Últimas notíciasPor Sebastião de Oliveira
Equipe Ascom Ufam
O docente Ronis da Silveira, ligado ao Instituto de Ciências Biológicas da Universidade federal do Amazonas (ICB-Ufam), defendeu na tarde desta quarta-feira, 27, no Auditório Professor Altair Fernandes dos Santos do ICB, localizado setor Sul, o memorial acadêmico que é requisito para promoção funcional a professor titular.
Atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão foram a base da avaliação que foi executada pela Comissão Especial de Avaliação composta pelos professores: Izeni Pires Farias (presidente) da Ufam; Cláudia Pereira de Deus, Renato Cintra e Vera Maria Ferreira da Silva, vinculados ao Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa).
Paulista da cidade de Ribeirão Preto (SP) já trazia na sua essência a curiosidade de um pesquisador. Quando adolescente, o professor Ronis da Silveira, ao assistir um programa de televisão que trazia pesquisadores do Inpa, ficou fascinado pelas vivências de campo as quais mostravam uma Amazônia exuberante. “A partir desse olhar, decidi encontrar a natureza amazônica ainda intacta, selvagem e misteriosa”, disse o professor, relatando também que esse fato foi o primeiro momento de contato com a região.
Depois que se instalou na região, o professor contou que teve seus primeiros contatos com animais no Arquipélago de Anavilhanas, que à época era aluno de mestrado e, posteriormente, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, onde conheceu uma nova filosofia de conservação que conceitua a manutenção da floresta a partir da interação entre homem e natureza.
Para ele, o grande desafio enquanto educador não é somente conhecer sua área de conhecimento, mas perceber sua aplicação metodológica que acaba sendo vista com mais facilidade pela sociedade. “Nós somos um país com sérios problemas e a Amazônia sempre teve um grau de ameaça que parte da ideia sobre o desmatamento (…). Historicamente, nós humanos, enquanto espécie, temos um histórico de devastação. Nós somos uma das espécies mais nova na fase da Terra, mas o pacto que causamos ao meio ambiente é muito grande”, destacou.
O docente lembrou ainda que enquanto biólogo tem o papel de subsidiar as políticas públicas. “Isso tem sido o rumo de minha pesquisa, tenho orgulho imenso de trabalhar na Universidade. Aqui temos pessoas brilhantes nas suas diferentes áreas de conhecimento, umas são melhores na parte administrativa, outras na de Extensão, outras de Pesquisa, outras de Ensino. Eu sempre tentei andar no meio de todos esses caminhos, mas é o Ensino e a Pesquisa que me move”, completou o pesquisador.
Dentre os requisitos exigidos para obtenção de professor titular, o docente apresentou uma longa trajetória tanto no Ensino e Pesquisa. Especialista em Crocodilianos, com ênfase no jacaré amazônico, o professor disse que o réptil passou a ser um instrumento biológico para se discutir conservação e sustentabilidade, pensando na qualidade de vida do homem interiorano. Ele acredita que se faz necessário a ligação do conhecimento científico com o tradicional, pois, em razão de experiências adquiridas na pesquisa de campo realizada, principalmente, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, há uma interação entre homem e natureza. Ele conta também que o ambiente da Reserva propiciou suas primeiras atividades investigativas com jacarés amazônicos.
Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP), mestre e doutor em Ecologia pelo Inpa, o docente atua em vários Programas de Pós-Graduação, não somente na Ufam, mas também no Inpa, além do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), o qual acredita que é a preparação do discente para Programas de Pós-Graduação. Ele lembrou da criação do Laboratório de Manejo de Fauna, importante para a pesquisa como processo de conscientização que dentre os objetivos é formar um pensamento crítico quanto a defesa do meio ambiente, a partir da sustentabilidade.
A pesquisa envolvendo animais junto à natureza, com repercussão internacional, permitiu ao professor o respeito na sua área de conhecimento. Ele destacou um fato triste que ocorre na Amazônia. “A urbanização na Amazônia e, por consequência disso, os animais sofrem e isso é uma grande preocupação. Eu tenho a oportunidade de ver animais vivendo em ambientes totalmente selvagens e animais vivendo em ambientes poluídos, como por exemplo, na cidade de Manaus. A Universidade dentro de sua multidisciplinaridade deve contribuir para evitar isso”, finalizou o professor.