os indicadores de saúde, e a imunização é um processo importantíssimo para garantir a promoção a saúde”, comentou.
Representando o Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Antônia Teixeira, salientou que o seminário é um momento ímpar, e que foi planejado para atender quem executa efetivamente, como constrói os nossos indicadores e buscar compreender o atual processo vivenciado no país em relação às vacinas. “O sistema de saúde brasileiro é compartilhado entre as três esferas de governo, com destaque para a municipal que é a esfera executora, sem isentar os demais níveis de governo cujo o papel é prover insumos para que ação ocorra. Neste espaço, vamos compartilhar experiências e elaborar um plano de ação de acordo com cada característica regional”, disse.
Com a palestra “Reemergências das Doenças Imunipreveníveis”, o médico do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, Expedito Luna, destacou que o primeiro passo para melhorar as coberturas vacinais é promover difusão do conhecimento para os profissionais de saúde. “O Programa Nacional de Imunização incluiu dentro de seu calendário anual inúmeras vacinas para diversas faixas etárias, portanto, os profissionais de saúde precisam ser atualizados para tirar dúvidas de quem procurar”, destacou.
Ainda segundo Luna, a Organização Mundial de Saúde colocou como um dos dez problemas de saúde pública em nível mundial a chamada hesitação em vacinar. “São aqueles que ficam em dúvida em vacinar, aqueles que selecionam a vacina até aqueles que recusam terminantemente a vacina. E eles são organizados em três grupos principais: os complacentes (para que que eu vou vacinar se a doença não existe mais), os que não confiam (essa vacina pode trazer eventos adversos) e os acomodados (existe a vacina acessível às pessoas). Nós, profissionais de saúde, precisamos esclarecer esses mitos e proporcionar uma maior acessibilidade que varia desde horário estendido nas salas de vacinas até ofertar no sábado”, explicou.
Oficinas – A programação do treinamento visa a capacitação desses profissionais para a análise dos dados epidemiológicos e de vacinação, objetivando, o desenvolvimento de ações mais ágeis e eficazes de vigilância epidemiológica, para a identificação precoce dos casos de doenças preveníveis por vacinas e, principalmente, a integração das ações realizadas pelas vigilâncias epidemiológicas municipais, coordenações municipais de imunização e equipes de atenção básica que atuam nos territórios municipais, no sentido de desenvolver estratégias conjuntas para a execução de atividades comuns, buscando a melhoria das coberturas vacinais em cada município do Estado.
O seminário aborda, além de pautas técnicas específicas sobre análises epidemiológicas de dados de doenças imunopreveníveis e de sistemas de informações de vacinações, orientações atualizadas sobre medidas de controle e uma oficina de integração e planejamento estratégico de vigilância e controle dessas doenças, para subsidiar a elaboração de planos, metas e indicadores municipais, visando à melhoria da qualidade das ações de vacinação no Estado.
O evento conta com palestrantes da USP e da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e ocorre no período de 8 a 12 de julho, a partir de 8h, no auditório do Centro Universitário – CEUNI Fametro, localizado na avenida Constantino Nery, 3000, zona centro-sul de Manaus.