A combinação de dedicação, conhecimento e laços sólidos dos servidores da Unidade Básica de Saúde (UBS) Platão Araújo, da Prefeitura de Manaus, com a comunidade do Lago do Puraquequara, na zona Leste, se tornou referência no trabalho do Sistema Único de Saúde (SUS), realizado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) na capital amazonense. Os atendimentos a moradores das áreas urbana e ribeirinha mostram que a atenção integral à saúde é uma realidade possível e transformadora, quando feita com amor e senso de comunidade.
“Avançamos muito na qualidade dos servidos de saúde oferecidos pelo município nos últimos anos. Novas unidades, mais serviços e, claro, que tudo isso só se torna possível com a dedicação dos servidores da Semsa. Agradeço o empenho de cada um deles que têm contribuído para levarmos mais qualidade no atendimento ao povo de Manaus”, destaca o prefeito Arthur Virgílio Neto.
Médico da UBS Platão Araújo, Alexandre David Júnior conta que já está há pelo menos 17 anos na unidade, tanto que já atende a segunda geração de usuários da UBS. “Conheço os moradores dessa área desde pequenos, quando vieram se consultar comigo pela primeira vez. Agora, os meninos e meninas cresceram e eu estou cuidando da gravidez e dos filhos deles”, lembra.
Essa permanência é uma das recomendações da Estratégia Saúde da Família do SUS, que preconiza a formação de vínculos das equipes de saúde com suas comunidades. “É bem diferente o ritmo de trabalho. Parece mais uma cidade do interior do que aquilo que costumamos ver na área mais central da cidade. E é justamente isso o que me faz gostar mais de trabalhar nessas localidades”, conta o médico. “Já trabalhei em unidades na Compensa, na Redenção e no Monte Sinai, mas na Platão, encontrei um ambiente muito acolhedor, no qual nos conhecemos e somos muito bem recebidos por todos”, assegura.
A administradora hospitalar Vânia Paiva, servidora da Semsa há 15 anos, está há quase três na direção da unidade. Para ela, esse laço com a comunidade é um diferencial do trabalho da ‘Platão’. “A confiança que se construiu entre a nossa equipe e os moradores é total. Também temos desenvolvido vários trabalhos em parceria com as lideranças comunitárias. É uma oportunidade fantástica para a troca de conhecimentos e trabalho em equipe”, garante.
Entre os projetos desenvolvidos na comunidade está o “Alegria de Viver”, que acontece todas as quartas e sextas-feiras. Nele, a equipe da UBS convida os idosos que moram nas imediações para uma série de atividades de promoção da saúde. “Também tivemos, recentemente, o ‘Amigos da Natureza’, por meio do qual a equipe, junto a lideranças comunitárias, realizou uma grande coleta de resíduos nas ruas do bairro”, conta a diretora da UBS.
Ribeirinhos
Localizada no bairro Puraquequara, a Platão Araújo foi construída próximo ao lago que dá nome ao bairro, onde existem várias comunidades de ribeirinhos. De forma diferenciada das outras Unidades Básicas de Saúde de Manaus, a ‘Platão’ oferece atendimento a dois públicos: o urbano, que mora nas ruas e quadras próximas à unidade, e o ribeirinho, aquele que habita os vários assentamentos ao longo da extensão do lago.
Mas o diferencial é a oferta de ações de saúde para a população ribeirinha moradora do lago. Todas as terças-feiras, a prioridade dos atendimentos na unidade é para esse público: consultas médicas, de enfermagem e odontologia, procedimentos como nebulização e vacina, são voltados a quem precisou se deslocar até a área urbana para recebê-los.
Às quartas-feiras, dois Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), que também têm uma longa história na unidade por serem moradores do local – Maria Raimunda Matos e Raimundo Cavalcante dos Santos –, juntamente com a enfermeira da UBS, Rilzabete Souza, embarcam na lancha usada pelo setor de Controle de Endemias para percorrer as comunidades e levar medicamentos aos ribeirinhos.
São, ao todo, oito comunidades cobertas pela equipe – Mainã, Caraipé, Boa Vista, Ilha Santa Luzia, Floresta, Ipiranga, João Paulo e a homônima Lago Puraquequara. Somadas todas as ocupações, são atendidas cerca de 200 famílias formadas, em sua maioria, por pescadores e pequenos agricultores, que subsistem da própria produção e eventualmente a comercializam.
O empenho da equipe da UBS Platão Araújo produziu uma melhora efetiva na vida dessas pessoas, como conta dona Maria Alves Bragança, que, do alto de seus 80 anos, continua extremamente ativa como caseira em um sítio na Ilha Santa Luzia. “Graças a eles, eu nunca precisei ir a um hospital. Eles vêm trazer meus remédios para diabetes e hipertensão, e sempre estão voltando para ver como eu estou”, conta. No dia da visita, além de receber os remédios, dona Maria também fez testagem de glicemia e passou por exame com Doppler (uma espécie de ultrassom portátil, usado para avaliar a circulação sanguínea nas pernas de pacientes com diabetes).
O ribeirinho Francisco Carlos Oliveira Rodrigues, de 60 anos, também acredita que a existência da UBS Platão Araújo impacta positivamente a vida dos comunitários. “Eles poderem vir examinar a gente, trazer remédio, acompanhar a gente de perto, passar esse conhecimento todo, é muito bom pra nossa comunidade”, afirma.
Realidade local
Os profissionais da Platão Araújo não fazem só o acompanhamento clínico e a entrega dos remédios a seus usuários. Eles também conhecem e participam ativamente da vida dos comunitários, e têm muito a compartilhar e ensinar.
A enfermeira Rilzabete, por exemplo, é uma grande conhecedora de plantas medicinais, capaz de identificar, em cada local visitado, quais as espécies presentes que podem ser utilizadas pelos moradores para curar eventuais agravos – o que é não apenas um aproveitamento inteligente e acessível dos recursos da floresta, como também uma forma de promover educação em saúde a partir da realidade dos ribeirinhos e dos conhecimentos tradicionais.
“Sempre há de dez a 15 benefícios em cada planta, o que, infelizmente, ainda é um conhecimento ignorado pela maioria das pessoas. Com os usuários da UBS eu recomendo muito, por exemplo, o uso do abacaxi, que é bastante comum em feiras, e muito consumido pelos moradores. O abacaxi pode ser usado para substituir a amoxicilina e o ibuprofeno, por exemplo, em alguns caos”, explica.
Texto – Renildo Rodrigues / Semsa
Fotos – Divulgação / Semsa
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHsmGcPkR4
Prefeitura garante atendimento às comunidades ribeirinhas do Puraquequara Prefeitura Municipal de Manaus.