Treinador não esconde a ansiedade pela final, mostra orgulho pelos mais de 20 meses de Inter e relembra trajetória de 10 anos até a consolidação como técnico
O Internacional está na grande decisão da Copa do Brasil 2019. Este momento é bastante especial para o torcedor clube gaúcho. Embora esteja acostumado com glórias, o colorado viveu um drama recente: a queda para Série B do Campeonato Brasileiro em 2016. Três anos depois, o Inter surge com chance de título nacional. Esta reconstrução do “Campeão de tudo” passa muito por um personagem: Odair Hellmann.
O profissional assumiu o cargo de treinador do Internacional na reta final de 2017, pegando os últimos três jogos do time na Segunda Divisão. A diretoria acabou dando uma chance para o então interino e ele já está há mais de 20 meses no cargo, sendo o técnico mais longevo do clube em 40 anos. Odair conquistou com o Colorado uma vaga na Libertadores na temporada de retorno à Série A e, no ano seguinte, pode colocar a cereja no bolo deste grande momento com a conquista da Copa do Brasil. Em entrevista exclusiva ao site da CBF, o “Papito”, como é conhecido no meio do futebol, não esconde a ansiedade pelo jogo.
– Os últimos dias têm tido 48 horas cada. O horário no campo da imaginação, da visualização, parece ser mais longo. Mas eu tenho feito o que fiz até agora, acordo cedo, venho trabalhar com muita alegria, venho fazer as coisas que nos trouxeram até aqui. Então, precisamos continuar fazendo, ficando atentos aos detalhes, às situações. É a última partida de uma decisão. Queremos estar bem concentrados em todos os detalhes. Você fica refletindo, mas estou bem, preparado para o jogo – declarou.
Os feitos citados acima enchem Odair e os colorados de orgulho. Aliás, se tem algo que treinador pode ser chamado é de torcedor do Internacional. Ele começou a carreira como jogador no clube e, quando decidiu que iria para a beira do campo, foi no Beira-Rio que deu os primeiros passos. Por isso, a chance de conquistar a Copa do Brasil 2019 é encarada por ele como uma coroação do trabalho.
– A gente sabe da dificuldade que os treinadores brasileiros têm para se manter no cargo, pois dependem muito de resultado. A gente tem conseguido aqui, com trabalho muito forte, se manter e agora estamos em uma final, fomos para uma final de Gauchão, classificamos em terceiro no Campeonato Brasileiro do ano passado, estamos entre os primeiros neste primeiro turno e é claro que um título é importante para todos os profissionais e para mim também. Não só pela caminhada, não só pela cereja do bolo, mas porque é importante para todos. Eu me sinto muito feliz e muito honrado pela oportunidade. Um profissional da casa receber a oportunidade de ser treinador, é muita honra. Assumi o Inter no momento mais complicado da história do clube mas, graças a Deus, conseguimos essa reconstrução em um tempo bem curto. Isso é bom para o torcedor, para os profissionais, para a sequência da história do clube, que é de títulos. E é assim que o Internacional deve estar, entre os primeiros – acrescentou.
Neste ano de 2019 o maior trauma da vida de Odair completa dez anos. O então jogador estava presente no trágico acidente de ônibus da equipe do Brasil de Pelotas, que deixou três vítimas fatais. A carreira como atleta acabou tendo de ser abreviada por conta do desastre. Uma década depois o profissional se vê consolidado novamente no futebol em uma nova função. Ele conta um pouco do filme que passa em sua cabeça quando olha para trás e lembra de tudo o que viveu.
– Foram dez anos, né? As coisas não acontecem do dia para a noite, então tem que ter muita paciência, muito apoio da família, dos amigos, muito suor, transpiração e acreditar muito no seu trabalho. Foi assim que aconteceu. O primeiro passo foi em 2009, nas avaliações técnicas no Inter, no ano seguinte já no Juniores, depois auxiliar no profissional… As coisas foram acontecendo gradativamente para que eu pudesse me preparar e ficar cada vez melhor, viver as experiências com os profissionais que passaram por aqui, que me enriqueceu muito, e para que quando eu tivesse a oportunidade estivesse preparado. Como eu falo, temos que estar sempre abertos a situações novas, sempre aprendendo. Principalmente eu, que estou com dois anos de carreira como treinador. Me tornarei melhor como treinador através das experiências do dia a dia, das situações que vão me fortalecer, me ensinar e eu vou estar cada vez mais aberto a essas oportunidades para melhorar sempre como profissional – destacou.
A bola rola para a decisão entre Internacional e Athletico Paranaense às 21h30 desta quarta-feira (18), no Beira-Rio, em Porto Alegre (RS). O Colorado precisa vencer por um gol de diferença para levar a decisão para os pênaltis e por dois para ficar com o título. Como venceu o duelo de ida por 1 a 0, o Furacão tem a vantagem do empate para conquistar o troféu, que seria inédito em sua história.