Para evitar recaídas, compense a ansiedade decorrente da abstinência com atividades que proporcionem prazer, como exercícios físicos
Muita gente pensa que, ao parar de fumar, vai acabar engordando. De acordo com a cardiologista Jacqueline Scholz, no entanto, isso só acontece quando o fumante para sem ajuda de medicamentos específicos para controlar a ansiedade decorrente da abstinência.
“A maior parte de pessoas que para de fumar faz isso por conta própria. Para lidar com a ansiedade, passam a comer mais”, explica Scholz.
Segundo a cardiologista, uma pessoa em abstinência pode ganhar de 10 a 15 kg em um período de cinco a dez anos. Há, porém, como frear esse ganho de peso. “Quando um paciente é tratado com medicamentos para parar de fumar o ganho de peso é amenizado, já que isso só vem em função de um sintoma produzido pela ansiedade”, completa.
De acordo com a psicóloga e especialista no assunto Ivone Charran, aproximadamente 5% dos fumantes conseguem abandonar o cigarro sozinhos, sem tratamento ou acompanhamento médico. “O restante, ou 95%, precisam de ajuda especializada”, afirma.
A nicotina é uma droga capaz de melhorar a concentração e os fumantes podem sentir que se acalmam ao fumar. Jacqueline alerta: “Pessoas que param de fumar sem uma assistência adequada podem ficar deprimidas ou extremamente ansiosas. Isso faz com que voltem a fumar e achem que não é possível conseguir parar.”
O fumo é comprovadamente a maior causa de morte evitável no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 6 milhões de pessoas morrem em todo o mundo em decorrência do consumo de tabaco.
“O tabaco mata mais que todas as outras drogas juntas”, garante o psiquiatra Montezuma Pimenta Ferreira, do Ambulatório de Tabagismo do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Sem contar, é claro, que muitas vezes essa dependência anda de mãos dadas com outras, como alcoolismo e o vício em outras drogas”, completa.
Para evitar recaídas, troque o cigarro por algo que proporcione prazer, como atividades físicas. Elas serão capazes de melhorar a qualidade de vida e atuam como válvula de escape.
Pedro Dias Nogueira, por exemplo, é consultor financeiro e afirma não fumar constantemente. “Fumo casualmente, geralmente quando consumo bebidas alcoólicas. Porém, estou tentando parar já faz algum tempo. Reconheço que é muito difícil – principalmente em momentos de estresse profundo, seja no trabalho, em casa ou na vida afetiva”, relata.