O câncer de cavidade oral – também conhecido como câncer de boca – é mais comum em homens acima dos 40 anos. No Amazonas, são estimados cerca de 110 novos casos desse tipo de neoplasia e outros 100 para laringe em 2019. Esse assunto será tratado pelo médico da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Felipe Jezini III, durante a Quarta Científica, que ocorrerá no próximo dia 31 de julho.O evento será das 19h às 21h, no auditório Dr. João Baldino, no 3º andar da Fundação, localizada na rua Francisco Orellana, n° 215, bairro D. Pedro, zona centro-oeste.
Com o tema “Câncer de cavidade oral”, a palestra ocorre em alusão ao “Julho Verde” – campanha da Organização Mundial da Saúde e da União Internacional – em que se promovem as ações voltadas para promover a educação, diagnóstico, tratamento, resultados e pesquisa sobre o câncer de cabeça e pescoço.
Segundo Jezini, a maioria dos cânceres que acometem a região da cavidade oral – lábios, estrutura da boca, como gengivas, bochechas, céu da boca, língua e a região embaixo da língua – são chamados de carcinoma espinocelulares. “Eles são oriundos do tecido da epiderme. Desenvolvem-se a partir de uma pequena ferida ou úlcera que não cicatrizam, aumentam de tamanho com o tempo e causam dor”, explicou.
Causas – O tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas – representam cerca de 80% dos casos – são os principais potencializados desse tipo de câncer, conforme o médico especialista. Ele alertou que o cigarro pode elevar em até nove vezes e o álcool em cinco vezes a possibilidade de uma ferida na boca evoluir para câncer.
Todavia, Felipe Jezini pontuou que existem vários outros agentes causadores da neoplasia, como, por exemplo, infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), má higiene bucal e desnutrição. Ele frisou que a cavidade oral é a porta de entrada do sistema digestivo. Por isso, qualquer agente agressivo à mucosa em uma pessoa susceptível pode evoluir para um câncer.
“Tudo que possa irritar a mucosa pode ser um agente agressivo, por exemplo, produtos com muitos conservantes, bebidas muito quentes, dentaduras mal ajustadas que ficam traumatizando a mucosa podem levar a uma agressão crônica. Com isso, o tecido sofre mutação, evoluindo para um câncer”, pontuou Felipe Jezini.
Diagnóstico – De acordo com o médico especialista, o diagnóstico precoce da doença é essencial para o tratamento terapêutico. A partir da suspeita, é feita a biopsia a partir de um fragmento do tecido para análise. Ele lamentou a falta de atenção e cuidado das pessoas para essa região, que é considerada de fácil acesso, com ferimentos que não cicatrizam e na demora na procura pelo profissional.
“O paciente chega ao consultório. Perguntamos se há algum problema na boca. Ele diz que mordeu a língua e a ferida não se cicatriza. Entretanto, quando examinamos a cavidade oral, a mesma está lesionada. Isso acontece porque ele não relaciona o ferimento a um câncer e, infelizmente, a grande maioria chega com a doença em estágio avançado”, frisou.
Tratamento – O tratamento pode ser cirúrgico, quando a lesão é pequena. Caso a lesão esteja em estágio avançado, pode-se utilizar a cirurgia com o complemento da Radioterapia e/ou Quimioterapia. Quanto maior a lesão, maior a possibilidade de metástase, espalhando-se para os linfonodos cervicais – caroço endurecido no pescoço.
Em estágio mais avançado, pode-se espalhar para os pulmões e outras partes mais distantes da lesão inicial. “Nesse caso, a terapia acaba sendo mais agressiva e demorada para o paciente, o que pode causar mais sofrimento”, afirmou.