No mês passado, o filme A Vida Invisível, dirigido por Karim Aïnouz, desbancou outros 11 filmes e foi escolhido o representante do Brasil na corrida ao Oscar do próximo ano. A produção disputa agora com títulos de outros países para figurar entre os cinco indicados na categoria de melhor filme estrangeiro. Para o produtor do filme, Rodrigo Teixeira, diversos elementos qualificam a obra para uma indicação. Ele considera, por exemplo, que o gênero melodrama pode ser um diferencial.
“Acho que o gênero do filme é um ponto positivo. O melodrama conversa muito com o público dos Estados Unidos. É um clássico também do cinema norte-americano”, disse à Agência Brasil.
O filme é baseado no livro A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha, e conta a história de duas irmãs que vivem sob um rígido regime patriarcal, o que faz com que elas trilhem caminhos distintos. A estreia nos cinemas brasileiros está marcada para o dia 31 de outubro. Nesta terça-feira (17), ele será exibido em sessão gratuita na abertura Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte (CineBH), que chega à sua 13ª edição propondo uma reflexão [link 2 sobre o sucesso internacional dos filmes brasileiros.
Em maio, A Vida Invisível foi premiado na mostra Um certo olhar, que integra o prestigiado Festival de Cannes, na França. Para Rodrigo, essa conquista coloca o filme diretamente como elegível para disputar um Oscar. Além disso, a carreira sólida e reconhecida internacionalmente do diretor Karim, que está em seu sétimo longa-metragem, também contribui para a indicação.
A cerimônia do Oscar está agendada para o dia 9 de fevereiro. O anúncio dos filmes estrangeiros finalistas ao Oscar será no dia 13 de janeiro. A última vez que uma produção brasileira concorreu na categoria foi em 1999, com Central do Brasil, de Walter Salles. O filme contava com a participação da atriz Fernanda Montenegro, que concorreu ao Oscar de melhor atriz naquele ano.
Esse é outro diferencial que pode influenciar na escolha de A Vida Invisível, na visão de Rodrigo Teixeira. O elenco do filme também conta com a presença de Fernanda Montenegro. “A sua participação coloca um selo no nosso filme. É a maior atriz do cinema brasileiro, uma artista que é unanime e engrandece qualquer obra em que esteja presente”.
A produtora RT Features, responsável pelo filme, vem desenvolvendo uma campanha em busca da indicação. Com o objetivo de figurar entre os cinco, uma equipe está em turnê pelos Estados Unidos, em viagens de apresentação e lobby. Está nos planos a promoção de sessões para os integrantes da Academia do Oscar em cidades onde estão o maior número de votantes. A campanha mira também o circuito de festivais norte-americanos.
“Posso afirmar que a RT Features está inserida no mercado americano, com diversos longa-metragens produzidos e premiados. Em 2018, fomos a única produtora com três filmes no Independent Spirit Awards. Nesse mesmo ano, trabalhei conjuntamente com os outros produtores na campanha do Oscar do Me Chame Pelo Seu Nome e pude acompanhar de perto esse processo. Essa experiência também é um ponto positivo. E, além disso, um dos pontos mais importantes de uma campanha para o Oscar é a distribuidora norte-americana. E a Amazon, que irá distribuir o filme nos Estados Unidos, tem olhado com muita atenção para essa premiação”, disse Rodrigo.
Edição: Fernando Fraga