Projeto de incentivo à escrita está presente em duas unidades prisionais da da Região Metropolitana de São Paulo
O Sarau Asas Abertas, projeto realizado pelo Coletivo Poetas do Tietê, reúne homens e mulheres das Penitenciárias “Desembargador Adriano Marrey” II, de Guarulhos, e da Feminina da Capital (PFC) para a expressão de sentimentos a partir da poesia, da música e do compartilhamento de vivências. Agora, o conteúdo dos encontros virou livro.
Entre palavras como força, empoderamento, recomeço e poder, os espaços onde o Sarau acontece se enchem de vida. Na PFC, as quase 50 mulheres escrevem em português, inglês e em espanhol, quebram a barreira da língua e aproximam as poetas em um sentimento comum, de liberdade.
O projeto teve início nos estabelecimentos penais da Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro) em 2015 na unidade masculina e em 2016 na feminina.
Em quase quatro anos de trabalho realizado pelo projeto na PFC foram mais de mil e quinhentas poesias produzidas pelas reeducandas. O lançamento do livro aconteceu a partir de financiamento público do Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais, da Secretaria Municipal de Cultural. O edital também contemplou a produção e publicação de quatro revistas com poemas das reeducandas, desenvolvidas antes do lançamento do livro.
Bons frutos
Para M.E.G., que não sabia ler e escrever, o Sarau representa o recomeço de sua vida. Além de tê-la ajudado a tratar a depressão, também a ensinou a ter o caderno e a caneta como amigos, colocando no papel o que antes ficava só dentro de sua cabeça.
Para os 45 participantes do Sarau na penitenciária de Guarulhos, o projeto “é um encontro de seres humanos que praticam a vida”, como comenta I.S. Versos feitos na hora fazem parte das reuniões, por vezes embaladas por uma batida de violão ou um beatbox que dá o tom do rap.