Orlando Xavier, 17, conclui ainda em 2018 o ensino médio técnico na Escola Agrícola Rainha dos Apóstolos, localizada no km 23 da BR 174. A turma dele foi uma das convidadas para prestigiar a 6ª Edição da Feira de Anatomia Animal, evento promovido pelos calouros do curso de Zootecnia com a parceria dos discentes do curso de Engenharia de Pesca, ambos abrigados na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (FCA/Ufam). O evento ocorreu na tarde de hoje, 25, no Hall da FCA, setor Sul do Campus Sede.
O finalista da educação básica não tem dúvida quanto a que área ele seguirá na faculdade: “Eu gosto das Ciências Agrárias e pretendo fazer o Enem e concorrer pelo SISU [Sistema de Seleção Unificada] para o curso de Agronomia na Ufam”. Orlando já está familiarizado com o termo Osteologia – estudos dos ossos, o tema da Feira que ele visita pela primeira vez. “Temos aulas práticas sobre bovinos, peixes e aves, mas eu nunca tinha ido a uma exposição”, revela.
“Esta é uma atividade dos cursos de Zootecnia e de Engenharia de Pesca. Eu já conversei com alguns alunos, e é interessantíssima a demonstração de conhecimentos cada vez mais profundos da área que estudam. Isso é a prática da teoria que eles já aprenderam na sala de aula e se torna uma motivação a mais para que eles concluam seus cursos”, elogia o vice-reitor da Ufam, professor Jacob Cohen, que representou a Administração Superior no evento.
“Nós queremos formar profissionais ainda mais preparados. É a Zootecnia que cuida da parte de alimentação e vivência e a Engenharia de Pesca, que nos dá a tecnologia que permite multiplicar a nossa vocação principal”, afirmou o vice-reitor, ao mencionar o tema do empreendedorismo, que ganha cada vez mais força entre os egressos dessas áreas, e da tecnologia. “Através dessas duas vertentes é que podemos melhorar a qualidade de vida da nossa população e a qualidade dos nossos projetos de pesquisa”, apontou o professor Cohen.
Intercâmbio de conhecimento
A crescente presença de público externo à Ufam é um dos resultados mais interessantes da Feira, conforme aponta a coordenadora do evento, professora Roseane Oliveira, para quem esta é uma oportunidade de apresentar o que a universidade tem desenvolvido. “Estamos na sexta edição da feira, que é uma metodologia ativa da disciplina de Anatomia Animal, além de ajudar a reduzir a evasão, contribui com a nossa taxa de sucesso… Hoje, o curso de Zootecnia é nota cinco no Enade [Exame Nacional de Desempenho de Estudantes]”, relatou a docente.
Ainda segundo a professora Roseane, o primeiro momento é aprender teoricamente sobre as estruturas e as particularidades das espécies, na sala de aula. Já a exposição é a forma de transmitir esses conhecimentos para a sociedade, para os acadêmicos da Ufam, de outras universidades e ainda os alunos finalistas do Ensino Médio. “É desafiador para os nossos discentes, que buscam as informações e as curiosidades enquanto se preparam para a feira”, frisou a professora Roseane Oliveira, reconhecendo o mérito do trabalho da turma.
Espécies amazônicas
A Feira funciona assim: a turma é dividida em grupos e cada equipe escolhe um animal para pesquisar e apresentar sobre, dando ênfase para a parte de formação óssea, mas podendo abordar sobre outros aspectos. A equipe formada por Yasmin Moreira, Amanda Moraes, Patrícia Oliveira, Yana Lins, Emilly Cordeiro, Mikaela Cirstina e Felipe Tavares aceitou o desafio de falar sobre o peixe-boi. “É importante mencionar que o zootecnista também cuida da parte de bem-estar animal dessas espécies. Em relação à pesquisa, a Ufam tem importantes parcerias com o Inpa [Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia]”, disseram os expositores.
O boto cor-de-rosa e o boto tucuxi, os dois presentes na Bacia Amazônica, foram tratados por outro grupo, cujos nomes científicos são sotalia fluviatilis e inia geoffrensis respectivamente. “Além de serem comuns nessa parte do Brasil, também aparecem no Peru, na Colômbia e no Equador. O boto do litoral é do mesmo gênero que o boto cinza, cujo nome científico é sotalia guianensis, que é aquele que aparece, por exemplo, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro”, explicam os discentes de Zootecnia.
Ainda segundo os estudantes, os botos da Amazônia chegam a medir 2 metros – os machos, enquanto as fêmeas têm cerca de um metro e meio. “Eles se alimentam de pequenos peixes e caçam em grupos, como uma estratégia de encurralar as presas. Hoje, as principais ameaças para esses animais são os choques com embarcações de pesca e a captura com redes, que os pescadores afirmam ser acidental”, explicaram os calouros Jhade Fernandes, Elizabeth da Silva, Bárbara Araújo, Jesiane Vanessa, Juliane Beltrão, Jamyle Cunha e Bianca Rodrigues.